quarta-feira, 7 de setembro de 2011
YROKO
O majestoso Iroko, poderosa árvore, em cujos galhos se abrigam divindades e ancestrais. Poderosa árvore aos pés da qual são depositadas as oferendas para as feiticeiras. Poderosa árvore cujas raízes alcançam o
Orun ancestral e o tronco majestoso serve de apoio a Olorun. Iroko é o representante supremo do Culto dos Iguis, o culto aos espíritos das árvores que se assimila ao de Egungum. Grupo do qual fazem parte Apaóka, Odan e Akokô. No Brasil é considerado o protetor de todas as árvores, sendo associado particularmente à gameleira branca.
Seu culto está intimamente associado ao de Ossain, a Divindade das Folhas litúrgicas e medicinais. É o Orixá da floresta, das árvores, do espaço aberto; por extensão governa o tempo em seus múltiplos aspectos, possue forte ligação com Xangô. Seja num caso ou noutro, o culto a Iroko é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias. A árvore simboliza, o tronco ereto e viril, membro fecundante da terra e do céu, elo, cordão umbilical entre o Orun e o Aiê, na concepção restrita Iorubá. No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Iroko. Iroko foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o mogno, o pé de Obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroko, morava seu espírito. E o espírito de Iroko era capaz de muitas mágicas e magias. Iroko assombrava todo mundo, assim se divertia quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Fazia mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroko e seus poderes, quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte. No Brasil, Iroko habita principalmente a gameleira branca, cujo nome científico é ficus religiosa. Na África, sua morada é a árvore Iroko, nome científico chlorophora excelsa, que, por alguma razão, não existia no Brasil e, ao que parece, também não foi para cá transplantada. Para o povo yorubá, Iroko é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente cultuadas em todas as regiões que ainda praticam a religião dos orixás. No entanto, originalmente, Iroko não é considerado um orixá que possa ser "feito" na cabeça de ninguém. Para os yorubás, a árvore Iroko é a morada de espíritos infantis conhecidos ritualmente como "abiku" e tais espíritos são liderados por Oluwere. Quando as crianças se vêem perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se faça oferendas a Oluwere aos pés de Iroko, para afastar o perigo de que os espíritos abiku levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias e sete noites o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis seja afastado. O culto a Iroko é um dos mais populares na terra yorubá e as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve correr o risco de desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem. Iroko está ligado à longevidade. É referido como "Orixá do grande pano branco que envolve o mundo", numa alusão clara às nuvens do Céu. As árvores nas quais Iroko é cultuado normalmente são de grande porte; são enfeitadas com grandes laços de pano alvo (oja fúnfún) e ao pé dessas árvores são colocadas suas oferendas, notadamente nas casas de origem Ketu, onde recebe lugar de destaque.
Orixá Iroko
Jamais uma dessas árvores pode ser derrubada sem trazer sérias consequências para a comunidade. Iroko é o protetor das crianças indefesas, ele guarda para sí os espiritos dos Abiku, aqueles que quando chegam à Terra não se sentem bem e retornam a seu lugar de origem.Iroko é invocado em questões difíceis, tais como desaparecimento de pessoas ou problemas de saúde, inclusive a mental. Seus filhos são altivos e generosos, robustos na constituição, extremamente atentos a tudo o que ocorre a sua volta. Sua cor é o cinza, as cores das contas utilizadas nos ilekes de seus filhos é o verde e o marrom. O branco é muito utilizado em seus ojas, panos confeccionados de forma simples e com tecidos de baixa qualidade, preferencialmente o morim, que deve ser utilizado em seu tronco até o seu mais completo fim.
Orin T' Iroko
Iroko nsò?
Erò, Iroko nsò,
Erò.
(O que brota no Iroko?
Calma é o que brota em Iroko,
Calma)
ÀBÍKÚ são espíritos de crianças marcadas por várias mortes e retorno, reunindo-se num pé de Irocô para brincar e chamar as crianças-àbíkú vivas.
As mortes destas crianças geralmente foram mortes violentas, acidentes com mutilações ou comprometimentos de órgãos.
Se encaixam nesse grupo os que foram vítimas de homicídios, principalmente com requintes de crueldades.
Crianças vitimas de abortos, crianças abusadas fisicamente e mentalmente.
A crença de que os ÀBÍKÚS são entidades maléficas, se da em parte ao problema físico que em muitos casos eles ocasionam para suas mães.
O motivo não é difícil de entender.
Muitas dessas crianças foram rejeitadas em outras ocasiões, sofreram com abortos provocados, atrocidades das mais diversas e reconhecendo as futuras mães, pais e parentes e até mesmo nos seus irmãos elementos que criaram problemas no passados tentam de alguma forma vingarem-se.
Muitas vezes a mesma criança organiza seu nascimento várias vezes, deixando o corpo inerte em seguida, outros não chegam a nascer e ou quando nascem e ficam alguns meses, partem para o orun.
ÀBÍKÚ ou eméré formam sociedades no céu (egbé òrun), presididas por lyajansa (a mãe-se-bate-ecorre) para os meninos e olókó (chefe da reunião) para as meninas mas é Aláwaiyé (Rei de Awayé) que as levou ao mundo pela primeira vez na sua cidade de Awaiyé. Lá se encontra a floresta sagrada dos ÀBÍKÚS, aonde os pais de ÀBÍKÚS vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo.
Quando eles vêm do céu para a terra, os ÀBÍKÚS passam os limites do céu diante do guardião da porta, o aduaneiro do céu onjbodé òrun, seus companheiros vão com ele até o local onde eles se despedem.
