segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ONILÉ. O NOSSO PLANETA










Planeta Terra visto da Lua.
(Tambem chamado de BURUKU, SAPATA, INTOTO, OBALUAYE, AJAGUN, AJUNSUN, AZAUANE…)

Onilé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare.
Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém a via. Quase nem se sabia de sua existência. Quando os orixás seus irmãos se reuniam no palácio do grande pai para as grandes audiências em que Olodumare comunicava suas decisões, Onilé fazia um buraco no chão e se escondia, pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa, com muita música e dança ao ritmo dos atabaques.
Onilé não se sentia bem no meio dos outros.
Um dia o grande deus mandou os seus arautos avisarem: haveria uma grande reunião no palácio e os orixás deviam comparecer ricamente vestidos, pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo e depois haveria muita comida, música e dança.
Por todo os lugares os mensageiros gritaram esta ordem e todos se prepararam com esmero para o grande acontecimento.
Quando chegou por fim o grande dia, cada orixá dirigiu-se ao palácio na maior ostentação, cada um mais belamente vestido que o outro, pois este era o desejo de Olodumare.
Iemanjá chegou vestida com a espuma do mar, os braços ornados de pulseiras de algas marinhas, a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas, o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.
Oxóssi escolheu uma túnica de ramos macios, enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais.
Ossaim vestiu-se com um manto de folhas perfumadas.
Ogum preferiu uma couraça de aço brilhante, enfeitada com tenras folhas de palmeira.
Oxum escolheu cobrir-se de ouro, trazendo nos cabelos as águas verdes dos rios.
As roupas de Oxumarê mostravam todas as cores, trazendo nas mãos os pingos frescos da chuva.
Iansã escolheu para vestir-se um sibilante vento e adornou os cabelos com raios que colheu da tempestade.
Xangô não fez por menos e cobriu-se com o trovão.
Oxalá trazia o corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão e a testa ostentando uma nobre pena vermelha de papagaio.
E assim por diante.


Não houve quem não usasse toda a criatividade para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita. Nunca se vira antes tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo.
Cada orixá que chegava ao palácio de Olodumare provocava um clamor de admiração, que se ouvia por todas as terras existentes.
Os orixás encantaram o mundo com suas vestes.
Menos Onilé.

Onilé não se preocupou em vestir-se bem.
Onilé não se interessou por nada.
Onilé não se mostrou para ninguém.
Onilé recolheu-se a uma funda cova que cavou no chão.
Quando todos os orixás haviam chegado, Olodumare mandou que fossem acomodados confortavelmente, sentados em esteiras dispostas ao redor do trono.
Ele disse então à assembléia que todos eram bem-vindos. Que todos os filhos haviam cumprido seu desejo e que estavam tão bonitos que ele não saberia escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo. Tinha todas as riquezas do mundo para dar a eles, mas nem sabia como começar a distribuição.
Então disse Olodumare que os próprios filhos, ao escolherem o que achavam o melhor da natureza, para com aquela riqueza se apresentar perante o pai, eles mesmos já tinham feito a divisão do mundo.
Então Iemanjá ficava com o mar,
Oxum com o ouro e os rios.
A Oxóssi deu as matas e todos os seus bichos, reservando as folhas para Ossaim.
Deu a Iansã o raio e a Xangô o trovão.
Fez Oxalá dono de tudo que é branco e puro, de tudo que é o princípio, deu-lhe a criação.
Destinou a Oxumarê o arco-íris e a chuva.
A Ogum deu o ferro e tudo o que se faz com ele, inclusive a guerra.
E assim por diante.
Deu a cada orixá um pedaço do mundo, uma parte da natureza, um governo particular.
Dividiu de acordo com o gosto de cada um.
E disse que a partir de então cada um seria o dono e governador daquela parte da natureza. Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade relacionada com uma daquelas partes da natureza, deveria pagar uma prenda ao orixá que a possuísse.
Pagaria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa que fosse da predileção do orixá.

E disse que a partir de então cada um seria o dono e governador daquela parte da natureza. Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade relacionada com uma daquelas partes da natureza, deveria pagar uma prenda ao orixá que a possuísse.
Pagaria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa que fosse da predileção do orixá.
Os orixás, que tudo ouviram em silêncio, começaram a gritar e a dançar de alegria,
fazendo um grande alarido na corte.
Olodumare pediu silêncio, ainda não havia terminado.
Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições.
Que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra, o mundo no qual os humanos viviam e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais que deveriam ofertar aos orixás. Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra.
Quem seria? perguntavam-se todos?
"Onilé", respondeu Olodumare.
"Onilé?" todos se espantaram.
Como, se ela nem sequer viera à grande reunião?
Nenhum dos presentes a vira até então. Nenhum sequer notara sua ausência.
"Pois Onilé está entre nós", disse Olodumare e mandou que todos olhassem no fundo da cova, onde se abrigava, vestida de terra, a discreta e recatada filha.
Ali estava Onilé, em sua roupa de terra Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa, o planeta.
Olodumare disse que cada um que habitava a Terra pagasse tributo a Onilé, pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa.
A humanidade não sobreviveria sem Onilé. Afinal, onde ficava cada uma das riquezas
que Olodumare partilhara com filhos orixás?
"Tudo está na Terra", disse Olodumare.
"O mar e os rios, o ferro e o ouro, os animais e as plantas, tudo", continuou.
"Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo existe porque a Terra existe,
assim como as coisas criadas para controlar os homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte".
Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé, foi a sentença final de Olodumare.

Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé, foi a sentença final de Olodumare.
Onilé, orixá da Terra, receberia mais presentes que os outros, pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos, pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.
Onilé, também chamada Aiê, a Terra, deveria ser propiciada sempre, para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído.
Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare.
Todos os orixás aclamaram Onilé.
Todos os humanos propiciaram a mãe Terra.
E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre e deixou o governo de tudo por conta de seus filhos orixás.

sábado, 29 de outubro de 2011

Ilé Axé Oxumarê Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 'Religiões afro-brasileiras'






Casa de Oxumarê
Ilê Oxumarê Araká Axé Ogodô
Candomblé

Princípios Básicos
Deus
Ketu | Olorum | Orixás
Jeje | Mawu | Vodun
Bantu | Nzambi | Nkisi

Templos afro-brasileiros
Babaçuê | Batuque | Cabula
Candomblé | Culto de Ifá
Culto aos Egungun | Quimbanda
Macumba | Omoloko
Tambor-de-Mina | Terecô | Umbanda
Xambá | Xangô do Nordeste
Sincretismo | Confraria

Literatura afro-brasileira
Terminologia
Sacerdotes
Hierarquia

Religiões semelhantes
Religiões Africanas Santeria Palo Arará Lukumí Regla de Ocha Abakuá Obeah



Ilé Axé Oxumarê - Casa de Oxumarê, Sociedade Cultural, Religiosa e Beneficente São Salvador, localizada na Avenida Vasco da Gama, 343, bairro da Federação, antiga Mata Escura, Salvador, Bahia. Foi fundada inicialmente no Calundú do Obitedó, Cachoeira, Recôncavo baiano.
Tombado pelo IPAC - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia em 15/12/2004.[1]
Índice [esconder]
1 História
2 Localização
3 Babalorixás e Iyalorixás
4 Referências
[editar]História

Casa de Oxumarê, Associação Cultural e Religiosa São Salvador - Ilê Oxumarê Araká Axé Ogodô, fundada por Manoel Joaquim Ricardo, Babá Talabi, entre o final do século 18 e inicio do séc.19, tem suas origens ligadas no culto à Ajunsun, praticado no Calundu do Obitedó, em Cachoeira - Ba. É considerada uma das casas mais antigas de candomblé abertas em Salvador. Localizada, atualmente, no bairro da Federação, com acesso também pela Av. Vasco da Gama, a Casa de Oxumarê foi reconhecida como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC, em 15 de dezembro de 2004.
[editar]Localização

A Casa de Oxumarê já teve o seu axé fincando em diversos locais. Inicialmente, entre os séculos XVIII e XIX, Manoel José Ricardo, Babá Talabi realiza o culto a Ajunsun, no Calundu do Obitedó, na cidade de Cachoeira, Bahia. Este é o marco de fundação da Casa de Oxumarê. Em 1830, registros documentais comprovam que a Casa de Oxumarê já realizava as suas atividades religiosas no bairro da Cruz do Cosme (atual bairro do Pau Miúdo), em Salvador. Para fugir das constantes perseguições, Antônio de Oxumarê transfere o Axé da Casa para o, então distante, bairro da Mata Escura, atual bairro da Federação.
As mudanças de locais de funcionamento da Casa de Oxumarê são fruto da sua resistência e a busca de assegurar a integridade dos seus filhos e filhas de santo. Contabilizando o seu nascimento no Calundu do Obitedó, a passagem pela Cruz do Cosme, e sua permanência na Mata Escura, atual bairro da Federação, a Casa de Oxumarê tem mais de 200 anos de existência.
[editar]Babalorixás e Iyalorixás

1 - Manoel Joaquim Ricardo - Babá Talábi de Ajunsun - Africano da Costa, funda o Ilê Oxumarê ainda em Cachoeira, no final do século XVIII. Morre em 20 de junho de 1865;
2 - Antônio Maria Belchior - Babá Salakó de Sangò - Conhecido como Antônio das Cobras - Nasce em 1839, é iniciado aos 6 anos, em 1845. Em 1863 assume a casa de Oxumarê, aos 24 anos. Falece, aos 65 anos, em 14 de janeiro de 1904, depois de administrar a Casa por 41 anos;
3 - Antônio Manuel Bonfim - Babá Antônio de Oxumarê - Conhecido como Cobra Encantada, em alguns momentos também denominado de Antônio das Cobras - Nasce em 1879, aos 7 anos, em 1886 é iniciado por Babá Talabi. Em 1904, aos 25 anos, assume a casa. Aos 45 anos, em 16 de junho de 1926, falece. Administra a casa por 22 anos;
4 - Maria das Merces dos Santos - Yá cotinha de Yewá - Nasce em 1886, aos 19 anos, em 1905 é iniciada. Aos 41 anos, em 1927 assume a casa e administra por 21 anos. Falece em 22 de junho de 1948, aos 68 anos;
Mãe Francelina de Ogun
5 - Simplícia Brasiliana da Encarnação - Yá Simplicia de Ogum - Nasce em 2 de março de 1916, é iniciada aos 21 anos, em março de 1937. EM 1953, aos 37 anos, assume a Casa. Falece ao 51 anos, em 18 de outubro 1967. Dirigiu a Casa por 14 Anos;
No período de 1967-1974 a casa ficou sem atividades.
6 - Nilzete Austricliano da Encarnação - Yá Nilzete de Yemanjá - Nasce em 28 de fevereiro de 1937. Aos 28 anos, em 14 de dezembro de 1965 é iniciada. Aos 37 anos, em 1974, assume a liderança da Casa. Falece aos 53 anos, em 30 de março 1990, após 16 anos de gestão;
7 - Sivanilton Encarnação da Mata - Babá Pecê de Oxumarê - Nasce, em 30 de agosto de 1964 e é iniciado com menos de 2 anos, em 14 de dezembro de 1965. Em 1991, assume a casa com 27 anos. Mais de 20 depois, ainda é a maior liderança da Casa.

Escadarias da Casa de Oxumarê.



Acesso da Casa pelo bairro da Federação

Referências

↑ Tombamento do Casa de Oxumarê
Professor Reginaldo Prandi arq doc
Casa de Oxumarê
Site da Casa de Oxumarê
Matéria sobre gravações feitas por Pierre Verger no Ilê Axé Oxumarê

..SOU DA CASA DO OSUMARÊ.........SOU DA CASA DO ADARRUM!!!!




