segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MALANDRO SEU ZÉ PILINTRA







PONTO RISCADO PARA QUEM FAZ USO .



(Scox) - Zé Pelintra é um espirito desencarnado há muitas décadas, que teve a missão do plano espiritual de trabalhar para a prática da caridade e para o progresso da humanidade. Seu Zé, desenvolve seus trabalhos espirituais dentro da ritualística umbandista e também no Catimbó Nordestino.

Zé Pelintra, surgiu na Umbanda, primeiramente nas giras de Exú, firmando seu ponto e seu reinado como Exú Zé Pelintra. Mais tarde, passou a integrar também a linha dos baianos, em homenagem as suas manifestações no Catimbó do Nordeste Brasileiro.

Características

Arma Trabalha muito com bonecos, agulhas, cocos, pemba, ervas, frutas, frango, velas, etc..
Bebida A direita, bebe marafo, batidas e pinga de coquinho, pela esquerda, marafo, conhaque e uísque
Fuma A direita, fuma cigarros ou cigarilhas, pela esquerda fuma charutos
Guia podem ser de vários tipos, desde coquinhos com olho de cabra até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.
Indumentária Calça branca, sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, sua gravata vermelha, seu chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e finalmente sua bengala.
Lugar Seu ponto de força é na porta do cemitério, pois ele trabalha muito com as almas, assim como é de característica na linha dos Pretos-Velhos e Exús. Sua imagem fica sempre na porta de entrada no terreiro, pois ele é quem toma conta das portas, das entradas, etc..
Existem diferenças entre Umbanda e Catimbó.

A Umbanda é uma religião Brasileira, possui um pouco de Catolicismo, Espiritismo, Pajelança e culto aos Orixás. Tem manifestaçoes de pretos velhos, caboclos, baianos, marinheiros, boiadeiros e exús.

O catimbó é um culto regional do Nordeste, onde existem manifestações de espiritos que viveram principalmente naquela região do Brasil, e que são chamados de Mestres Catimbozeiros. Seu Zé Pelintra, assim como outros guias que trabalham no Catimbó, trabalham também na umbanda. Em alguns lugares, sobretudo São Paulo, manifesta-se como Baiano. No Rio de Janeiro é cultuado como Exu e por vezes Malandro.

No Catimbó ele é Mestre, e por ser uma entidade diferente das que são cultuadas na umbanda, ele não trabalha numa linha específica, porém, sua participação mais ativa seria na gira de baianos, exus e, em raros casos, pretos velhos. Seu Zé pode aparecer, portanto, em qualquer linha de gira, desde que seu trabalho seja realmente necessário.

Apesar de ser um espírito "boêmio", "malandro" e brincalhão, este ente de luz, trabalha com seriedade e mesmo com a fama que possui, de beberrão, não é bem assim que as coisas funcionam. Seu Zé, exige muito de seus médiuns, por seriedade, responsabilidade e outras virtudes e é o primeiro guia que se afasta do médium quando este não segue seus conselhos e não adota a boa moral e conduta pregada por ele, ou seja, um "cavalo de Seu Zé", deve ser honesto, trabalhar com firmeza para o bem, para a caridade, não pode ser adúltero, beberrão, pois ele não admite isso de seu médium.

História

José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Os policiais já sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sózinhos, sempre em grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das pendengas em que se envolviam.

Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso, principalmente com as mulheres, as quais tratava como rainhas.

Sua vida era a noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida, a farra, as mulheres e por que não, as brigas. Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os incautos, estes sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse dar uns cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, os que se achavam mais capazes no manuseio das cartas e dos dados, a estes enganava o quanto podia e os considerava os verdadeiros otários. Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando as apostas ainda eram baixas e os limpando completamente ao final das partidas. Isso bebendo aguardente, cerveja, vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.

O encontro Zé Pilintra e Lampião

Um dia desses, passeando por Aruanda, escutei um conto muito interessante. Uma história sobre o encontro de Zé Pelintra com Lampião.