Os que partem declaram o tempo que tencionam ficar no mundo e o que farão. Se prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes, essas crianças, apesar de todos os esforços de seus pais, retornarão, para encontrar seus amigos no céu.
Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta ÀBÍKÚS ao mundo pela primeira vez, cada um deles tinha declarado, ao passar a barreira do céu, o tempo que iria ficar no mundo. Um deles se propunha a voltar ao céu assim que tivesse visto sua mãe; um outro, que iria esperar até o dia em que seus pais decidissem que ela se casasse; um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um novo filho, um ainda não esperaria mais do que o dia em que começasse a andar. Outros prometem a lyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade no céu, respectivamente, ficar no mundo sete dias, ou até o momento em que começasse a andar ou quando ele começasse a se arrastar pelo chão, ou quando começasse a ter dentes ou ficar em pé. Resumindo: cada um fez uma promessa.
Nossas histórias de Ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento de causa são capazes de reter no mundo esses ÀBÍKÚS e Ihes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se arriscam a perder o poder sobre eles.
Os ÀBÍKÚS encarnados se perderem o tempo proposto para voltar ao Orun, criam uma situação de atrito com os que ficaram esperando, então, devemos fortalecê-los para evitar que, os que esperam não possam mais influenciar os encarnados.
A influência pode ser de várias maneiras, desde de sonhos, pesadelos, acidentes inesperados, estados de demência mental, atrofia de membros, vampirismo, estímulos ao agrupamento com mentes deturpadas e desequilibradas, pois embora sejam entidades definidas como crianças sabemos que sua forma engana, pois é uma energia espiritual tanto quanto a de um adulto, apenas a forma esta condensada, compactada numa visão etérea, infantil, tendo plena condições de obsessões ferrenha, que para eles tem justificativa.
Trabalho bem organizado para os que ficam, ou melhor; devam ficar e para os que estão lá pode fazer com que os encarnados encontre motivos, um outro caminho, estimulados pelo mecanismo das oferendas, que devem ser tanto para os encarnados como engambelo para os que estão no plano espiritual.
Os pais tem que saber, desmistificar e por em prática os ensinamentos para a má sorte poder ser modificada, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos.
É importante identificar o ÀBÍKÚ, seu passado, para entender o que pretende fazer. No caso, as condições nas quais o ÀBÍKÚ deixou o mundo em outra ocasiões. Esta noção sobre a importância de conhecer certos segredos é também expressa no conhecimento que se tem quando os ÀBÍKÚS combinam a chegada no aiê.
A fraternidade de meninos e meninas fazem suas combinações de códigos que se forem quebrados obrigam eles a ficarem no plano terrestre, o que seria para eles um castigo, portanto eles não deixam que suas combinações sejam descobertas pois furaria o acordo entre eles e os colegas que estão no orun .
Quando um encarnado souber, fará o necessário para que eles quebrem a palavra. É por isso que Ifá, quando consultado, orienta oferendas que furam o bloqueio secreto dos ÀBÍKÚS.
Essas oferendas são penduradas nas árvores acompanhadas de pratos de alimentos e doces.
As cerimônias serão feitas todos os anos, durante sete anos seguidos, e sempre observado pelo BABA, que poderá após consulta a Ifá determinar os axés até vinte e um ano.
Outras determinações pedem axé todos os anos até vinte e um e de sete em sete até quarenta e nove anos, quando ficará definitivamente no meio da família.
Tais oferendas são, com efeito, uma forma de expressão sem acompanhamento de palavras articuladas; o discurso é substituído pela apresentação dos objetos, provando que a oferenda conhece os segredos, fazendo-o assim participar do pacto dos ÀBÍKÚ.
Entre as oferendas que podem variar desde trajes de roupas, brinquedos, folhas, frutos, comidas diversas inclusive a que a entidade ÀBÍKÚ gostava em alguma fase de sua anteriores reencarnações, buscando sempre colocar ele em condições de se reeligar com os encarnados e desligar-se do reino antecedente.
As ofertas constituem uma espécie de mensagem, é acompanhada por encantamentos.
A intenção é através de rituais afastar os antigos companheiros e dar motivo para o encarnado continuar no meio, apoiado material e permanente na mensagem dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostís, sendo essa forma de expressão menos efêmera do que a palavra .
Quando existe a necessidade, são colocados xaorôs, anéis providos de guizo, usados nos tornozelos pelas crianças ÀBÍKÚS para afastar os companheiros que tentam no mundo, lembrar-lhes suas promessas.
De fato, seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a falta de palavra dos ÀBÍKÚS, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos e talismãs preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs.
0s membros da sociedade dos ÀBÍKÚ, egbé ará òrun, vêm do céu residir nos lugares pantanosos ou nos regatos, donde chamam as crianças que querem ficar no mundo, como também a volta da árvore IROCO.
Mas nem sempre precauções e oferendas são suficientes para reter as crianças sobre a terra.
lyájanjasa é muitas vezes mais forte. Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter.
Os corpos dos ÀBÍKÚ que morrem, são frequentemente mutilados, a fim de que, seu perispírito, dizem, percam seus atrativos e seus companheiros no céu não queiram brincar com eles, sobretudo para que o espírito do ÀBÍKÚ, maltratado deste modo, não deseje mais vir ao mundo.
É importante, que uma criança quando identificada como sendo um ÀBÍKÚ, receba o tratamento adequado, para que se mantenha com força suficiente de alcançar a maturidade e o esquecimento total dos laços antigos.
O esquecimento parcial gira em torno de 17 anos e o total 49 anos de idade, logicamente depende da qualidade e força vibracional dos ÀBÍKÚS envolvidos, da maneira que serão administrados os axés, o meio ambiente, os laços familiares.