...SOU DA CASA DO OSUMARÊ.........SOU DA CASA DO ADARRUM!!!!!


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O Terreiro do Ile Ase Osumare foi fundado pelos Babalorisas Salaco de Sango e Talabi de Omolu, africanos. No momento da fundação, entregaram a casa aos cuidados do Babalorisa Antônio de Osumare. Os restos mortais de Tio Salaco e Tio Talabi, como eram chamados, encontram-se atrás da Igreja dos Pretos na cidade de Cachoeira de São Felix, interior da Bahia. ANTÔNIO DE OSUMARE - Fundador do Ile Ase Osumare que fora fundado entre 1870 e 1880. Filho de escravos africanos, sendo caracterizado na época como "crioulo", ou seja, filho de escravos africanos, nascidos no Brasil. Foi criado por Tio Salacó, filho de Sango e Tio Talabi, filho de Omolu. Antônio das cobras ou Cobra Encantada, como era conhecido pelo grande poder como feiticeiro. Iniciado para Osumare com o auxílio de velhas Iyalorisas africanas, cultivou o culto aos Orisas na antiga sede que ficava no bairro de Barris, onde as pessoas buscavam água em barris, na época e posteriormente a transferiu para sua atual localidade, que antes era conhecido como Mata Escura ou Linha 15 (trem) e hoje Rua Vasco da Gama, 343, bairro da Federação, Salvador - Bahia. A transferência de sede deve-se ao fato de que o bairro de Barris começa a ter uma grande concentração da nobreza e de muçulmanos, impossibilitando assim a continuidade do Ase. Não há referências sobre seu falecimento. Tirando Iya Cotinha de Yewa, não há ainda um registro de pessoas iniciadas por Baba Antônio de Osumare. Web site: www.casadeoxumare.com.br Autor: pessoas iniciadas por Baba Antônio de Osumare. Share/BookmarkO Terreiro do Ile Ase Osumare foi fundado pelos Babalorisas Salaco de Sango e Talabi de Omolu, africanos. No momento da fundação, entregaram a casa aos cuidados do Babalorisa Antônio de Osumare. Os restos mortais de Tio Salaco e Tio Talabi, como eram chamados, encontram-se atrás da Igreja dos Pretos na cidade de Cachoeira de São Felix, interior da Bahia. ANTÔNIO DE OSUMARE - Fundador do Ile Ase Osumare que fora fundado entre 1870 e 1880. Filho de escravos africanos, sendo caracterizado na época como "crioulo", ou seja, filho de escravos africanos, nascidos no Brasil. Foi criado por Tio Salacó, filho de Sango e Tio Talabi, filho de Omolu. Antônio das cobras ou Cobra Encantada, como era conhecido pelo grande poder como feiticeiro. Iniciado para Osumare com o auxílio de velhas Iyalorisas africanas, cultivou o culto aos Orisas na antiga sede que ficava no bairro de Barris, onde as pessoas buscavam água em barris, na época e posteriormente a transferiu para sua atual localidade, que antes era conhecido como Mata Escura ou Linha 15 (trem) e hoje Rua Vasco da Gama, 343, bairro da Federação, Salvador - Bahia. A transferência de sede deve-se ao fato de que o bairro de Barris começa a ter uma grande concentração da nobreza e de muçulmanos, impossibilitando assim a continuidade do Ase. Não há referências sobre seu falecimento. Tirando Iya Cotinha de Yewa, não há ainda um registro de pessoas iniciadas por Baba Antônio de Osumare. Web site: www.casadeoxumare.com.br Antônio de OsumarAutor: pessoas iniciadas por Baba e. Share/Bookmark

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ONYRÁ A SENHORA DE IRA







OnYra - A Senhora de Ira

Conta-se que Onyra era uma ninfeta que sonhava com a vaidade de Òsún. Todos os dias, ela ia ver Òsún se banhar no rio, apreciava como ela cuidava dos cabelos, peles e etc. Havia uma pedra no meio deste rio que até uma determinada hora, quando as águas ainda estavam baixas, ela se apresentava como uma ilha e era onde Onira ficava até que as águas começassem a subir. Num belo dia, Onira adormeceu e as águas subiram o seu nível rapidamente e a encobriu antes que ela pudesse acordar. Neste mesmo momento Onira estava sonhando que era uma Òsún. Conta esta itan (lenda), que o Criador se penalisando de tão lindo sonho não permitiu que Ikù a pegasse e a encantou naquele exato momento, o que lhe permitiu de continuar vivendo este sonho na sua vida real.


Conta-se um outro itàn, que existia nas terras de Irá, uma linda moça chamada Onira, ela sempre comandava seu povo com sabedoria. Mas, ela tinha um grande problema: adorava lutar e se sentia bem em matar seus inimigos. Onira era descontrolada quando tinha em punho sua adaga de guerra. Certo dia enlouqueceu de vez, chegou a um vilarejo e matou todos q alí encontrou. Os sábios da cidade de Irá resolveram procurar Osáàlá para que Ele na condição de Rei, mandasse que Onira parasse de matar.
Onira recebeu o recado q Osáàlá queria vê-la e foi até Ilê Ifé (palácio de Osáàlá). Chegando lá, Osáálá assustou-se, pois as roupas de Onira eram vermelhas, de tanto sangue de suas vítimas. Ela ajoelhou-se e perguntou o que o grande Rei queria. Osáàlá mandou que trouxessem uma grande quantidade de Efun (seu pó branco sagrado). Pegou seu pó e jogou sobre Onira. Na mesma hora suas vestes de cor vermelha, tornaram-se rosa, por causa da mistura do pó branco com o sangue. Então, Osáàlá ordenou que Onira não mataria mais ninguém, e que ela jamais vestiria vermelho em publico, e que rosa seria sua cor, e como ela era uma moça tão quente, que fosse morar nas águas junto com Òsún.
E lhe disse:
Onira minha filha, és uma moça tão bela, tão doce, por que matas?
Sinto-me bem quando tiro a vida de alguém, mas sei q isso não é certo.
Foi então q Osáàlá teve uma idéia.
Já que você gosta lidar com a vida e com a morte, você terá junto com Oyá o domínio sobre os Eguns. Não tirarás mais a vida de ninguém, apenas irá conduzir os que já se foram.
Está certo Osáàlá, seu desejo será realizado mas não tire de mim minha adaga.
Osáàlá disse: Pode deixar, mais agora vá morar na cachoeira com Òsún.
Onira obedeceu a Osáàlá, foi morar na cachoeira. Chegando lá Òsún ria e debochava dela, mais resolveu ser sua amiga. Porém, Onira muito mal humorada, não queria papo. Até que um dia Onira adormeceu sobre uma pedra, olhando Òsún banhar-se e as águas da cachoeira subiram e Onira estava morrendo afogada, Òsún vendo o que estava acontecendo, mergulhou e foi salva-la, chegando lá Onira estava quase morta e Òsún resolveu fazer um feitiço e na mesma hora Onira reviveu e transformou-se em uma espécie de lava que correu rio a fora. Onira transformou-se em um rio de fogo. Òsún pensou que Onira havia morrido, chorou por horas, sem saber o que diria a Osáàlá, já q ele a incubiu de tomar conta da moça atrevida. Foi então que surgiu uma borboleta linda, de cor salmão com tons alaranjados, que voava ao redor de Òsún. Ela tentou pegar a borboleta que voou para dentro da floresta, Òsún seguiu a borboleta que parou em frente a uma árvore e tomou a forma da linda Onira. Òsún não acreditava no que via, e Onira lhe disse:
Por que choravas minha amiga, estou aqui viva, e graças a você!
Graças a mim porquê Onira? Eu não fiz nada.
Na hora que eu estava morrendo você fez um feitiço e dividiu comigo todo seu encanto, agora sou uma ninfa (mulher encantada), assim como você, tenho poderes de transformação. Posso ser um rio de fogo nos meus momentos de ira, posso ser um búfalo quando eu quiser ficar sozinha, e me transformar na mais bela borboleta quando estiver feliz. E Onira foi até Osáàlá lhe contar o q havia acontecido, ele ficou feliz mais sabia que toda esta mudança jamais acalmaria Onira, e que por dentro ela ainda seria aquela guerreira incansável. Mandou então que ela fosse morar com Oyá e aprender a dominar os Eguns. Depois, Onira mudou-se e foi viver com Osóòsi e como ela foi criada por caçadores, sabia caçar como ninguém. E Onira morou com quase todos os Òrìsás, aprendendo tudo que eles sabiam fazer.


Onira = a Senhora de Irá (terra de Oyá)

Ela é impulsiva e suas filhas carregam suas características, são capazes em momentos de comoção doar, na hora e sem pensar, tudo o que tem, mas se a pessoa fizer uso indevido daquilo que ela doou, ela vai pra cima, sem mais delongas, se ela for traída então piorou, são capazes de tudo na hora de raiva; mas acabando esses momentos de impulsividade momentânea são pessoas maravilhosas, prestativas. Possuem um pouco de difículdade em guardar segredos, mas, em determinadas ocasiões, sabem manter a regra.

Não vesti roupas de cores quentes, tendendo sempre ao rosa, amarelo, azul claro ou salmão para quebrar o branco total, mas geralmente rosa, devido ao seu cárater explosivo e também ter um enredo muito grande com Òsáàlá, porque foi esse caminho de Oyá que deu a Osògiyan, o poder sobre o atòri. Quando essa Oyá se manifesta é de costume colocarem ou preso em suas costas ou em sua saia um atòri, e é presença a ilustre nas festas dedicadas a Òsáàlá.

Onira reina no mundo dos mortos e tem ligação direta com Obaluwaiyè e Ògún, sendo que sua ligação maior é com Òsún Opará, que recebeu dessa qualidade de Oyá os ensinamentos para lutar e ser guerreira.

Òsún Opará ser tornou então, companheira inseparável de Onira, comendo juntas no bambuzal ou nos rios e tendo aprendido os fundamentos dos Eguns. Sendo assim, essa qualidade de Òsún, também tem relação direta com os Eguns. Quando “Onira” e “Opará” se juntam, se tornam muito perigosas pois têm em dobro a força e a sabedoria dos guerreiros.

Òsún Opará é um caminho de Òsún jovem e guerreira, companheira de Ògún e Sangò, estando ligada diretamente com os caminhos de Osògiyan, o jovem guerreiro.


Onira está Ligada a Osògiyan, Òsún, Ògún, Ode, Obaluwaiyè ...

LENDAS SOBRE IKU




O povo yorubá como o resto do povo africano, eles crêem que a morte não e o fim da vida. Eles acreditam que existe um outro mundo paralelo ao nosso. A morte para eles não representa o fim da vida terrestre e sim um prolongamento da vida além túmulo. Este mundo para o povo yorubá é chamado de Orun ( Céu ) o mesmo é dividido em 9 ( nove ) partes. Este local para eles é o domínio dos seus ancestrais.

A morte para o yorubá não é a extinção da vida terrestre, mas uma mudança de vida para outra. Seus antepassados ou ancestrais são chamados de Òkù Òrun e Àgbagbà, ou ainda tem um outro título chamado de Èsa, usado para reverenciar um ancestral por parte religiosa Lese Orisa ( Culto aos Orixás ), este Título chamado de Èsa e chamado seu nome em um ritual desta religião chamado de Ìgpádè ( Encontro ).