Dizem que tudo começou quando Zé Pelintra, malandro descolado na vida, tentou aproximar - se de Maria Bonita, pois a achava uma mulher muito atraente e forte, como ele gostava. Virgulino, ou melhor, Lampião, não gostou nada da história e veio tirar satisfação com o Zé:

- Então você é o tal do Zé Pelintra? Olha aqui cabra, devia te encher de bala, mas não adianta.Tamo tudo morto já! Mas escuta bem, se tu mexer com a Maria Bonita de novo, vou dá um jeito de te mandar pro inferno.

- Inferno? Hahahaha, eu entro e saiu de lá toda hora, num vai ser novidade nenhuma pra mim!_ respondeu o malandro _ Além do mais, eu nem sabia que a gracinha da "Maria" tinha um "esposo"! Então é por isso que ela vive a me esnobar!

- Gracinha? Olha aqui cabra safado, tu dobre a língua pra falar dela, se não tu vai conhecer quem é Lampião! _ disse Virgulino puxando a peixeira, já que não era e nunca seria, um homem de muita paciência.

- Que isso homem, tá me ameaçando? Você acha que aqui tem bobo?_ e Zé Pelintra estralou os dedos, surgindo toda uma falange de espíritos amigos do malandro, afinal ele conhecia a fama de Lampião e sabia que a parada era dura.

Mas Lampião que também tinha formado toda uma falange, ou bando, como ele gostava de chamar, assoviou como nos tempos de sertão e toda um "bando" de cangaceiros chegaram para participar da briga. A coisa parecia já não ter jeito, quando um espírito simples, com um chapéu na cabeça, uma camisa branca, cabelos enrolados, chegou dizendo:

- Oooooooxxxxxx! Mas o que que é isso aqui? Compadre Lampião põe essa peixeira na bainha! Oxente Zé, tu não mexeu com Maria Bonita de novo, foi? Mas eu num tinha te avisado, ooooxx, recolhe essa navalha, vamo conversar camaradas.

- Nada de conversa, esse cabra mexeu com a minha honra, agora vai ter! - Disse Lampião enfurecido!

- To te esperando olho de vidro! - respondeu Zé Pelintra.

- Pera aí! Pela amizade que vocês dois tem por mim, "Severino da Bahia", vamo baixar as armas e vamo conversar, agora!

Severino era um antigo babalorixá da Bahia, que conhecia os dois e tinha muita afeição por ambos. Os dois por consideração a ele, afinal a coisa que mais prezavam entre os homens era a amizade e lealdade, baixaram as armas. Então Severino disse:

- Olha aqui Zé, esse é o Virgulino Ferreira da Silva, o compadre Lampião, conhecido também como o "Rei do Cangaço". Ele foi o líder de um movimento, quando encarnado, chamado Banditismo ou Cangaço, correndo todo o sertão nordestino com sua revolta e luta por melhores condições de vida, distribuição de terras, fim da fome e do coronelismo, etc. Mas sabe como é, cometeu muitos abusos, acabou no fim desvirtuando e gerando muita violência.

- É, isso é verdade. Com certeza a minha luta era justa, mas os meios pelo qual lutei não foram, nem de longe, os melhores. Tem gente que diz que Lampião era justiceiro, bem.Posso dizer que num fui tão justo assim_ disse Lampião assumindo um triste semblante.

- Eu sei como é isso. Também fui um homem que lutou contra toda exploração e sofrimento que o pobre favelado sofria no Rio de Janeiro. Nasci no Sertão do Alagoas, mas os melhores e piores momentos da minha vida foram no Rio de Janeiro mesmo. Eu personificava a malandragem da época. Malandragem era um jeito esperto, "esguio", "ligeiro", de driblar os problemas da vida, a fome, a miséria, as tristezas, etc. Mas também cometi muitos excessos, fui por muitas vezes demais violento e, apesar de morrer e terem me transformado em herói, sei que não fui lá nem metade do que o povo diz_ dessa vez era Zé Pelintra quem perdia seu tradicional sorriso de canto de boca e dava vazão a sua angústia pessoal.

- Ooxx, tão vendo só, vocês tem muitas semelhanças, são heróis para o povo encarnado, mas, aqui, pesando os vossos atos, sabem que não foram tão bons assim. Todos têm senso de justiça e lealdade muito grande, mas acabaram por trilhar um caminho de dor e sangue que nunca levou e nunca levará a nada.