Às crianças ÀBÍKÚS que conseguem sobreviver, são dados nomes específicos que fazem referência à sua especial condição de nascimento.
Isto deverá ocorrer sempre, no sétimo dia depois de seu nascimento - se for menina, ou no nono dia - se for menino. No caso de gêmeos, os nomes serão dados no oitavo dia após o nascimento. Esta festividade que comporta um ritual é denominada Ikomojade, e tem por finalidade principal, dar aos ÀBÍKÚS, mesmo que de maneira discreta, nomes que desestimulem sua volta ao Orun, alguns dos quais de conhecimento geral, relacionamos em seguida:
Age Igba - que a riqueza não se perca.
Aiye Dun - a vida é doce.
Aiye Lagbé - ficamos no mundo.
Apaara - freqüenta minha casa.
Apara - aquele que vai e vem.
Akisotan - não existe mais mortalha para o sepultamento.
Akuji – o que está morto, desperta.
Ajuki - o morto viverá.
Amatunde – o menino que retorna.
Ayomu mo - vai pra o céu e volta.
Bajoko – senta-se ao meu lado.
Banjokô - sente-se e fique comigo.
Buro-Orí-Iké - fica, espere e veja como serás mimado.
Duro – me atende e fica.
Duro Joyé – continua a gozar a vida.
Durosimi - espere para me enterrar quando eu morrer .
Ebe Loko – implora pra ficar.
Ení Lolobo – alguém partiu e voltou.
Enú- Kún-Onipê - o consolador está cansado .
Igbe Koyi - nem a floresta quer você- a selva rejeita essa criança.
Jekiniyin - permita que eu tenha um pouco de respeito.
Jekin-niyin – me dá seu preço.
Ifari – chamemo-lhes.
Iletan – está acabado.
Inu Kuno naipe – estou cansado (a) de receber pêsames.
Ikú Faryin – a morte perdoa.
Ikú Okura – a morte é apenas um nome.
Kaje Yu – não é aceito pra morrer.
Kike – indulgente.
Kokun – não morras mais.
Koni Bi Re – não vai lá.
Kosile – não vai enterrar mais.
Kosokó - não existe mais terra- a terra acabou.
Kosoko – não vai cruzar o túmulo.
Kumipayi – Kuti – a morte não mata mais este aqui.
Maku – não morre mais.
Malómo - não vá embora novamente.
Matnami – não larga mais a vida.
Obi Mesan – não vingarás.
Okú - o morto.
Oku se Hiyn – o morto que retorna.
Omotundé – a criança voltou.
Orun Kun – o céu está cheio.
Ratini – suporta-me.
Sinmi – é difícil ficar enterrado.
Shome – difícil fazer as crianças permanecer.
Tijú-Icú - envergonhe-se de morrer.
Tijuiko – vergonha da morte.
Tomi Mowo – quem sabe como cuidar.
Toyé – se ficares, receberás homenagens.
Wojú – difícil olhar para os meus olhos.
Como se vê, os nomes ÀBÍKÚ renegam a morte e a possibilidade de retorno ao Egbe Orun. Ressaltam a vida e o quanto é bom desfrutar das coisas existentes sobre a Terra, principalmente o amor dos pais e irmãos. Estas crianças devem ser chamadas, sempre, por estes nomes, o que ajuda o rompimento definitivo do seu vínculo com o grupo Emeré.
Periodicamente oferecem-se comidas ritualísticas às crianças ÀBÍKÚS, o que acontece, invariavelmente, por ocasião de seus aniversários natalícios, produzidas principalmente, com feijões e óleo de palma. Acredita-se que durante estes festivais, os espíritos ÀBÍKÚS se apresentam e, ao participarem do evento, são apaziguados.
Por eles não terem templo, assentamentos, ou local específico para receberem homenagem, mas da mesma forma que entidades outras sentem a necessidade de quando estavam encarnados, os ÀBÍKÚS sofrem de fome, sede e frio, uma vez que ninguém oferece o sacrifício para eles e eles, nem rituais especiais para ajudarem a se equilibrar energeticamente, propiciando melhorar sua condição de entrada os corpos de bebês recém-nascidos.
O alimento normalmente dado aos ÀBÍKÚ, o caruru tradicional oferecido aos ibeji.
Este caruru não é outra coisa senão o obèlá da cerimônia dos ÀBÍKÚ e preparado do mesmo modo. Oká (pasta de inhame). Obèlá (espécie de caruru). Èkuru (feijão moído e cozido nas folhas). Eran dindi, eja dindin (carne e peixe fritos). .
Em sua prece a tanyinon tinha evocado Sàlàkó, que com Tàlàbi são os nomes dados aos meninos e meninas que vem ao mundo com pedaços de membrana rompida sobre a cabeça; circunstância excepcional do seu nascimento que os aproxima da sociedade dos ÀBÍKÚ .
Os espíritos ÀBÍKÚ formam um grupo denominado Egbe Orun Abíkú, que habita o mundo paralelo que nos rodeia, o Orun, morada dos deuses e dos antepassados.
No Orun, termo que pode ser corretamente traduzido para céu, este grupo de espíritos dividem-se em categorias, de acordo com o sexo, sendo que os pertencentes ao sexo masculino são chefiados por Oloiko (Chefe do grupo) e os de sexo feminino, por Iyajanjasa (A Mãe que bate e corre).
Na sua vinda do Orun para o aiye (terra), os espíritos, também conhecidos como Emere, estabelecem um pacto com Onibode Orun, o guardião dos portais do Orun, condicionando sua permanência no nosso mundo, a determinadas exigências.