Um antepassado ou ancestral e alguém que uma pessoa descende, seja por parte paternal o maternal, em qualquer período de tempo, em que o ser vivente conversava e tinha relações afetuosas. O povo yorubá tem por costume cultuar seus antepassados ou ancestrais para ter o merecimento de culto, somente aqueles que uma idade avançada ( salvos algumas restrições de nascimento), ter tido um trabalho de boa qualidade perante a sociedade, ter deixado bons filhos, ter sido uma pessoa de boa índole . Para o yorubá um casamento sem filhos não é uma boa forma de ter vivido ou seja um mal negocio.
Para eles existe um sistema de valores que tem 3 partes: Um OWO ( Dinheiro), Dois OMO ( Filhos) Três ÀÍKÙ ( Vida longa ).

A vida longa para eles e a mais importante porque pode proporcionar a ele o alcance das outras duas partes. São estes valores e toda linhagem de gerações passadas que, se transformam para os seus familiares o direito de ser cultuado como antepassado ou ancestral. Existe a ancestralidade por parte de pai e mãe, mais somente a parte masculina e cultuada por ser a mais importante. Através do pai que é passada a ancestralidade da família, ele e o procriador e cabe a ele a transmissão da mesma para os seus filhos, sendo a mãe a genitora recebendo esta ancestralidade e dando a ele a vida. A parte feminina e cultuada de uma forma de energia aglutinada tendo o seu culto junto as Gelede ( Culto de eguns femininos ligado ao culto das Yia mi Aje.” Minha mães feiticeiras”). Os ancestrais quando chega ao Orun, eles são recebidos pelos seus antecessores acolhendo e encaminhando, fazendo-os se desprender dos bens materiais. Sendo, este que faleceu pertencer ao culto dos orisas, ele só poder se desprender de todo bem material deixado na terra, depois do asese ( Axexe. Obrigação feita para as pessoas que morrem e pertence ao culto de orixá). Feito esta obrigação este ancestral poderá se desprender das coisas matérias e encontrar os seus ancestrais que já se encontram no Orun, os mesmos ajudam encaminhando para um lugar de luz, fazendo com que ele ganhe grau espiritual para poder ajudar seus familiares que deixou na terra.

Quando falamos a palavra culto damos a conotação de homenagem aos espírito, assim podemos entender melhor o que falamos. Feito as obrigações do ritual fúnebre, o espírito se desprende de tudo que deixou na terra e passa por um portal que liga o Aye ( terra) ao Òrun ( céu), este portal e guardado por um guardião chamado de Ònibòdè Òrun ( guardião do céu), este portal tem a ligação entre os dois mundos no qual Òrun e a moradia de Òlòdumarè ( Criador supremos de tudo e todos os seres).

Conforme a cultura Yoruba, o Òrun e dividido em 9 ( nove) partes e dependendo da vida e a causa morte deste ancestral ele e colocado em uma destas 9 ( nove ) partes. Cada parte corresponde a um tipo de elevação espiritual. Dependendo da vida, ele pode ficar no Òrun Buruku ( Parte onde se encontra as pessoas que teve uma vida ruim, só causou problemas, matou, roubou, teve uma vida desregrada), até o Òrun Áláfiá ( Parte onde se encontra os que tiveram uma vida solida, sadia, boa, foi uma pessoa de boa índole). Por isso temos de fazer por merecer que nosso espírito seja cultuado e reverenciado por nossos descendentes. Somente seremos reverenciados após nossa morte e poderemos ajudar nossos descendentes se tivermos uma vida correta.

Nascimento ( Ìbi), Vida( Ìyé) e Morte( Àti Iku ), o Pós- Vida ( Ìye Lèbin Iku), o Julgamento Divino ( Idájo ti Òlòrun) e o possível retorno a vida sucessivamente ( Àtùnwa) São visto com criação de Òlòdumarè, para remover da terra as pessoas que tiveram seu tempo de vida. Sendo Iku o seu mais fiel mensageiro. Para os Yorubas Iku também e um orisa. Iku não mata, somente toca as pessoas, com este toque a pessoa se desliga deste mundo acordando no outro. Costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I'o npa ni – “ A morte não mate, são os excessos que matam”

O odú Òyèkú Méji revela, em um de seus ìtàn, que a morte somente começou a matar, depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado de Ejìgbòmekùn. Ele gritou enfurecido. Fez do elefante a esposa do seu cavalo. Ele fez do búfalo a sua corda. Ele fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto para lutar.

Conforme a cultura Yoruba, o Òrun e dividido em 9 ( nove) partes e dependendo da vida e a causa morte deste ancestral ele e colocado em uma destas 9 ( nove ) partes. Cada parte corresponde a um tipo de elevação espiritual. Dependendo da vida, ele pode ficar no Òrun Buruku ( Parte onde se encontra as pessoas que teve uma vida ruim, só causou problemas, matou, roubou, teve uma vida desregrada), até o Òrun Áláfiá ( Parte onde se encontra os que tiveram uma vida solida, sadia, boa, foi uma pessoa de boa índole). Por isso temos de fazer por merecer que nosso espírito seja cultuado e reverenciado por nossos descendentes. Somente seremos reverenciados após nossa morte e poderemos ajudar nossos descendentes se tivermos uma vida correta.

Nascimento ( Ìbi), Vida( Ìyé) e Morte( Àti Iku ), o Pós- Vida ( Ìye Lèbin Iku), o Julgamento Divino ( Idájo ti Òlòrun) e o possível retorno a vida sucessivamente ( Àtùnwa) São visto com criação de Òlòdumarè, para remover da terra as pessoas que tiveram seu tempo de vida. Sendo Iku o seu mais fiel mensageiro. Para os Yorubas Iku também e um orisa. Iku não mata, somente toca as pessoas, com este toque a pessoa se desliga deste mundo acordando no outro. Costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I'o npa ni – “ A morte não mate, são os excessos que matam”

O odú Òyèkú Méji revela, em um de seus ìtàn, que a morte somente começou a matar, depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado de Ejìgbòmekùn. Ele gritou enfurecido. Fez do elefante a esposa do seu cavalo. Ele fez do búfalo a sua corda. Ele fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto para lutar.

A esposa da morte.
Ojontarigi era a única esposa da Morte,
Mesmo assim Orunmila quis arrebatá-la.
À Orunmila foi dito para ele fazer sacrifício,
E ele fez.
Depois que ele terminou de fazer o sacrifício, 
Ele arrebatou Ojontagiri para longe da morte.
Então a Morte pegou o seu Kumo,
E foi para a casa de Orunmila.
Ele viu Esu na frente da casa.
Esu disse: “Como vai você ?”,
Iku Ojepe cujo artigo de vestuário é tingido em osun.
Depois que eles trocaram saudações,
Esu pergunta para ele: Onde você vai?
Morte respondeu que ia para a casa de Orunmila.
Esu pergunta: Qual o problema?
Morte disse que Orunmila levou sua esposa,
E por isso tem que matá-lo.
Esu, então, implorou para Morte se sentar.
Depois que ele se sentou,
Esu deu comida e bebidas.
Depois que Morte comeu até se satisfazer, 
Ele se levantou,
Pegou seu bastão, 
E começou a ir.
Então, Esu perguntou novamente: “Onde você vai?”,

Morte respondeu que ele ia para a casa de Orunmila
Então Esu disse: “Como você pode comer a comida de um homem, e ao mesmo tempo querer matá-lo ?”
Você não sabe, que a comida que a pouco você comeu, pertence à Orunmila?
De repente morte não sabia o que fazer,
Ele diz: “Diga para Orumila que ele pode ficar com a mulher”

Assim Ikú ficou sozinho, sem filho e sem esposa! Sendo o Orisa mais fiel a Òlòdumàré

Por isso se recebemos uma pessoa em nossa casa, damos abrigo, alimentação, esta pessoa não poderá nos fazer mal, e se o fizer pagará com a própria vida por este ato. Nem Ikú matou Òrumilá depois de comer sua comida. Quem somos para fazer mal aquele que nos alimenta.

Pesquisador: João Monteiro Oje do culto de Egungun, Mogba Sango, Oluponan do Ase Oloroke em salvador, Asoba, Ogan de Oya. Iniciado no culto dos orisas em 1968, na raiz do Ase Opo Afonjá.





Ikú é um Orixá
Junho 17, 2011 por Fernando D'Osogiyan
Ikú, a Morte é um Orixá, designado por Olodumare para uma função derradeira. Existem e são raríssimas, pessoas de Ikú que, evidentemente, não são iniciadas, cumprem normalmente seu destino e tem funções específicas num Ilê Axé.

Oyekú Mejí é primeiro caminho à terra, quando o Odú Oyekú Mejí chegou à Terra, a morte ainda não existia. Orixá Ikú (morte) nasce nesse caminho para cumprir sua função na Terra, Opirá. (FIM).

Oyekú Meji representa essencialmente a Morte, a profunda escuridão, representa também o lado esquerdo, o este e o princípio feminino.

Ikú vem buscar a pessoa no dia derradeiro e esteja nas condições que estiver, para levá-la de volta ao interior da terra, ao ventre de Nanã.

Ikú cumpre rigorosamente sua função e somente aqueles que conhecem os omo-odús de Oyekú Mejí, poderá conversar com a morte, e por um breve tempo. Somente através do Imolê Exú e num determinado Odú é e que se faz oferendas a Ikú, estabelecendo pactos e acordos com Ikú para adiar e afastar a morte, aliado aos bons ebós.

Pai Agenor dizia que: a troca pela vida, através de oferendas, é o ponto central do culto aos Orixás, a vida, nada mais é, que a mais valiosa de todas as trocas e também a mais cara.

As trocas não são eternas, chegará o dia que Ikú terá que cumprir sua função e ainda exigirá oferendas, para garantir que só levará apenas um. Há casos famosos de zeladores que depois de mortos, Ikú voltou algumas vezes para cobrar sua oferenda e não encontrando levava seus filhos, acabando muitas vezes, com a casa de candomblé.

Com Ikú não se brinca, quando Ikú chega o nosso Orixá não está mais conosco, sabe que já cumpriu sua função e somente Orí acompanha a pessoa até o fim.
Axé.
Fernando D’Osogiyan

O ILÉ ÀSÉ ALAKETÚ ÒSÚN FEMI & BABALORISÁ ANTONIO T'ÒSÚN INFORMA .



Ile ÀSE ALAKETÚ ÒSUN FEMY &BABALORISÁ ANTONIO T'OSUN.
POR MOTIVOS ALHEIOS A NOSSA VONTADE NÃO
SE REALIZARÁ OS FESTEJOS DE BÀBÁ MI SÀNGÓ
IYÁ MI OYÁ &IYÁ MI OBÁ.
QUE SERIAM REALIZADOS NO DIA 23/10/11.
DESDE JÁ CONTAMOS COM A COMPRESSÃO DE TODOS.
ADÚPÉ.

Abaixo-assinado Inviolabilidade na pratica de sacrifícios ritualísticos de animais e reserva de locais ambientais destinados a culto afro

Abaixo-assinado Inviolabilidade na pratica de sacrifícios ritualísticos de animais e reserva de locais ambientais destinados a culto afro

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ILÉ ÀSE ALAKETÚ ÒSUN FEMY & BABALORISÁ ANTONIO T'OSUN convida para celebração De bàbá mi sàngo iyá mi oyá &iyá mi obá.