- É verdade, bem, acho que você não é tão ruim quanto eu pensava Zé. Todo mundo pode baixar as armas, de hoje em diante nós cangaceiros vamo respeitar Zé Pelintra, afinal, lutou e morreu pelos mesmos ideias e com a mesma angústia no coração que nós!

- O mesmo digo eu! Aonde Lampião precisar Zé Pelintra vai estar junto, pois eu posso ser malandro, mas não sou traíra e nem falso. Gostei de você, e quem é meu amigo eu acompanho até na morte.

- Oooooxxxxx! Hahahaha, mas até que enfim! Tamo começando a nos entender. Além do mais, é bom vocês dois estarem aqui, juntos com vossas falanges, porque eu queria conversar a respeito de uma coisa! Sabe o que é.

E Severino falou, falou e falou. Explicando que uma nova religião estava sendo fundada na Terra, por um tal de Caboclo das Sete Encruzilhadas, uma religião que ampararia todos os excluídos, os pobres, miseráveis e onde todo e qualquer espírito poderia se manifestar para a caridade. Explicou que o culto aos amados Pais e Mães Orixás que ele praticava quando estava encarnado iria se renovar, e eles estavam amparando e regendo todo o processo de formação da nova religião, a Umbanda.

- .é isso! Estamos precisando de pessoas com força de vontade, coragem, garra para trabalhar nas muitas linhas de Umbanda que serão formadas para prestar a caridade. E como eu fui convidado a participar, resolvi convidar vocês também! Que acham?

- Olha, eu já tenho uma experiência disso lá no culto a Jurema Sagrada, o Catimbó! Tô dentro, pode contar comigo! Eu, Zé Pelintra, vou estar presente nessa nova religião chamada Umbanda, afinal, se ela num tem preconceito em acolher um "negô" pobre, malandro e ignorante como eu, então nela e por ela eu vou trabalhar. E que os Orixás nos protejam!

- Bem, eu num sô homem de negar batalha não! Também vou tá junto de vocês, eu e todo o meu bando. Na força de "Padinho" Cícero e de todos os Orixás, que eu nem conheço quem são, mas já gosto deles assim mesmo.

E o que era pra transformar - se em uma batalha sangrenta acabou virando uma reunião de amigos. Nascia ali uma linha de Umbanda, apadrinhada pelo baiano "Severino da Bahia", pelo malandro mestre da Jurema "Zé Pelintra" e pelo temido cangaceiro "Lampião".

Junto deles vinham diversas falange. Com o malandro Zé Pelintra vinham os outros malandros lendários do Rio de Janeiro com seus nomes simbólicos: "Zé Navalha", "Sete Facadas", "Zé da Madrugada", "7 Navalhadas", "Zé da Lapa", "Nego da Lapa", entre muitos e muitos outros.

Junto com Lampião vinha a força do cangaço nordestino: Corisco, Maria Bonita, Jacinto, Raimundo, Cabeleira, Zé do Sertão, Sinhô Pereira, Xumbinho, Sabino, etc.

Severino trazia toda uma linha de mestres baianos e baianas: Zé do Coco, Zé da Lua, Simão do Bonfim, João do Coqueiro, Maria das Graças, Maria das Candeias, Maria Conga, vixi num acaba mais.

Em homenagem ao irmão Severino, o intermediador que evitou a guerra entre Zé Pelintra e Lampião, a linha foi batizada como "Linha dos Baianos", pois tanto Severino como seus principais amigos e colaboradores eram "Baianos".

E uma grande festa começou ao som do tambor, do pandeiro e da viola, pois nascia ali a linha mais alegre, mais divertida e "humana" da umbanda. Uma linha que iria acolher a qualquer um que quisesse lutar contra os abusos, contra a pobreza, a injustiça, as diferenças sociais, uma linha que teria na amizade e no companheirismo sua marca registrada. Uma linha de guerreiros, que um dia excederam - se na força, mas que hoje lutavam com as mesmas armas, agora guiados pela bandeira branca de Oxalá.

E, de repente, no meio da festa, raios, trovões e uma enorme tempestade começaram a cair. Era Iansã que abençoava todo aquele povo sofrido e batalhador, igualzinho ao povo brasileiro. A Deusa dos raios e dos ventos acolhia em seus braços todas aqueles espíritos, guerreiros como ela, que lutavam por mais igualdade e amor no nosso dia - dia.