Convém reafirmar a situação do vampirismo, das obsessões, podemos assim dizer, exercido pelos ÀBÍKÚ desencarnados, é de extrema violência, podendo em muitos casos, levar uma criança de tenra idade a ter sofrimentos que seriam perturbadores até para adultos. Também a possibilidade desta crianças assediadas pelos ÀBÍKÚS desencarnados sofrerem acidentes que lhe causem mutilações , sofrimentos temporários ou definitivos, tanto no campo mental como físico, é muito grande e de grande constrangimento para todos que estão a volta, como tutores da criança ÀBÍKÚ reencarnada.
As pessoas diretamente ligadas a elas, sofrem ou são afetadas pelas vibrações dos desencarnados, tornando-se involuntariamente instrumentos em muitos casos de torturas, sofrimentos para o encarnado ÀBÍKÚ, assim de maneira involuntária, estimulam eles a desertarem da ação vigente. Além claro do constante sentimento de impotência e culpa, que em muitos casos chegam a raia da loucura, da depressão, pois não conseguem uma explicação lógica.
Pior quando pressentem que um perigo esta eminente e não conseguem entender o que e como possa acontecer.
É aconselhável, portanto, que se faça um ebori na criança ÀBÍKÚ ficando uma pessoa responsável, que deverá chama-lo sempre de MEU FILHO, independente do grau de parentesco que tenha. Este ebori deverá ser cuidado e de inteira responsabilidade da pessoa escolhida.
Geralmente é aquela que tenha ligação espiritual com o grupo ÀBÍKÚ, que na maioria das vezes, são filhos de XANGÔ, NANÃ, IANSÃ e OXALÁ, e claro, não esquecendo da mãe de todas as cabeça IEMANJÁ.
Estas pessoas serão encarregadas de conduzir as vibrações de equilíbrio destas crianças até alcançarem a idade em que estará liberta das perseguições dos ÀBÍKÚ companheiros de outra vida.
A criança ÀBÍKÚ quando desencarna a partir dos 54 anos, não mais estará vinculada aos grupos de origem, no entanto durante sua vida deve estar preparada quando tornar-se progenitor de observar a entidade que esta na ronda.
Sempre dias depois do nascimento da criança filha de ÀBÍKÚ, realiza-se a cerimônia de dar o nome, denominada ekomojadê, quando o babalawo consulta o oráculo para desvendar a origem da criança. É quando se sabe, por exemplo, se tratar de um ente querido renascido.
Os nomes podem referir-se ao seu orixá pessoal, geralmente o orixá da família, ou à condição em que se deu o nascimento, tipo de gestação e parto, sua posição na seqüência dos irmãos, quando se trata, por exemplo, daquele que nasce depois de gêmeos.
A partir do momento do nome, desencadeia-se uma sucessão de ritos de passagem associados não só aos papéis sociais, como a entrada na idade adulta e o casamento, mas também à própria construção da pessoa, que se dá através da integração, em diferentes momentos da vida, dos componentes do espírito.
Com a morte, estes ritos são refeitos, no axexe com a intenção de liberar essas unidades espirituais, de modo que cada uma delas chegue ao destino certo, restituindo-se, assim, o equilíbrio rompido com a morte.
O ebori de um ÀBÍKÚ deve ser fortalecido e observado de 40 em 40 dias até o sétimo ano, se o axé for feito antes dos 3, se passou muito desta faixa deve ser avaliado de 40 em 40dias mas não tem um período mínimo de 7 anos mas sim de 9 anos.
Se for descoberta a situação a partir dos 13 anos a situação é bem mais complicada, pois imputaria a criança ÀBÍKÚ encarnada uma jornada de sofrimento dos mais variados. Desde a saúde fragilizada até a parte financeira afetada. Na realidade haveria um rodízio de situações ao longo da vida, não dando condições da pessoa desfrutar desta vida.
Melhor seria resumir que a vida de um ÀBÍKÚ que consegue se manter vivo, uma vida de sofrimento dos mais variados, não tendo a mente deste elemento, descanso e paz. Pior que, quem esta a sua volta, sofre muitas vezes, sem perceber o efeito das vibrações destas entidades, que embora sejam infantis, podemos assim dizer, estão vinculadas a todas as entidades que se opõem a evolução do ser humano, através da reencarnação.
Os ÀBÍKÚ desencarnados se associam às entidades outras com a finalidade de fazer cumprir os contratos anteriores entre eles e os que estão encarnados, esquecendo-se da união, por estarem com o espesso véu da veste física.
Como coloquei anteriormente, a sorte (destino) pode ser modificada, numa certa medida, quando certos segredos conhecidos são aplicados de maneira correta e em tempo hábil. Dentre os elementos que podem ser utilizados, as folhas mensageiras são importantes, embora não tão usadas.
A próxima criança gerada pela mãe do falecido, se apresentar uma das marcas feitas no cadáver de seu irmão, com o lóbo duplo ou bipartido numa das orelhas, ou ainda, se possuir um sexto dedo num dos pés ou mãos, estará caracterizado a presença do ÀBÍKÚ, devendo ser imediatamente submetida aos rituais que lhe preservarão a vida e que, da mesma forma que os procedimentos relativos ao cadáver de seu falecido irmão, só podem ser ministrados por um sacerdote do culto de Ifá, Babalawo consagrado e especializado neste tipo de ritual.
Assegurado o nascimento da criança, e tendo esta, efetivamente nascida com vida, deverá então ser submetida aos rituais propiciatórios para que o espírito permaneça naquele corpo, com a garantia de que será aquela a sua última encarnação.
Um ebó será preparado, com um pedaço de tronco de bananeira vestido com roupas e gorros tingidos de osun e bordados de búzios e guizos.