Dia 23/10/11 as 17:00 hs

Ìbínu Sàngó: A fúria de Sàngó. Seu temperamento é lembrado em muitos cânticos, como o que segue:
Olómo kìlò fómo re
(Advirta o seu filho)
E má pèé Sàngó gbómo lo
(Para que Sàngó não seja acusado de rapto)
Bí ó soro,
(Quando ele fica feroz)
A so’gi dènìyàn
(Transforma a árvore numa pessoa)
Bí ó soro,
(Quando ele fica feroz)
A sènìyàn deranko.
(Transforma uma pessoa num animal.)
RUA AMÉRICO SUGAY N°1010
VILA JACUY: SÃO MIGUEL PAULISTA
TEL 20376998

ITAN TI ESÚ -ÀGO ESÚ, MO JU IBA,IBA SE O !






Mo ju iba, Esu Oba Baba awon Esu! Iba se, o!
Saudações, Esu Senhor e Pai de todos os Esus!
Que esta homenagem se cumpra!
E pedimos-lhe Ago ou "licença" para citar o seu Orisirisi ou "Contos Imemoriais" onde se fala de seus dezesseis maiores atributos, sobretudo ligados ao Culto de Ifá, e que são tão negligenciados hoje em dia até pelos seus El'esu ou "Sacerdote de Esu"!
Eis aqui seus dezesseis títulos e suas correspondentes "qualidades", os quais sempre foram ligados aos 16 Odu ou "Fundamentos de Tradição" dos Itan Ifa ou "Contos de Ifá" de Ile Ife ou "Cidade Santa de Ifé":

Esu Yangi - o Senhor da Laterita Vermelha
Esu Agba - o Senhor Ancestral
Esu Igba Keta - o Senhor da Terceira Cabaça
Esu Okoto - o Senhor do Caracol
Esu Oba Baba Esu - o Rei e Pai de todos os Eshus
Esu Odara - o Senhor da Felicidade
Esu Osije - o Mensageiro Divino
Esu Eleru - o Senhor da Obrigação Ritual
Esu Enu Gbarijo - o Senhor da Boca Coletiva
Esu Elegbara - o Senhor do Poder Mágico
Esu Bara - o Senhor do Corpo
Esu L'Onan - o Senhor dos Caminhos
Esu Ol'Obe - o Senhor da Faca
Esu El'Ebo - o Senhor das Oferendas
Esu Alafia - o Senhor da Satisfação Pessoal
Esu Oduso - o Vigia dos Odus
Pouca semelhança entre estes nomes e aqueles que, hoje em dia, se lhe atribuem? Paciência! Somem a estes nomes 350 anos de guerras, escravidão, aculturação por sobrevivência e catequese forçada "goela abaixo" dos vencidos e chegaremos facilmente, com o devido respeito, às "Tronqueiras" e à troca de nomes do "Senhor da Laterita" por "Exú do Lodo", o "Senhor dos Caminhos" por Exú "Tranca-Ruas" e o "Senhor do Corpo" por "Exú Caveira", como veremos a seguir. Assim, tendo visto as denominações, vejamos agora as qualificações.
Esu Yangi é a sua primeira forma mais importante e a que lhe confere a qualidade de Imole ou "Divindade", pois nos Ritos da Criação, segundo o Credo Iorubá:


-"O ar e as águas moveram-se conjuntamente e
uma parte deles mesmos transformou-se em lama.
Dessa lama originou-se uma bolha ou montículo,
a primeira matéria dotada de forma,
um rochedo avermelhado e lamacento.
OLORUN admirou esta forma e soprou sobre o montículo,
insuflando-lhe Seu Hálito e lhe deu vida.
Esta forma, a primeira dotada de existência individual,
um rochedo de Laterita,
era Esu Yangi."-
Assim, fica claro que Imole Esu foi criado diretamente por OLORUN, mas não da própria e primordial matéria divina, da qual Ele já havia feito Obatala e Oduduwa, o Casal Divino, mas sim daquela matéria que iria formar toda existência genérica subseqüente, ou seja, a Eerupe ou "Lama", da qual seria criada também toda a Humanidade que um dia Ebora Iku ou a "Morte" devolverá a essa mesma lama.
Então, Imole Esu é o primeiro Ser criado da Existência Genérica e o símbolo por excelência do Elemento Criado. Por isso ele é chamado também de Esu Agba ou "Eshu Ancestral". Assim, os seus assentamentos ou sacrários mais antigos e tradicionais eram um simples pedaço de Laterita vermelha enfiado no solo, na Orita Meta ou "Encruzilhada de Três Caminhos". Algumas vezes, a Laterita vermelha estaria cercada por 7, 14 ou 21 hastes de ferro, mas deste metal bem enferrujado que é o "esqueleto" do metal novo.
Como os mitos da Criação, segundo os Iorubás, demonstram que Imole Esu foi criado logo após Obatala e Oduduwa por OLORUN, ele é, portanto, o Igba Keta ou a "Terceira Cabaça" ou o "Terceiro Criado", sendo símbolo da Existência Diferenciada e, em conseqüência, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento. Nesta variante múltipla, ele é o princípio dinâmico que participa forçosamente de tudo o que virá a existir.
E assim foi-se processando a Criação, segundo o Credo Iorubá.
Os Orisirisi Esu continuam contando como Imole Esu logo descontrolou-se e começou a devorar toda a existência, sendo obrigado por Orunmila, após uma longa perseguição, a vomitar tudo de volta; entretanto, tudo em maior quantidade, muito melhor e mais perfeito do que quando o ingerira.
E, tendo sido picado em milhares de pedaços pela espada de Orunmila, transformou-se no "Mais Um" ou o "Um multiplicado pelo Infinito", no Esu Okoto ou "Eshu do Caracol", cuja estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o Infinito e no qual os Iorubanos conceituavam o crescimento e a multiplicação.
Desta forma, Esu Yangi também multiplicou-se “infinitamente" e, tendo se tornado no símbolo da restituição e da recomposição, tornou-se ele próprio no Oba Baba Esu ou "Rei" e o "Pai" de todos os outros Imole Esu que dele seriam e foram "cortados” e que para sempre acompanhariam os Imole e todos os mortais.
Os Ese Itan Ifa ou "Versos dos Contos de Ifá", contam-nos a razão da denominação das outras variantes múltiplas de Imole Esu.
Numa explanação livre dos versos desses Contos, no que se refere ao Imole Osetuwa, podemos ler que quando os Imole vieram à Terra para coadjuvar Obatala e Oduduwa a reger a Criação, OLORUN ensinou-lhes tudo quanto precisavam saber para que a vida na Terra fosse Odara ou "Feliz".
Mas, apesar de os Imole fazerem tudo quanto lhes tinha sido prescrito por OLORUN, sobrevieram na Terra todos os tipos de desgraças, sobretudo uma terrível e prolongada seca.
Os Imole reuniram-se e chegaram à conclusão de que os fatos desastrosos estavam além da sua compreensão e que deveriam mandar alguém, sábio e instruído, à presença de OLORUN para que Este lhes mandasse a solução dos problemas que afligiam a Terra, agora sob o risco de total desaparecimento.
Orunmila, o Orixá da Divinação Sagrada, partiu nessa missão e data daí o fato de que ele passou a ser um dos três Imole que podem apresentar-se perante OLORUN e suportar-Lhe o esplendor. Ao lhe ser permitido facear OLORUN, Orunmila ouviu Dele que a razão para todas as desgraças que assolavam a Terra estava no fato de que eles, os Imole, não haviam convidado para morar no Ode Aiye, ou seja, a "moradia dos Imole na Terra", ao Ser que se constituía no décimo sétimo dentre eles. Quando assim o fizessem, tudo voltaria a frutificar!
E foi assim que Orunmila tornou-se o "Arauto de OLORUN" para a ligação dos dois mundos, o Orun ou "Além" e o Aiye ou "Terra". Retornando ao Ode Aiye, Orunmila começou a procurar pelo "décimo sétimo", o qual deveria ser convidado a morar com eles.
Depois de muitas tentativas infrutíferas, decidiram que uma poderosa Aje ou "Senhora do Feitiço" - a Ebora Osum - deveria conceber um filho de Oso ou "Senhor do Poder Mágico", filho esse que receberia, ainda no ventre materno, o Ase ou "Força Mágica" de todos os Imole por imposição conjunta de suas mãos, para que se transformasse assim no Mensageiro por excelência das Oferendas dos Imole e se acabassem as desgraças que assolavam a Terra.
Assim foi gerado um filho do "Feitiço com o Poder Mágico", o qual recebeu o nome de Osetuwa e este novo Orixá Gerado passou a tentar cumprir o seu dever de mensageiro, mas sem obter absolutamente nenhum sucesso!
Até que um dia, em aflição, lembrou-se de procurar o quase desconhecido Imole Esu Odara ou "Eshu da Felicidade", para pedir-lhe conselhos e ajuda.
E Osetuwa dirigiu-se a Esu Odara e pediu-lhe a ajuda para levar as Oferendas dos Imole a OLORUN. E Esu Odara respondeu a Osetuwa:


-" Como??? Jamais pensei que você viesse me avisar antes de partir!
Por este seu gesto, hoje o Orun lhe abrirá as portas."-
E, então, Osetuwa e Esu Odara puseram-se a caminho e partiram em direção aos portões do Orun. Quando lá chegaram, as portas já se encontravam abertas!
Osetuwa, então, pôde entregar as Oferendas dos Imole a OLORUN e Este, aceitando-as por virem através de Imole Esu, deu a Osetuwa ..."todas as coisas necessárias à sobrevivência do Mundo". Osetuwa voltou ao Aiye ou "Mundo Material" e tudo frutificou novamente!
Tão gratos lhe ficaram os Imole que o cobriram de presentes e o celebraram como o único dentre eles que conseguira levar as Oferendas ao Orun. Mas Osetuwa, com humildade, levou todos os presentes que recebera e deu-os todos a Esu Odara.
Quando os deu a Esu, o mesmo disse:


-“Como??? Há tanto tempo eu entrego os sacrifícios
e nunca houve ninguém para retribuir-me a gentileza!"-
-“Você, Osetuwa, todos os sacrifícios que eles fizerem sobre a Terra,
se não os entregarem primeiro a você
para que você os possa trazer a mim,
farei com que as Oferendas não sejam aceitas!"-
E foi assim que Osetuwa tornou-se em um poderoso Akin Oso ou "Manipulador do Poder", duplamente por seu nascimento e pela confirmação de Imole Esu Odara, por ter mostrado a todos os Imole que Esu era realmente o Osije ou "Mensageiro Divino" e que também tinha o poder de aceitar ou recusar os sacrifícios rituais porque era o verdadeiro Eleru ou "Senhor da Obrigação Ritual".
A partir de então, os seiscentos Imole decidiram dar ao Imole Esu um “pedaço de suas próprias bocas” para que ele pudesse falar por todos, quando fosse perante OLORUN, pois era patente que ele era o outro Imole, além de Orunmila, que podia apresentar-se perante OLORUN. Imole Esu, muito sabiamente, “uniu todos esses pedaços em sua própria boca” e assim tornou-se o Enu Gbarijo ou "Boca Coletiva" de todos os Imole.
Desde então, como retribuição de Esu aos outros Imole, cada um destes possui ao seu lado o seu Esu Okoto ou "Eshu do Caracol", o "Mais Um", a quem ambos delegam os seus poderes. Desta forma, por delegação espontânea de todos os Imole, Esu tornou-se também o Elegbara ou "Senhor do Poder Mágico". E como toda a Criação é também regida pelos Imole, todo o Ser vivente no Aiye ou "Mundo", assim como possui o seu Olori, ou seja, o seu Orisa ou sua Ebora, que são o "Senhor" ou a "Senhora" de sua Ori ou "Cabeça", também tem que ter o seu Esu Bara ou "Esu do Corpo", pois Bara vem de Oba=Senhor + Ara=Corpo.
Isto explica muitas coisas que são atribuídas nos cultos afro-brasileiros a Exú, pois que ele é responsável pela natural atividade sexual, que é um atributo do corpo, pois sem ela não há procriação, que é multiplicação e abundância, quer seja vegetal, animal ou humana.
E, para isso, Imole Esu, sendo o Elegbara e o Bara, recebeu de OLORUN os instrumentos-símbolos desta sua ação dinamizadora e frutificadora:
- o Ado Iran, a Cabaça arredondada de longo pescoço, o recipiente de poder mágico que contém inesgotável Ase ou Força Mágica, bastando ser apontada a um objetivo para emanar e propagar esse poder mágico;
- o Gorro ou Penteado tradicional em coque de ponta alongada e caída, terminada na forma da glande peniana humana, símbolo da Reprodução.
Daí ser o pênis humano, em ereção, uma de suas mais populares e ancestrais representações, feitas em pedra, como as da localidade africana de Tondediru, ou, mais simplesmente, modeladas em barro à beira dos caminhos. E este foi, como já dissemos no início, um dos aspectos de Imole Esu que mais escandalizou os missionários de outras religiões, que então dispararam contra ele todas as suas “armas”.
Nunca atentaram para o fato de que em nenhum dos milhares de Versos de Contos de Ifá, Imole Esu jamais - repitamos - jamais assume a função de procriador e mais: suas diversas formas multiplicativas têm por origem a divisão do seu próprio Ser em “milhares” de partes pela espada de Orunmila.
Mas Imole Esu tinha uma outra função capital que despertou o interesse dos catequistas das novas religiões, que nela viram a oportunidade otimizada para a destruição de sua importância entre os Iorubás: a sua função de Executor Divino.
Como Imole Esu é o Mensageiro Divino e o Senhor do Carrego Ritual prescrito por Orunmila-Ifa, ele é também o L'Onan ou "Senhor dos Caminhos", tanto dos benéficos (Ona Rere), quanto dos maléficos (Ona Buruku), que ele abre ou fecha aos mortais conforme verifique se os sacrifícios prescritos aos fiéis foram ou não cumpridos, ajudando aqueles que os cumprem e punindo os que, devidamente avisados, não o fazem.
Por isso, ele é também o Ol'obe ou "Senhor da Faca", significando ser o Executor dos Sacrifícios, mas também, no sentido ritualístico, "Aquele que tem o poder de vida e morte". À Obe ou "Faca", Imole Esu junta ainda a sua Opa ou "Bolsa", na qual carrega os seus objetos ritualísticos mágicos, entre eles os "fragmentos de cabaças", símbolo do Ser destruído mas, por sua vez, destruidor, talvez um dos seus emblemas mais temidos e somente manipulados por seus El'esu, ou seja, pelos Sacerdotes do Imole Esu.
Por tudo isso, Imole Esu está sempre "do lado de fora", nos “caminhos”, onde tem seu lugar predileto, a Orita Meta ou "Encruzilhada de Três Caminhos", onde ele aceita, carrega, transporta e premia, mas, também, de onde vigia, adverte, recusa e pune.
Foi então que os primeiros catequistas de outras religiões passaram a pregar que todas as desgraças acontecidas aos fiéis dos Orisa Yoruba, merecidas ou não, derivavam da ação nefasta e indiscriminada de Imole Esu, o qual apenas faria o Mal pelo Mal.
Por sua vez, o povo Yoruba escravizado viu nesta interpretação equivocada de Executor por Malfeitor, uma nova arma para se defenderem e passaram a ameaçar abertamente os seus inimigos com as artes punitivas do Imole Esu, que assim começou a transformar-se em "Êxú" e a sincretizar-se, nas mentes mais fracas, com a figura do "diabo” medieval católico.
Daí a ele começar a ser representado e apresentado como um Ser tenebroso e mau foi apenas a mesma “descida de ladeira” por onde escorregaram os sincrético cultos afro-brasileiros, notadamente a Umbanda Popular, até estarem lançadas as bases do “sincretismo dentro do sincretismo" e aparecer a Kimbanda que, na verdade, nada mais é que o "ponto mais alto da curva do desespero” a que foram lançados os povos escravizados no Brasil.
Mas, na realidade, no Credo Iorubá, Imole Esu é o símbolo, não da subtração, mas sim da restituição que os humanos devem fazer, através de Oferendas, daquelas coisas que eram necessárias à sobrevivência do Mundo e que OLORUN deu aos Imole Osetuwa e Esu para salvá-la e não para destruí-la.
E é na execução das Oferendas com esta intenção, que só Esu Elebo ou "Senhor das Ofendas" é capaz de tornar aceitável a OLORUN, que está a "chave" que permite ao fiel alcançar o seu objetivo. E se conseguir alcançar o seu objetivo, naturalmente obterá também a satisfação (Alafia) dos seus anseios maiores; assim, deve agradecer também a Esu Alafia ou "Senhor da Satisfação Pessoal".
É sobretudo sob as múltiplas variantes de Bara, Enu Gbarijo, Elebo e Alafia que o Orisa Orunmila se utiliza do Imole Esu para poder atuar como o Arauto dos Awon Orisa sobre os destinos humanos na Divinação Sagrada de Ifá, quer através do Opon ou "Tabuleiro" e do Opele ou "Corrente de Ifá", quer através dos "Búzios".
Por isso mesmo, os Odu ou "Fundamentos de Tradição" sempre aconselham a Pa Esu, ou seja, a apaziguar ao Imole Esu e não a tentar suborná-lo para ter um “malfeitor” às ordens.
Imole Esu é, pois, o Princípio Restaurador do Equilíbrio no Credo Iorubá. Daí as suas representações pouco conhecidas, à fora sua representação fálica, ora “fumando cachimbo”, simbolizando a absorção e a ingestão, ora “tocando flauta”, simbolizando a doação e a restituição.


E assim, os Orisirisi Esu contam como ele distribui generosamente crescimento e honras, “vomitando-os" após ter ingerido todo tipo de alimentos e bebidas rituais das Oferendas e como há um determinado elemento, o Aasaa ou "Fumo de rolo" picado que infalivelmente provoca essa inusitada transformação, multiplicação e restituição”.
Tudo isso ele assim faz em troca de somente três coisas:

a coragem do fiel em tentar cumprir seu próprio destino;

o respeito do fiel aos Fundamentos de Tradição dos Orixás;

e a oferta de seu Ebo ou "Oferenda" específico que lhe é destinada no seu ritual próprio, o Ipade, cujo literal significado é justamente “ato de reunião de apaziguamento” e não para pedidos de destruições e vinganças aleatórias, como pensam aqueles que, na verdade, não conhecem a essência do Senhor Imole Esu, porque se esqueceram ou não conhecem mais as suas raízes espirituais ancestrais, ou, pior ainda, as renegam!


A oferenda Ebo é constituída de elementos materiais muito simples, mas de profundo significado, ao contrário do que se vê "despachado" pelas esquinas de nossas cidades e que quase não guardam relação alguma com o seu significado original:

- Omi (a Água), a Oferenda por excelência, que fertiliza, apazigua e vitaliza tanto o Além quanto a Terra, especialmente se for a Omi Ato (água de chuva), a “Água-sêmen” do Céu!

- Epo (o Azeite de Dendê): símbolo da dinâmica da realização, da descendência, relacionada com o Eje Pupo ou “sangue vermelho” ou essência do Vermelho dos elementos gerados;

- Otin (bebida destilada branca): vinho de palmeira em áfrica e cachaça no Brasil, relacionada com o Eje Funfun ou “sangue branco” ou essência do Branco dos elementos geradores;

- Iyefun (a farinha): qualquer farinha, a qual é símbolo do Eje Dudu ou “sangue preto” ou essência do Preto dos elementos gestantes e fecundos, como o Akasa, bolinho de pasta branca de milho deixado de molho, ralado e cozido, envolto na folha africana Ewe Eko, no Brasil, substitída pela "folha de bananeira".

Dito isto (e mais haveria), eis porque tão poderosa divindade sempre foi e ainda é cultuada e servida antes até que servidos e cultuados sejam os Orixás, em qualquer situação e lugar ...
Remarquemos a mais que, especificamente no Ebo de seu Ipade, Imole Esu não recebe sangue animal e sim seu sucedâneo transmudado - o Epo ou "Azeite de Dendê".
Assim, sem ferirmos a Tradição Ancestral, podemos afirmar que é um direito da Corrente Astral do Aumbhandan - A Umbanda Esotérica do Brasil - não se utilizar de sacrifícios de sangue, nem mesmo parar preceituar tão poderosa divindade.
Usos e costumes ancestrais de outros povos, legítimos e fundamentados à sua época, podem muito bem serem transmudados em novos tempos, como já acontecia mesmo em África, aonde os Babalawos tinham, a seu critério, o poder de substituir os animais preceituados para oferenda por suas penas, escamas e couros, devendo o valor de mercado do animal a ofertar ser distribuído, em esmolas, entre os carentes de sua comunidade.
Por outro lado, a atuação do Imole Esu como Mensageiro dos Orixás para a entrega de oferendas a OLORUN, dificilmente é compatível ou coerente com a sua posterior identificação com o "Satã" pelos cristãos e muçulmanos. Tal tentativa de analogia, só se explica por não se encontrar no Credo Iorubá a idéia de “diabo” ou “inferno”, como se os entendem em outras religiões não-africanas.
De fato, mesmo face à situação irregular dos suicidas, no pensamento Iorubá seres carentes de coragem em enfrentar seu próprio destino, os Iorubanos jamais criaram a idéia grosseira de uma eterna punição; para eles, prêmio ou castigo eram provações a serem experimentadas aqui mesmo nesta Terra ou pela falta de retorno à ela.
Assim, a idéia de um "Exú" essencialmente trevoso e mau é uma contrafação sincrética com o “diabo” medieval católico, forçada e imposta pela escravidão e conseqüente perda de valores iniciatórios das religiões africanas no Brasil, mas que nunca existiu em África em tempo algum.
E, muito embora nas lendas populares, Imole Esu passasse a ser conhecido como "manhoso", “trapaceiro" e notoriamente "encrenqueiro", mormente se não for "apaziguado" por seu Ebo, a sua suposta imagem de malignidade decorre, na verdade, de ele ter o importante papel de Executor Divino, punindo aqueles que descuram as oferendas prescritas para eles, mas recompensando aqueles que as cumprem.
Entretanto, ele nada faz por conta própria, servindo fielmente a OLORUN e ao Orisa Orunmila-Ifa. Também, os Orisa e as Ebora podem convocá-lo para se utilizar da variedade de punições postas sob o seu comando. E isto porque, com imensa sabedoria, o Credo Iorubano ancestral prega que Orisa algum pune diretamente seus “Filhos", mesmo os transviados, os transgressores e os ofensores: isto é função do Imole Esu.
Os Versos dos Contos de lfá dizem que Imole Esu é também encarregado por OLORUN para vigiar as ações de outras Divindades no Aiye ou "Terra". E isto só pode se dar, dizem os fiéis, porque ele é notável e notoriamente equânime no seu papel de Executor Divino.
É por tudo isso que todos os devotos de todas os Orisa e Ebora se voltam para Orunmila-lfa em tempos de dificuldades, buscando essa equanimidade e, a conselho dos Babalawo, oferendam a Imole Esu e, por seu intermédio, a OLORUN.
Para que os Babalaôs não se excedam nas prescrição dessas oferendas, Imole Esu está sempre presente na Divinação Sagrada de Ifá, como o décimo sétimo Ikin ou "Coquinho de Dendê", o Olori Ikin ou "Senhor da Cabeça dos Coquinhos de Dendê Consagrados", o qual leva a sua efígie gravada.
Por essa razão, este décimo sétimo lkin é também chamado de Oduso ou "Vigia dos Odu", do verbo Iorubá So ou "Vigiar", ou seja, colocado no Tabuleiro de Ifá em uma posição tão privilegiada quanto a do Babalaô, ele representa Esu Oduso que é o Vigia dos Odu ou "Signos-Resposta" do Sistema lfá e, conseqüentemente de suas verdadeiras interpretações pelos Babalaôs, pois todo o bom cumprimento do Iwa ou "Destino" do Consulente depende de se bem compreender a Mensagem que Orisa Orunmila quer transmitir ao Consulente.
Daí se compreender que a ligação do Imole Esu com o "Jogo de Ifá" é inquestionável.
Assim, como vemos, Imole Esu não é nem mau nem tenebroso, antes, pelo contrário, freqüenta o Orun ou "Além", reporta-se diretamente a OLORUN e dialoga com os Imole ou Divindades e com os Onile ou Antepassados. Ele também não é indiscriminadamente vingativo , mas é o Transformador Divino que trata com equanimidade Divindades, Ancestrais, Babalaôs e Humanos por ordens de OLORUN.
E nada executa por sua própria vontade, mas cumprindo fielmente as ordens de OLORUN e os ditames do Iwa ou "Destino" livremente escolhido por cada Ori Orun ou "Individualidade no Além" de cada fiel e, através de Orunmila-Ifa, cumpre também as ordens das Divindades.
E se ele é considerado “trapaceiro" e “encrenqueiro”, o é pelos culpados, porque ele é o fiscal de OLORUN junto aos Orisa e, ainda, o Vigia dos Babalaôs e do bom cumprimento das obrigações rituais e sacrificiais por cada Fiel.
E se ele pode até matar, conforme se lê em diversos Ese dos Itan Ifá, é também ele que representa a Vida e a sua dinamização ou continuação, através do legítimo e natural prazer sexual que leva os humanos a procriar.
E se assim é há milênios, a Imole Esu só é devida a coragem de cada fiel em tentar realizar o seu Destino livremente escolhido antes de nascer, a sua Oferenda específica - o Ebo - do seu ritual Ipade e a nossa saudação, não de medo ou horror, mas de respeito, como a ele fez Osetuwa:


— "Agba Esu, Mo ju iba ! Iba se o!“ —
— "Esu Ancestral, presto-lhe minha homenagem!“-
-“Oh! Que esta homenagem se cumpra!" —
Assim sendo, quero terminar esta explanação com a tradução livre, mas coerente, de parte de um dos Versos dos Contos de Ifá, o do Odu Obara Meji:


Obara ni,
ki ndojubole Ki n'ba buru,
Ki Elegbara o jeki ngo lo
Nje ikuderin Moforibale l'Elegbara.
—"Obará Meji pediu que eu me prostrasse em reverência,
cobrindo minha cabeça.
Que eu deveria me prostrar e me cobrir em respeito,
para que Elégbará me permitisse prosseguir
em meu caminho de felicidade e riqueza.
Assim, minha morte transformar-se-á em longa vida de alegria.
Portanto, curvo-me ante Elégbará!" —

Então, assim, também eu o faço e assim também eu peço:


— "Imole Esu, aqui está minha oferenda!“—
— “ Por favor, peça a OLORUN que aceite esta oferenda
e alivie meu sofrimento!"—
Tó! (Assim seja!) Adupê, ó! (Oh, Obrigado!)

Mana, Àsé e Benção
Baba Oberefun Si Okojumide

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SÀNGÓ,OYA E O PODER DO FOGO

Sàngó, Oya e o poder do fogo





Sàngó havia conquistado o poder da cidade de Òyó e se tornado o seu terceiro soberano, governando com muita severidade e domínio total sobre seu povo, que não tentava irritá-lo ou ofendê-lo, pois ele era o possuidor do edùn àrá, a pedra do raio.

Seu símbolo de poder é o osé, um machado de lâmina dupla como representação de que “sua força é uma arma de dois gumes”, que equivale dizer que o mais distante habitante de Òyó não estava longe da autoridade de Sàngó ou imune aos seus castigos pelos delitos cometidos.

Embora consciente de seu poder, Sàngó buscava incessantemente novos meios de se fazer respeitado e temido por todos. Enviava seus mensageiros até os locais mais distantes de seu reino em busca de poções mágicas e amuletos, com o objetivo de aumentar o seu poder. Um a um iam chegando os elementos pedidos sem que satisfizessem os desejos de Sàngó. Decidiu ele, então, pedir a Èsù.

Enviou um de seus homens de confiança para as terras de Ìbàrìbá, onde Èsù se instalara, próximo à região dos Tápà. Lá chegando, o mensageiro declarou: “Oba Jàkúta, o grande Aláààfin de Òyó, enviou-me aqui para que lhe seja preparado um poder eficaz que cause terror no coração de seus inimigos.” Èsù perguntou: “Sim, isto é possível. Mas que tipo de poder Sàngó deseja?” O mensageiro respondeu: “Oba Jàkúta disse que muitos tentaram lhe dar o poder que ainda não tem, mas eles não sabem como fazê-lo. Tais conhecimentos pertencem somente a Èsù. Dê o que precisa que ele saberá o que fazer.”

Disse Èsù: “Sim, do que Sàngó precisa eu sei bem e eu lhe darei. Em troca quero receber uma cabra como sacrifício. O poder estará pronto daqui a sete dias; porém, você, mensageiro, não deverá ser o portador. Quem deverá vir aqui apanhar será a esposa dele, Oya.”

O mensageiro retornou para Òyó e contou a Sàngó o recado de Èsù, que concordou com o que lhe foi dito, e, já no sétimo dia, Sàngó instruiu Oya para ir onde estava Èsù: “Cumprimenta Èsù por mim. Diga-lhe que o sacrifício será enviado. Receba o poder que ele preparou e traga-o para cá rapidamente.” Em seguida, Oya partiu.

Pegando o pacote, Oya iniciou a jornada de volta. Mas a curiosidade começou a atiçá-la: “O que Èsù fez para Sàngó? Que espécie de poder pode estar neste pacote tão pequeno?” No longo do trajeto de volta, Oya foi pensando no assunto, quando resolveu parar para descansar. Como Èsù havia presumido que ela faria, Oya desembrulhou o pacote para olhar o que havia dentro. E o que viu possuía uma coloração vermelha. Colocou um pouco do poder na boca para testá-lo. Nem era bom, nem era ruim. Ficou pensativa por um instante e depois embrulhou de novo o pacote, seguindo viagem.

Ao chegar a Òyó, foi direto para o palácio de Sàngó. Assim que o viu entregou-lhe o pacote. Sàngó o recebeu e perguntou: “Que instruções Èsù deu a você? Como é que eu tenho que usar este poder?”

Oya disse: “Ele instruiu para ingerir o poder.” Nem bem começou a falar, faíscas saíram de sua boca. Sàngó entendeu que Oya havia testado o poder que lhe havia sido destinado. Sua ira foi violenta. Levantou a mão para bater-lhe, mas ela escapou do palácio. Sàngó a perseguiu, mas não a encontrou. Oya foi para um lugar onde muitas ovelhas estavam pastando. Correu entre elas, pensando que Sàngó não a encontraria. Mas a ira de Sàngó era terrível. Ele lançou seu grito, estrondos em todas as direções, a ponto de atingir as ovelhas, matando-as todas. Oya escondeu-se, então, embaixo das ovelhas mortas, conseguindo, assim, iludir Sàngó, que, cansado, retornou ao palácio onde uma multidão o aguardava. Todos suplicavam pela vida de Oya. “Sua compaixão é maior do que a sua ofensa. Perdoai-a.” A ira de Sàngó se atenuou. Ele enviou seus escravos para encontrar Oya e trazê-la de volta.

Sàngó não sabia, exatamente, como Èsù havia lhe destinado o poder. Assim, quando a noite chegou, Sàngó pegou o pacote com o poder e foi para um lugar alto contemplar a cidade. Lá, colocou um pouco do poder sobre a língua, e, quando expirou o ar, uma enorme chama saiu de sua boca, estendendo-se por toda a cidade. Sàngó passou a ter o poder sobre o fogo, que brotava de sua boca e de suas narinas, e, com isso, passou a intimidar seus adversários.

Em tempos de guerra ou quando certos assuntos desagradavam Sàngó, ele lançava seus raios e pedras do espaço, os meteoritos, sempre acompanhados por um clarão brilhante que acompanhava o céu e a terra. O povo dizia: “É o fogo disparado da boca de Sàngó.”

As ovelhas que morreram enquanto protegiam Oya da fúria de Sàngó nunca foram esquecidas. Em sua honra, os filhos de Oya passaram a recusar comer carne de carneiro como lembrança daquele dia.

NOTA:Iná: É o fogo. Elemento que caracteriza o poder de Sàngó; é lembrado na cor vermelha de suas contas. Pronuncia-se “inan”

Edùn àrá: Equivalente aos meteoritos incandescentes. Èdùn: machado; àrá: trovão, raio.

Ìbàrìbá: Região constantemente citada nos relatos, habitada por grandes conhecedores da magia natural e da existência de forças que causam e controlam os fenômenos da natureza. Na crença yorubá, a religião e a magia são tão interligadas que se torna difícil dizer quando uma invade o domínio da outra.

Ewé: Significa folha ou erva, e vem do verbo wé: embrulhar. Era hábito fazer oferecimentos utilizando-se folhas para embrulhar.

Ìbínu Sàngó: A fúria de Sàngó. Seu temperamento é lembrado em muitos cânticos, como o que segue:

Olómo kìlò fómo re

(Advirta o seu filho)

E má pèé Sàngó gbómo lo

(Para que Sàngó não seja acusado de rapto)

Bí ó soro,

(Quando ele fica feroz)

A so’gi dènìyàn

(Transforma a árvore numa pessoa)

Bí ó soro,

(Quando ele fica feroz)

A sènìyàn deranko.

(Transforma uma pessoa num animal.)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Èsù- Da teoria à compreensão da prática.