E assim acaba a história que eu ouvi, diretamente de um preto-velho, um dia desses em Aruanda. Dizem que Zé Pelintra continua tendo uma queda por "Maria Bonita", mas deixou isso de lado devido ao respeito que tem pelo irmão Lampião. Falam, ainda, que no momento ele "namora" uma Pombagira, que conheceu quando começou a trabalhar dentro das linhas de umbanda. Por isso é que ele "baixa", às vezes, disfarçado de Exú.

"Oxente eu sou baiano, oxente baiano eu sou

Oxente eu sou baiano, baiano trabalhador

Venho junto de Corisco, Maria Bonita e Lampião

Trabalhar com Zé Pelintra

Pra ajudar os meus irmãos.!"

Pontos Cantados

Com seu chapéu de palha
E seu lenço no pescoço
Zé Pilintra veio a terra
E me deu boa noite moço


O Zé quando for na lagoa
Toma cuidado com o balanço da canoa
O Zé faça tudo o que quiser
Mas não machuque o coração dessa mulher


O Zé, Zé Pilintra enganador
Enganou a jovem com palavras de amor
Não foi eu, foi ela,
Foi ela quem me enganou
Eu passava ela dizia Zé Pilintra meu amor.


Seu Zé Pilintra não teve pai
Seu Zé Pilintra não teve mãe
Ele foi criado por Ogum Beira-Mar
Na fé de Zambi e de todos os Orixás


De terno branco
Seu punhal de aço puro
O seu ponto é seguro
Quando vem pra trabalhar
Segura o nêgo,
Que esse nêgo é Zé Pilintra
Na descida do morro ele vem trabalhar


Seu Zé Pilintra
Boêmio da madrugada
Na linha das almas
E também da encruzilhada


Tava em cima do muro
Fumando um bagulho
O moleque chegou
Vinha correndo e gritando
Sai daí Zé Pilintra
A polícia chegou
Deu pancadaria, deu confusão
Saí correndo,
Deixei meu bagulho no chão


Venha cá Seu Zé, venha me valer
Sem sua ajuda eu não posso viver
Ô Seu Zé, auê, o Seu Zé, auá
Ele vem aqui, não se esquece de voltar


Meu Senhor não maltrate esse nêgo
Esse nêgo caru me custou
Ele usa camisa listrada
Calça de veludo e anel de doutor
Esse nego é doutor, é sim senhor

Oferendas

Embora Zé Pilintra não seja um Exú, a liturgia do seu culto se aproxima muito deste, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por isso lhe são oferecidos padês de dendê, cachaça e charutos, maços de cigarros, farofa de linguiça num alguidar de barro com pequenos dados ou um baralho colocados por cima.

A oferenda mais comum no Catimbó é o cuscuz de peixe, bebida das folhas da jurema preta, milho, gengibre e rapadura, que, segundo dizem, têm qualidades afrodisíacas.

Segundo algumas culturas antigas, o quarto de lua também influencia a eficácia dos trabalhos e rituais. Portanto, deve-se observar os seguintes preceitos quando às oeferendas e despachos.

Quarto Minguante - Período próprio para o despachp das forças negativas e rituais de limpeza
Quarto Crescente - Fase indicada para o aumento das boas energias, tonificação do mental e espiritual.
Lua Cheia - Ideal para o incremento das energias positivas, crescimento e fortalecimento da segurança e aumento da prosperidade.
Lua Nova - O mais poderoso de todos os quartos de lua. É quando todas as potencialidades estão em um período neutro, podendo energizar tanto o lado benéfico como o maléfico das forças da natureza. Por ser um período de junção, este período é também o mais perigoso. Muito cuidado deve ser tomado nos trabalhos de magia neste período.
No catimbó, ainda existem outras oferendas típicas da cultura indígena, como a farofa de banana e uma bebida fermentada chamada cauim, feita de aguardente e ervas silvestres.

Um comentário:

  1. Adorei a página, sou muito devota à seu Zé Malandro. Ele sempre me ajuda quando preciso, quando estou na pior. Saravá seu Zé Pelintra!!

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