Penduram-se tudo nos galhos de uma árvore e, no chão, arria-se ao redor do tronco, pratos ou alguidares de barro contendo inhame, acarajé, ekurú, akasá, canjica, doces, frutas, bebidas, folhas ritualísticas, tudo bem coberto com mel de abelhas.
Uma cabra, um pombo e um galo são sacrificados e arriados no local, onde permanecerão por algum tempo. Depois, embrulham-se os corpos dos animais sacrificados num pano branco, cobre-se com bastante pó de efun, amarra-se e enterra-se nas margens de um rio, ou despacha-se nas águas, de acordo com a orientação obtida através do oráculo.
Na confecção do ebó, não são utilizadas rezas ou cânticos, sendo exigida, isto sim, a presença dos pais biológicos do ÀBÍKÚ, que deverão saber o objetivo do ebó. As mesmas folhas oferecidas no sacrifício serão utilizadas em banhos e na confecção de pós mágicos que serão esfregados nas incisões do ÀBÍKÚ e na preparação do amuleto que deverá acompanhá-lo pelo resto da vida. As folhas têm que ser consagradas antes de sua utilização e, para isso, possuem ofós específicos, que ressaltam suas qualidades e funções.
Estas são as plantas sagradas utilizadas em seus rituais:
- Abirikolo - à cascaveleira, também
conhecida como amendoim-do-mato, ou
ainda, xekeré.
- Agidimagbayin - walteria americana - Folha
de veludo, erva de soldado.
- Idi - Amendoeira.
- Ija - Osun - Bixa orellana, Lin.
- Lara pupa - Mamona vermelha.
- Olobutoje - Pinhão-da-Bahia.
- Opa emere - Dobradinha-do-campo.
Estes são os ofós de consagração de cada folha:
Abirikolo: Ewe abirikolo, insinu Orun e pehindá. (Folha abirikolo, coveiro do céu, retorne).
Agidimagbayin: Ewe agidimagbayin, Olorun maa ti kun, a a ku mo. (Folha agidimagbayin, Olorun fecha as portas do Orun para que não morramos mais).
Idi: Ewe idi lori ki ona Orun temi odi. (Folha idi, diga que o caminho do Orun está fechado para mim).
Olobotuje: Olobotuje ma je ki mi bi abíkú omó. (Folha de olobotuje, não me deixe parir filhos).
Opa emere: Opa emere kipe ti fi ku, yiomaa ewu ni, nwón ba ri opa emere. (Galho de emere não permita que eles morram - a vara de emere os apazigua).
Formalizado o pacto, a criança viverá normalmente, como qualquer ser humano, só devendo morrer em idade bastante avançada.
Acredita-se que os seres humanos dotados de espírito ÀBÍKÚ, talvez pelo alto grau de evolução de seu ori, são dotados de muita inteligência e, no decorrer de suas vidas, transforma-se em verdadeiros líderes, dedicados ao bem estar de sua comunidade e principalmente dos seus familiares.
Obatalá participa das ligações que existem entre o orixá da criação, as pessoas de corpos mal formados, corcundas, aleijados, albinos e aqueles cujo nascimento é anormal (ÀBÍKÚ e ibeji).
Portanto, ao contrário que muitos falam, nada tem a ver com a criança que já nasce "feita" no santo.
Olorum fecha a porta para que não morram, mas sabemos que a criança vê coisas más em sonhos, criança chama seus companheiros, brinca com eles, briga, cobram a fidelidade e a promessa e eles dizem que quando sairam para este mundo, que não se esqueceriam deles, mas quando ele chegou ao mundo, ele os esqueceu. Seus companheiros chegam a beira do regato, eles chamam pelo companheiro.
Os pais atentos correm a procura dos babalawos, pedindo que Ifá os ajude, para que este ÀBÍKÚ não seja capaz de morrer, mesmo que seus companheiros o chamem e que ele não sejam capazes de encontrá-lo.
Se a família não corresponde com o carinho e as obrigações devidas, o chefe da sociedade (dos ÀBÍKÚ) no céu, parte para o mundo e ajuda a criança a partir. Estas crianças não escutam. Elas se vão.
Os rituais, embora antigos, passados de boca em boca, escondidos embaixo das unhas de pais e mães de santo, fagulhas espalhadas, de prática religiosa e cultural, que se adaptam e se aplicam ainda hoje através da sabedoria, associada à evolução tecnológica com muita propriedade.
No entanto existem rituais sabidos e antigos que não divulgarei por não aceitar, por acreditar ser rituais retrógrados que agridem, e estimulam mentes desorganizadas em nome de manter rituais dos antepassados e ortodoxos, manipulando assim dor e sofrimento com a desculpa de socorro e felicidade.
Quem esta desesperado, fragilizado e desejoso de um milagre pode aceitar o que considere, repito EU método inadequado.
A facilidade de hoje, através de exames radiológicos, confirmam com certeza situações que podem identificar um ÀBÍKÚ que esta comprometida em criar situações de sofrimento mãe-filho, exames que somados aos búzios ajudam a evitar sofrimento, amenizando as cargas energéticas grosseiras.
Ainda hoje e desde sempre, esperamos que perpetue-se o trabalho para a manutenção da vida em todas as suas formas, descartando o estímulo ao aborto, mesmo em situações de tratamento difícil, árduo, devendo a vida prevalecer sempre.
Pela prática divinatória , através do jogo de búzios, podemos identificar, nos dias de hoje, muitos desses ÀBÍKÚS, que percebemos em uma segunda instância, passam a existir por ingerência do ser humano, através do aborto praticado em tempos passados, sob o véu de mil e uma desculpa, mas o sacrilégio, o martírio é o mesmo.