Um dos principais exemplos disto está na substituição do principal símbolo do Òrìsà Èsù, o Ogó, bastão em formato de falo(pênis), pela chave, um símbolo “ocidentalmente aceitável”. Vemos porém que Èsù / Bará não é simplesmente um “abridor de portas”. Isso designa apenas uma de suas várias funções dentro da crença yorubá. Ele é aquele que ultrapassa todas as portas, todos os limites, dentre todos os “mundos”, os espaços do Òrun e do Àiyé. Tem esse poder para cumprir sua função de comunicador universal, pois é ele quem estabelece a comunicação entre o ser humano e Olódùmarè (Deus Supremo), entre ser humano e Òrìsàs(divindades), entre o ser humano e demais entidades, entre Òrìsàs e Olódùmarè inclusive. Bem sabemos que não há como praticar qualquer ritual religioso ou oferendar o que quer que seja sem antes agradar Èsù. Não é apenas uma coincidência aleatória ele ser o 1° a ser chamado e agradado em qualquer cerimônia. Sem ele não há comunicação! Então tudo o que se fizer sem Èsù não alcançará sua finalidade, não chegará a quem se destinar, não haverão Òrìsàs “comendo”, dançando, recebendo oferendas e sacrifícios... Eles nem saberão do que está acontecendo, pois sem Èsù não existe o elo entre o material e o espiritual. A partir deste princípio, podemos perceber o porquê da necessidade individual de cada ser iniciado ter assentado seu Èsù individual, o porquê de cada Òrìsà ter o seu Èsù, responsável por “trabalhar” para ele. Caso não haja o Èsù ,ele(o Òrìsà) não receberá suas oferendas e sacrifícios. Assim como nós, seres humanos, para estarmos vivos, necessitamos dessa ligação entre o corpo material(ara), a cabeça(orí), a energia vital(èémí), espírito/alma(Òjììji). E é Èsù quem estabelece esse elo. Não é por acaso que quando alguém falece no mundo material usa-se a expressão “Bará abandonou o corpo”, assim como não é por acaso que o 1° passo do ritual de desligamento é o “despacho” do(s) Bará(s) pessoais da pessoa em questão. Obará é um dos títulos do Òrìsà Èsù, que significa “Rei do Corpo” (Obá: rei; Ara: corpo material). O Ogó simboliza bem mais do que apenas masculinidade. Representa fecundação, sem a qual não existe vida, transformação, abertura, multiplicação, continuidade, disseminação do àse. Também é o bastão que permite a Èsù locomover-se de um lugar a outro em milésimos de segundos. Este símbolo, julgado na ótica cristã-ocidental como símbolo de demonizarão e promiscuidade, é uma exaltação da vida em sua plenitude, do àse que se transforma e se renova, dando continuidade aos milagres da vida e da natureza, exaltação da imensurável sabedoria de Olódùmarè. Èsù também é conhecido como “provocador de situações”, aquele que “troca a lua pelo sol e o sol pela lua”, que brinca com a ordem natural das coisas. Quantas vezes falamos ou ouvimos dizer: “Quando resolvo um problema aparece outro!” ou “Quando acerto uma área de minha vida, aparece problema em outra!”. É Èsù! Aquele que está sempre nos colocando um novo desafio no caminho, um novo problema para resolver, muitas vezes sendo chamado de desordeiro e provocador de problemas. Porém, se olharmos através da perspectiva de que àse é força vital em movimento, em contínua transformação e renovação, a estagnação é que pode ser encarada como “contra-àse”, como desordem, desequilíbrio. Então Èsù ao invés de ser o desordeiro, surge como quem coloca as coisas na ordem natural de transformação, mutação e movimento. É aquele que traz à nossa vida os desafios, oportunidades de crescimento, mudança, renovação e superação. Èsù ainda é conhecido como o “fiscal do àse”, o responsável por premiar quem cumpre suas obrigações, bem como por castigar os que as deixam de lado. Através da crença da qual a oferenda é a restituição ritualística de parte do que consumimos, que nos é dado pela natureza, pelos Òrìsàs, por Olódùmarè, e a maneira de demonstrarmos gratidão e reconhecimento de que tudo parte desse Poder, inclusive nós mesmos, nossos corpos, nossa energia vital, nosso orí, nossa alma; constitui uma obrigação do restituir ritualisticamente o que nos é dado por Olódùmarè, para garantirmos a continuidade da vida e das bênçãos que recebemos dos Òrìsàs e da natureza (ver "Por que fazer oferendas e sacrifícios?_ A ida de Èsù e Òsétùwá ao palácio de Olódùmarè "). Èsù é responsável em garantir que façamos nossa parte para manter o equilíbrio do sistema. E esta regra não aplica-se apenas aos seres humanos, pois também as próprias divindades estão a mercê deste poder. A frase "Èsù Òtá Òrìsà" (Èsù inimigo de Òrìsà) faz alusão do papel de Èsù como fiscal inclusive das obras dos Òrìsàs, devendo comunicar qualquer ato a Olódùmarè. De tudo deve-se prestar contas perante o Poder Supremo, e a autonomia nesse campo de visão é sempre relativa. A toda ação corresponde uma reação, essa é uma das leis da natureza, uma das leis divinas. E dela nem mesmo as divindades escapam. Èsù longe de ser um poder negativo, como muitas vezes encarado inclusive por adeptos da religião dos Òrìsàs, é um Òrìsà primordial para manutenção da vida e do sistema no qual ela acontece. Um dos Òrìsàs mais próximos a Olòdùmarè e seu fiscal perante o homem e perante as divindades. É o comunicador, o multiplicador, o transformador, o fecundador, o desafiador, o elo; energia dinâmica inesgotável como o próprio àse! Èsù fi ire bò wà o. Èsù faça nossas vidas plenas de coisas boas!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

ILE ÀSÉ ALAKETU ÒSÚN FEMI E NOSSO PATRIARCA BABALORISÁ ANTONIO T´ÓSÚN








VERSOS DE IFÁ



Tradução livre: Dr.Hugo C. Doria
Hugo D’Omulú .

ODÚ OGBÈ
OGBE, diz que Orúnmilá e contra a idéia de pecado, ele conhece os nossos corações ser desde o princípio, conhece nossas cabeças: e as fraquezas, e a cabeça: imortal, que e Ori. Brinca quando nos responde sobre a cabeça do peixe, quando nosso caminho esta fechado, e quando a lagoa se fecha, e se abre quando e saudado junto a Ori, que e solicitado a trabalhar, com amor, ele cumprimenta as pessoas humildes, e 0 ser pequeno, e quer amado fora da terra, a cabaça contém o pó preto (carvao), o suficiente, a fila para a chegada dos quatro cavalheiros que são saudados, que fazem agrado ao ignorante tão necessário em EFON, apertando o cinto, e cuspindo para limpar a terra, o cuspe do Rei Olokún, que
cospe OKUN (o mar), o sopro de OGBE (dai ter nascido a expressao) "APE OLI OKlJN" que significa: OGBE nasceu da “longa respiração” (ou do longo ar) ..
Orúnmilá que saúda o seu rio, que saúda o som e escuta tudo, tem na mão a árvore sagrada. (dendezeiro), e alegra-se com a sua estatua vestindo MARIOW (folha de
dendezeiro), põe sal que da grado ao filho, a cabaça, e saúda-nos, junto a estátuas (Òrìsá), aparece, e saúda o que se fecha (a morte), é quando ver macho chorar. (o ser humano)ODI OGBERET! é também chamado de OGBE MOLOVO LABIRA (Ogbe- eu tenho -dinheiro – no – bolso).

OU OGBE MAHERE OWO

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O FEITICEIRO NEGRO


Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia. - De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão. - Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração fará um dia voar às alturas. - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como a águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: - Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não á terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, cicscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! - Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe! Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando no chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à carga: - Eu lhe havia dito, ela virou galiha! - Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levantaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e a vastidão do horizonte. Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, e voar para o alto, a voar cada vez mais alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...” E Aggrey terminou conclamando: - Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.

O se, o se o, o se o Eu agradeço, agradeço, agradeço Osè baba wa Por existires Pai (em mim) O se, o se o, o se o Eu agradeço, agradeço, agradeço Osè baba wa Por existires Pai em mim

AYÉ - CONJUNTO DAS FORÇAS DO BEM E DO MAL

Como foi dito, não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI: um trecho do adurá (reza) feito durante o assentamento de um IGBA-ORI diz: KORIKORI Que com o ase do próprio ORI, O ORI vai sobreviver KOROKORO Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento...
ORIKI ORI 2

ORI LO NDA ENI ESI ONDAYE ORISA LO NPA ENI DA O NPA ORISA DA ORISA LO PA NIDA BI ISU WON SUN AYÉ MA PA TEMI DA KI ORI MI MA SE ORI KI ORI MI MA GBA ABODI TRADUÇÃO ORI é o criador de todas as coisas ORI é que faz tudo acontecer, antes da vida começar É ORISA que pode mudar o homem Ninguém consegue mudar ORISA ORISA que muda a vida do homem como inhame assado AYÉ*, não mude o meu destino Para que o meu ORI não deixe que as pessoas me desrespeitem Que o meu ORI não me deixe ser desrespeitado por ninguém Meu ORI, não aceite o mal.

MUDE A SUA VIDA REZANDO ORI - 2

ORI MI, MO KE PE O O ORI MI, A PE JE ORI MI, WA JE MI O KI NDI OLOWO O KI NDI OLOLA KI NDI ENI A PE SIN LAYE O, ORI MI LORI A JIKI ORI MI LORI A JI YO MO LAYE TRADUÇÃO Meu ORI, Eu grito chamando por você Meu ORI, Me responda Meu ORI, Venha me atender Para que eu seja uma pessoa rica e próspera Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem Oh, meu ORI! A ser louvado pela manhã, Que todos encontrem alegria comigo

MUDE A SUA VIDA REZANDO ORI . Esta reza é para ser feita todas as manhãs, ou pelo menos 4 vezes na semana. Ao acordar, pela manhã, bem cedo, não fale com ninguém. Vá até o seu quarto de orisá, em frente ao Igbá de seu orisá fun fun (Obatalá). Caso não tenha em casa, vá à uma área onde vc veja o Sol nascendo. Coloque uma eniyn (esteira), caso não tenha, coloque um lençol branco. Ajoelhe-se, de frente para o Sol. Pegue um pouco de Gyn e bocheche, cuspindo para o lado. Não engula o Gyn. Pegue um copo de água fresca. Molhe o centro de sua cabeça e invoque ORI. Ori oooooo. Ori oooooo. Ori ooooo. E então proceda a essas Rezas. Não é necessário rezar em Yorubá, mas pode rezar. IRE O (BOA SORTE PARA VOCÊ)
EXÚ


PROCURANDO SEMPRE

Aonde quer que eu vá, estarei sempre procurando o mundo em caminhos fora do mundo .

ESU LEVA PROSPERIDADE, RIQUEZA, SAÚDE E AMIZADE À CASA DE ORUNMILA





Havia quatro amigos que conviviam juntos no orun, prosperidade, riqueza, saúde e amizade. Ambos decidem vir para o aye, onde estavam vivendo Esu e Orunmila, que também eram muito amigos, a ponto de Esu viver constantemente dentro da casa de Orunmila.
Em determinado dia, Orunmila em companhia de sua mulher, consulta seu Ifá para saber o que deveria fazer para ter, prosperidade, riqueza, saúde e amizade. É aconselhado a fazer determinadas oferendas à Esu, as quais se recusa a fazer pois disse estar muito cansado, porém sua mulher que o acompanhava no momento da consulta, passa a cobra-lo da execução das oferendas, pois acreditava que isto estava bloqueando a vinda de prosperidade, riqueza, saúde e amizade para a vida de Orunmila.
Enquanto isso no orun, os quatro amigos resolvem pôr vez, vir para o aye e trazer um presente para Orunmila. Antes, porém, consultam o Ifá para saber se chegariam bem à terra (aye). Ifá determina que façam uma oferenda, que além de outras coisas, deveriam ofertar um ofá cada um. Dentre os quatro, somente três fizeram a oferenda, o quarto não fez, pois alegou gostar muito do ofá para dispor dele para uma oferenda. Deram inicio à viagem.
Andaram muito, e se cansaram inúmeras vezes, pois o caminho era muito longo, fazendo com que a viagem fosse bem demorada. Finalmente chegam ao ponto de encontro dos dois mundos, Orita, ali param e se sentam para descansar novamente, ficando a espera de que alguém passe pôr ali, a fim de indicar qual o caminho para a casa de Orunmila.
Orunmila já estava ciente dos acontecimentos, mas sabia que se não fizesse a oferenda para Esu, o presente não chegaria até a casa dele. Como Esu tem pôr hábito ir periodicamente à Orita, lá chega e encontra os quatro amigos, primeiramente procura pôr comida, depois cumprimenta os quatro amigos e pergunta-lhe o que estão fazendo ali. Eles respondem:
- estamos a espera de alguém para nos indicar o caminho da casa de Orunmila, pois trazemos presentes para ele.
Esu diz para eles que não iria adiantar, pois ele havia saído da casa de Orunmila naquele instante e ele tinha morrido. Os quatro amigos se desesperam, pois não poderiam voltar para trás com toda a bagagem, era muito pesada e, longa demais a viagem. Despedem-se de Esu e voltam a se sentar para decidir o que fazer com tudo o que traziam.
Dos quatro, aquele que ainda tinha o ofá sente-se culpado e, decepcionado, enforca-se. Os três restantes ficam mais preocupados ainda, pois agora teriam que dividir entre si, a bagagem que o outro trazia. Esu, nesse ínterim vai para a casa de Orunmila, e lá chegando, pergunta à Orunmila:
Orunmila, quantos ouvidos você tem?
Ele lhe responde: Dois.
Esu pergunta: Para que ?
Ele lhe responde: Para ouvir.
Esu diz: Ouça bem então, há quatro coisas boa para vir para você, se me der um galo você as terá, caso contrário ficará sem elas.
Orunmila ignora o pedido de Esu. Sua mulher mais uma vez presente, insiste para que ele de o galo à Esu e, diz que se ele não fizer a oferenda, irá se indispor com ele. Desta forma, Orunmila opta pôr fazer a oferenda que Esu havia pedido. Após feita a oferenda, Esu muda sua aparência, tomando uma forma velha, e vai até onde estavam os três amigos.
E com voz de idoso, e muito convincente, diz: O que você estão fazendo aí?
Relatam então, tudo o que havia se sucedido para Esu, sem saber que se tratava da mesma pessoa.
Esu depois de ouvir tudo, diz: Imaginem só, Esu dizer que Orunmila morreu, ele mente, Orunmila é muito amigo meu, está vivo, tanto que acabei de sair de sua casa agora, onde fizemos um trabalho. Vamos levantem-se, eu os levarei até lá.
Chegando a casa de Orunmila, sem que ninguém ouça, ele fala para Orunmila: Não lhe disse que vinham quatro coisas boas para sua casa......
E dessa forma, prosperidade, riqueza, saúde e amizade entram na casa de Orunmila. De onde deduzimos que, a atividade de Orunmila, não se completa sem Esu.
Esu, grande deidade, inspetor da conduta dos seres humanos e dos rituais em si, a primeira estrela a ser criada pôr Eledunmare, foi lhe outorgado o poder da transferência do asé, o primeiro mito a ser criado.
Traz em si o fenômeno da dupla personalidade, joga em dois times sem o menor constrangimento, só esta de acordo com os que cumprem seus deveres com ele. Foi criado para gerar a dúvida no homem, e fazer com que a hierarquia seja respeitada. Ele tem o poder de transformar e manipular as pessoas, quando não é tratado convenientemente, ele bloqueia os caminhos.
ESU GBA AWA O!
ESU TARE WA
TARE SASA
TARE WA GBA WA!!!


Gbogbo ire ati alafia fun awa o!

Iyami A Grande Mãe


Iyami A Grande Mãe

A virtude de poder trazer filhos ao mundo que têm as mulheres, um fato quase mágico, maravilhoso que as acerca ao divino, é e foi também motivo de temor em muitos povos antigos, algo que era inexplicável, pelo qual as mulheres sempre foram vistas como possuidoras de certo poder especial. Fala-se da famosa "intuição feminina", mas mais do que nada, em todas as culturas há uma tendência a transformá-la em "bruxa", no sentido de crer que tem poderes inatos para comunicar-se com forças além do alcance do entendimento do homem. O mito da "bruxa" que voa na vassoura acompanhada por pássaros macabros é quase mundial, com pequenas diferenças segundo o lugar do mundo do qual falemos.
Também se relaciona a fecundidade com o misterioso sangue menstrual, que é a marca que pauta a conversão da menina numa mulher, daí em mais será considerada também uma Iyami, aquela que em qualquer momento deixará de ter a regra, inchando-se o ventre, revelando que tinha em seu interior a "cabaça da existência", o caminho pelo qual todos vêm do Orun para o Aye. Mais para confirmar dita transformação em "mulher" levam-se a cabo os "ritos de passagem" nos que as meninas-mulheres estarão isoladas durante vários dias, alimentadas e vestidas de um modo especial, onde conhecerão todos os segredos relacionados com as mulheres, os que serão devidamente dados pelas anciãs de sua comunidade.
Os ritos assegurarão entre outras coisas que seja possuidora de uma "cabaça” fértil e o alinhamento de seu lado espiritual feminino com seu corpo, convertendo-a numa mulher em todo sentido. Há ao final uma apresentação em público das garotas que deixaram atrás a etapa da meninice, para que os homens lhes tenham em conta no momento de querer escolher uma esposa. A palavra Iyami por si só, em realidade não identifica à mulher com o lado escuro de seu poder, muito pelo contrário é um modo de exaltar e homenagear sua capacidade de engendrar apelando a seu lado protetor maternal, pois significa: "Minha mãe". Esta forma de referir-se a qualquer mulher expressa um sentido de reverência àquela que serve de ponte entre os antepassados e os vivos, bem como também reflete seu importante papel maternal. Desse modo todas as divindades femininas são chamadas também Iyami, mais não no sentido de "bruxas" senão por tratar-se de uma homenagem verbal às grandes MÃES ESPIRITUAIS.
Embora a mulher seja fértil (ao menos em teoria por ter a regra), não se lhe considera apta para encarregar-se de certos aspectos importantes dentro das religiões africanistas. por muitos motivos, os principais não podem revelar-se aqui por tratar-se de um conhecimento que só devem possuir sacerdotes que adquiriram certo status na comunidade. Mais algumas razões práticas têm a que ver com o atendimento constante que requer o culto e uma mulher não pode dedicar-se por inteiro ao mesmo já que segue tendo a regra, pois devem abster-se do contato com as divindades durante esse período e no caso de ficar grávida, durante os últimos meses, o parto e a posterior quarentena (sem contar que depois por vários meses todo seu atendimento deve ser para o bebê).
Quando se fala de Iyami Osoronga muda bastante o conceito antes exposto, pois se refere ao mito sobre o poder feminino associado às AVES a partir de certas espécies que atracaram a mente do homem por sua rareza ou comportamentos macabros. Ainda que também não isolado das mulheres ou dos Orisas o mito Iyami se relaciona com estas por seus estômagos, mais precisamente com seu útero, ao qual sempre nos referimos como Igba Iwa (a cabaça da existência). Trata-se da comparação metafórica entre um ovo fecundado e a barriga da mulher grávida, onde se costuma dizer que a mulher tem o “poder do pássaro encerrado na cabaça”. No útero da mulher não se vê a simples vista ao bebê, mas sim se sentem seus movimentos, enquanto no ovo (de uma galinha, por exemplo) não se aprecia o movimento, mas se pode ver a depois de luz ao filhote, em ambos os casos se pode apalpar a fecundidade e o surpreendente poder "mágico" que isto implica.
O mito Iyami Aye então, não é o culto às mulheres bruxas nem às aves macabras, senão que é a associação mágica e metafórica entre o poder feminino da fecundação e o poder místico de algumas aves noturnas (principalmente) que somado a certos temores e sentimentos negativos dos seres humanos cria no espaço etéreo os Espíritos Coletivos das Eleye (donos das aves) ou Iyami Aje (Minha mãe feiticeira) ou mesmo Iyami Osoronga, todas estas denominações que aludem ao mesmo.
Estes espíritos são impessoais, nunca tiveram corpo humano nem o terão, fazem parte do homem e a natureza ao mesmo tempo, espécie de "parasitas" que aparece junto com o homem no mundo por causa de sua existência, não têm consciência, são alimentados pela idéias malignas e os temores, por isso se tornam consideravelmente perigosos no plano astral. Podem ter sexo masculino ou feminino e sempre vem em casal, representando o equilíbrio, a dualidade existente em todos os planos, inclusive no de nossos próprios temores mais escuros.
A crença popular yoruba se crê que têm forma humanóide com plumas, mais nunca se representam em imagens ou gravuras, só se intui seu poder através dos pássaros, os que majoritariamente são usados como símbolos nas bengalas metálicas (osun) dos Babalawos ou nas coroas dos Obas, representando que o possuidor tem a autoridade para acalmar-lhes e que para ganhar tal titulo primeiro teve que render homenagem ao Poder Feminino. As Iyami Aje atuam sob a supervisão de Oso e têm estreita relação com outros Orisá como Ogun que é o dono dos sacrifícios e quem provê o sagrado líquido pertencente à Eléye .
Quando há uma influência negativa por parte dos Eleye masculinos se diz que são os Oso quem estão trabalhando na contramão da pessoa, ainda que nunca haja um culpado externo responsável destes ataques, pois em verdade sempre é a própria pessoa que muitas vezes ganha "o castigo" através de seu comportamento. As Eleye são executoras da lei num sentido inverso, isto é, procurar o bem a partir do mau. Toda pessoa que tenha certa inclinação às características negativas para os demais está alimentando estas forças e ao mesmo tempo antevendo o mau perigosamente, o que em longo prazo faz com que a própria energia negativa da pessoa se converta em seu próprio juiz, Iyami Osoronga posará suas patas em cima de sua cabeça.
Não há nenhum ebó capaz de vencer o trabalho destes Espíritos, o único que se pode no máximo é apaziguar-lhes e isso é porque "vivem" em nossas entranhas, em estado latente. Sua função se torna importante, pois apesar de ser "inimigas" das pessoas tendem a regular o comportamento do Ser Humano através de seus medos. Quem deseja que Iyami Osoronga não se torne um obstáculo em sua vida deve frear os sentimentos de inveja, ciúmes, rancor, bem como qualquer pensamento negativo para seus semelhantes. Crê-se que as Iyami se reúnem em assembléia numa mesa presidida por Oso, onde se conspiraria e especularia sobre as maldades a realizar enviando os Ajogun após o questionamento se foi feito ou não os *ebó marcados por Babalawos através de Ifa. Deste modo servem de reguladores do comportamento frente às dívidas geradas ante as divindades, por causa de ter rompido o equilíbrio existente de alguma maneira seja numa vida anterior ou na presente.
A Iyami Ayé pertence toda sangue derramado na terra e também são quem controlam o sangue menstrual a que quando aparece revela a presença próxima destas criaturas, o que explicaria as dores típicas e o comportamento histérico que costuma ter as mulheres nessa etapa. Isto também é outra razão pela qual nos sacrifícios para Orisá o sangue não deve tocar a terra - existindo um método ritual que evita isso - e por que a mulheres com sua regra devem manter-se afastadas do culto. Ao suceder qualquer das duas coisas ou ambas, seria um tabu e a cerimônia estaria quebrada, devendo conferir ao oráculo por alguma solução.
Costuma-se oferecer-lhes preferencialmente as vísceras, pois se considera que é sua comida favorita, as que se preparam sempre depois de qualquer sacrifício para os Orisá de um modo especial e são apresentadas em pratos de barro forrados come ewe Lara. Os etutus para iyami são conhecidos como Iyala e significa "que o mal desapareça". Se lhes oferece também, durante qualquer sacrifício, um eko que serve para proteção, pois as acalma quando é despejado na terra, este representa o poder feminino, pois entre outros ingredientes leva: plumas - simbolizam muitos filhos e proteção; sangue - representa a menstruação e a vida.
Presume-se que a palavra Aje utilizada como "bruxa" prove da contração de Iya je (a mãe que come) aludindo a seu voraz apetite, sempre atraída pelo cheiro a sangue e vísceras ela pode vir sob a forma de mosca, pássaro, gracioso ou inclusive outros animais.