Ao praticar um aborto, eliminamos apenas o corpo denso, o físico, mas não eliminamos o espiritual, que sofrerá a carga detonadora de seu corpo físico, gerando indignação, e cobrança futura.
Mesmo uma criança deficiente, deve ter sua vida mantida, desde que seu espírito esteja ativo.
Tem a criança deficiente e ou ÀBÍKÚ o direito de nascer? Temos o direito de rejeita-los por problemas físicos, ou por larvas espirituais grosseiras?
... esta pergunta parece, à princípio, absurda, mas não é, e nos dias atuais é tema aberto, ainda que à " portas fechadas".
A concepção de aprimoramento através da reencarnação sucessiva, rompe sobre maneira, com o véu do comodismo relativo a aborto e ao deficiente, e claro sobre os ÀBÍKÚ.
A reencarnação rompe com a fumaça que esconde a confusão, esclarecendo e valorizando todas as experiências humanas, tornando possível que materialistas espiritualistas e pragmatistas ofertem a cultura social preciosos subsídios, porque prevê que o homem do futuro será um homem prático, com condições de solucionar, com grande margem de êxito, os problemas terrenos e imediatos, valorizando o mundo material, pois estará mais certo da imortalidade, entendendo assim o significado circunstancial.
Nós, esotéricos, espiritualistas, místicos e todos que pregam a reencarnação como forma de aprimoramento, resgate; não supervalorizamos o nascimento de uma criança deficiente, mas observamos como um reforço na comprovação de nossa teoria a respeito da finalidade evolutiva do ser humano.
Por este motivo a criança deficiente e os ÀBÍKÚS, sob o prisma místico, têm o direito a vida, nascer. Reencarnar é ter a chance de evoluir, e quanto mais cedo um espírito se aprimorar, evoluir, se reajusta ou se redime pelas vidas sucessivas, tanto melhor para ele, e para todos da sociedade ligado a ele, pois estamos todos comprometidos direta ou indiretamente.
Nossas necessidades, nosso destino e nossos erros são muitos parecidos, e na engrenagem das leis cósmicos – Karma - tem sido e vai sempre ser regra unânime.
Quem colocar obstáculos no caminho do seu semelhante, terá obstáculos iguais a transpor em sua jornada, daí então a necessidade de trabalharmos e usarmos todos os meios possíveis para fazermos os ÀBÍKÚS membros de nossa sociedade.
Esta situação pode e deve ser tratado no seu campo espiritual, e os antigos nos legaram instrumentos para fazê-lo, através de ebós e oferendas específicas, que se vale do mesmo princípio dos antigos: "enganar" os ÀBÍKÚ.
Não vamos driblar as leis divinas, mas podemos alterar os casos não irreversíveis após o nascimento, mas durante a gestação e nos primeiros meses de vida, muita coisa pode e deve ser feita.
LENDAS:
Segundo a lenda, os ÀBÍKÚS vieram à terra, pela primeira vez, na localidade denominada Awaiye, trazidos por Alawaiye, rei de Awaiye e seu chefe no Orun.
O grupo era formado por 280 espíritos que, parando no portal do céu, fizeram diversos pactos, condicionando seu retorno a diferentes situações, que variavam de acordo com a escolha de cada um.
Desta forma, alguns estabeleceram a data de sua morte para depois que vissem pela primeira vez, o rosto de suas mães; outros, para quando completassem sete dias de nascidos; outros ainda, para quando começassem a andar; alguns, para quando ganhassem um irmão mais novo; outros, para quando se casassem ou construíssem uma casa. Havia aqueles que nascessem comprometidos a não aceitar o amor de seus pais e todos os presentes e agrados recebidos, seriam inúteis para retê-los na Terra, ao passo que alguns, se comprometeriam, simplesmente, a provocarem seus próprios abortos, não chegando sequer a nascer. Estabeleceram ainda que, se seus pais adivinhassem seus rituais, roupas e oferendas, e, se em tempo hábil os oferecessem, concordariam em permanecer neste mundo.
"Um caçador que estava à espreita, no cruzamento dos caminhos dos ÀBÍKÚ, escutou quais eram as promessas feitas por três ÀBÍKÚS quanto a época do seu retorno ao céu.
"Um deles promete que deixará o mundo assim que o fogo utilizado por sua mãe para preparar sua papa de legumes, se apague por falta de combustível. O segundo esperará que o pano que sua mãe utilizar, para carregá-lo nas costas se rasgue. A terceira (porque é uma menina ÀBÍKÚ ) esperará, para morrer, o dia em que seus pais lhe digam que é tempo dela se casar e ir morar com seu esposo.
"O caçador vai visitar as três mães no momento em que elas estão dando a luz seus filhos ÀBÍKÚS e aconselha à primeira que não deixe se queimar inteiramente a lenha sob o pote que cozinha os legumes que ela prepara para seu filho; a segunda que não deixe se rasgar o pano que ela usa para carregar seu filho nas costas, que utilize um pano de qualidade diferente (dos que se usam geralmente para este fim); ele recomenda, enfim, a terceira, de não especificar, quando chegar a hora, qual será o dia em que sua filha deverá ir para a casa do seu marido.
As três mães vão, então, consultar a sorte, e Ifá, Ihes recomenda que façam respectivamente as oferendas de um tronco de bananeira, de uma cabra e de um galo, impedindo, por meio deste subterfúgio, que os três ÀBÍKÚS possam manter seu compromisso.
Oferece-se um galo para o senhor dos caminhos, BARA LONA, que encombrirá o engodo, não despertando a curiosidade e nem a manifestação dos que estão no mundo espiritual. Porque, se a primeira coloca um tronco de bananeira no fogo, destinado a cozinhar a papa do seu filho, antes que ele se apague (o tronco de bananeira, cheio de seiva e esponjoso, não pode queimar) e o ÀBÍKÚ, vendo uma racha de lenha não consumida pelo fogo, diz que o momento de sua partida ainda não é chegado. A pele de cabra oferecida pela segunda, serve para reforçar o pano que ela usa para levar seu filho nas costas; a criança ÀBÍKÚ não vai achar que esse pano se rasgou e não vai poder manter sua promessa.
Quando chegou a hora de dizer à filha já uma moça, que ela deveria ir para a casa de seu marido, os pais não lhe disseram nada e a enviaram bruscamente para casa dele.
OS IBEJIS NASCEM COMO ÀBÍKÚS MANDADOS PELOS MACACOS
Era uma vez um fazendeiro que vivia caçando macacos, pois os macacos eram uma praga para o fazendeiro, devorando toda a sua lavoura.
O fazendeiro e seus filhos vigiavam a plantação e mesmo com uso de paus, pedras e flechas, não continham o ataque dos macacos.
O fazendeiro perseguia os macacos por toda parte, mas eles continuavam sua investida às safras. Eles criaram mil artimanhas para enganar o fazendeiro.
Nessa disputa, muitos macacos foram mortos, os sobreviventes persistiam.
Uma das esposas do fazendeiro ficou grávida. Veio então um vidente para adverti-lo. Ele disse que aquela matança de macacos era perigosa, pois os macacos eram sábios e tinham poderes. Disse que eles gerariam uma criança ÀBÍKÚ, aquela que nasce para morrer cedo.
Assim, logo depois do nascimento, a criança morreria e isso tornaria a acontecer de novo, num nascer para morrer sem fim, atormentando o fazendeiro até o último de seus dias.
O adivinho aconselhou o fazendeiro a deixar os macacos comerem em paz.
O fazendeiro ouviu, mas não se convenceu e continuou vigiando seus campos e caçando macacos na mata.
Os macacos decidiram mandar dois ÀBÍKÚS para o fazendeiro.
Dois macacos transformaram-se, então, em ÀBÍKÚ e entraram no ventre da esposa grávida do fazendeiro. Lá eles ficaram até a hora de nascer como gêmeos.
Eles foram os primeiros Ibejis a nascer entre os iorubás.
Foram os primeiros gêmeos.
Os Ibejis chamaram muito a atenção de todos.
Uns diziam que eram uma graça, outros, mau presságio.
Mas os Ibejis não permaneceram muito tempo vivos, logo voltando para junto dos que ainda não nasceram, pois eles eram ÀBÍKÚ.
O tempo passou e eles voltaram a nascer e morrer sucessivamente.
O fazendeiro estava desesperado com tamanha desgraça e foi consultar um adivinho de um lugar distante, já que "santo" de casa não faz milagres... para saber a razão daquelas mortes.
O adivinho jogou os búzios e explicou o que estava acontecendo.
Também advertiu o fazendeiro que parasse de perseguir os macacos, deixando-os comer em seus campos. O fazendeiro voltou para casa e não mais perseguiu os macacos.
Sua esposa deu à luz outros Ibejis e eles não morreram. Mas o fazendeiro não tinha certeza ainda se as coisas tinham mudado mesmo e então voltou ao adivinho.
O adivinho jogou os búzios e disse que dessa vez as crianças não morreriam e tornariam a nascer como ocorreria antes.
Disse ainda que os Ibejis não são pessoas normais. Eles têm grandes poderes para gratificar e punir os humanos. Que recebessem tudo o que pedissem para que seus familiares tivessem vida boa.
Quando o fazendeiro voltou para casa, contou para sua esposa tudo o que tinha aprendido. E assim aconteceu e a família do fazendeiro prosperou e na velha aldeia de Ifá, tudo transcorria normalmente.
Todos faziam seus trabalhos, as lavouras davam seus bons frutos, os animais procriavam, crianças nasciam fortes e saudáveis. Mas um dia, a Morte resolveu concentrar ali sua colheita. Aí tudo começou a dar errado. As lavouras ficaram inférteis, as fontes e correntes de água secaram o gado e tudo o que era bicho de criação definhou. Já não havia o que comer e beber.
No desespero da difícil sobrevivência, as pessoas se agrediam umas às outras, ninguém se entendia, tudo virava uma guerra. As pessoas começaram a morrer aos montes.
Instalada ali no povoado, a Morte vivia rondando todos, especialmente as pessoas fracas, velhas e doentes. A Morte roubava essas pessoas e as levava para o outro mundo, longe da família e dos amigos. A Morte tirava a vida delas.
Na aldeia morria-se de todas as causas possíveis: de doença, de velhice, e até mesmo ao nascer. Morria-se afogado, envenenado, enfeitiçado.
Morria-se por causa de acidentes, maus-tratos e violência.
Morria-se de fome, principalmente de fome, mas também de tristeza, de saudade até de amor.
A Morte estava fazendo o seu grande banquete. Havia luto em todas as casas. Todas as famílias choravam seus mortos.
O rei mandou muitos emissários falar com a malvada, mas a Morte sempre respondia que não fazia acordos. Que ia destruir um por um, sem piedade. Se alguém fosse forte o suficiente para enfrentá-la, que tentasse, mas seu fim seria ainda muito mais sofrido e penoso.
Ela mandou dizer ao rei, por fim:
“Para não dizerem que sou muito rabugenta, até concordo em dar uma chance à aldeia, basta que uma pessoa me obrigue a fazer o que não quero. Se alguém aqui me fizer agir contra a minha vontade, eu irei embora, mas só vou dar essa oportunidade a uma única pessoa. Não vou dar nem a duas, nem a três.”
E foi-se embora dali, saboreando antecipadamente mais uma vitória.
Mas quem se atreveria a enfrentar a Morte? Quem, se os mais bravos guerreiros estavam mortos ou ardiam de febre em suas últimas horas de vida? Quem, se os mais astutos diplomatas havia muito tinham partido?
Foi então que dois meninos, os Ibejis, os irmãos gêmeos Taió e Caiandê, que os fofoqueiros da cidade diziam ser filhos de Ifá, resolveram pregar uma peça na horrenda criatura. Antes que toda a aldeia fosse completamente dizimada, eles resolveram dar um basta aos ataques da Morte. Decidiram os Ibejis: “Vamos dar um chega-pra-lá nessa fedorenta figura.”
Os meninos pegaram o tambor mágico, que tocavam como ninguém, e saíram à procura da Morte. Não foi difícil achá-la numa estrada próxima, por onde ela perambulava em busca de mais vítimas. Sua presença era anunciada, do alto, por um bando de urubus que sobrevoavam a incrível peçonhenta. E o cheiro, ah, o cheiro! A fedentina que a Morte produzia à sua volta faria vomitar até uma estatueta de madeira.
Os meninos se esconderam numa moita e, tapando o nariz com um lenço, esperaram que ela se aproximasse. Não tardou e a Morte foi chegando. Os irmãos tremeram da cabeça aos pés. Ainda escondidos na moita, só de olhar para ela sentiram como os pêlos dos seus braços se arrepiavam. Mas podia-se dizer que a Morte estava feliz e contente. Ela estava até cantando! Pudera, tendo ceifado tantas vida e tendo tantas outras para extinguir.
Nesse momento, numa curva do caminho, enquanto um dos irmãos ficava escondido, o outro saltou do mato para a estrada, a poucos passos da Morte. Saltou com o seu tambor mágico, que tocava sem cessar, com muito ritmo. Tocava com toda a sua arte, todo o seu vigor. Tocava com determinação e alegria. Tocava bem como nunca tinha tocado antes. A Morte se encantou com o ritmo do menino. Com seu passo trôpego, ensaiou um dança sem graça. E lá foi ela, alegre como ninguém, dançando atrás do menino e de seu tambor.
O espetáculo era grotesco, a dança da Morte era, no mínimo, patética. Nem vou contar como foi a cena: cada um que imagine por conta própria. E é bem fácil imaginar.
Bem; lá ia o menino tocador e atrás ia a Morte. Passou-se uma hora, passou-se outra e mais outra. O menino não fazia nenhuma pausa e a Morte começou a se cansar. O sol já ia alto, os dois seguiam pela estrada afora, e o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá.
O dia deu lugar à noite e o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá.
E assim ia a coisa, madrugada adentro. O menino tocava, a Morte dançava. O menino ia na frente, sempre ligeiro e folgazão. A Morte seguia atrás, exausta, não agüentando mais. “Pára de tocar, menino, vamos descansar um pouco”, ela disse mais de uma vez. Ele não parava. “Pára essa porcaria de tambor, moleque, ou hás de me pagar com a vida”, ela ameaçou mais de uma vez. E ele não parava. “Pára que eu não agüento mais”, ela implorava. E ele não parava.
Taió e Caiandê eram gêmeos idênticos. Ninguém sabia diferenciar um do outro, muito menos a Morte, que sempre foi cega e burra. Pois bem, o moleque que a Morte via tocando na estrada sem parar não era sempre o mesmo menino. Uma hora tocava Taió, enquanto Caiandê seguia por dentro do mato. Outra hora, quando Taió estava cansado, Caiandê, aproveitando um curva da estrada, substituía o irmão no tambor. Os gêmeos se revezavam e a música não parava nunca, não parava nem por um minuto sequer. Mas a Morte, coitada, não tinha substituto, não podia parar, nem descansar, nem um minutinho só. E o tambor sem cessar, tá tá tatá tá tá tatá.
Ela já nem respirava: “Pára, pára, menino maldito.” Mas o menino não parava. E assim foi, por dias e dias. Até os urubus já tinham deixado de acompanhar a Morte, preferindo pousar na copa de umas árvores secas. E o tambor sem parar, tá tá tatá tá tá tatá, uma hora Taió, outra hora Caiandê.
Por fim, não aguentando mais, a aparição gritou: “Pára com esse tambor maldito e eu faço tudo o que me pedires.”
O menino virou-se para trás e disse: “Pois então vá embora e deixe a minha aldeia em paz.”
“Aceito”, berrou a nauseabunda.
O menino parou de tocar e ouviu a Morte dizer: “Ah! que fracasso o meu. Ser vencida por um simples pirralho. ”Então ela virou-se e foi embora. Foi para longe do povoado, mas foi se lastimado: “Eu me odeio. Eu me odeio.”
Tocando e dançando, os gêmeos voltaram para a aldeia para dar a boa notícia. Foram recebidos de braços abertos. Todos queriam abraçá-los e beijá-los. Em pouco tempo a vida normal voltou a reinar no povoado, a saúde retornou às casas e a alegria reapareceu nas ruas.
Muitas homenagens foram feitas aos valentes Ibejis. Mesmo depois de transcorrido certo tempo, sempre que Taió e Caiandê passavam na direção do mercado, havia alguém que comentava: “Olha os meninos gêmeos que nos salvaram.”
E mais alguém complementava: “Que a lembrança de sua valentia nunca se apague de nossa memória.”
Ao que alguém acrescentava: “Mas eles não são a cara do Adivinho?”
Fonte: vetorial.net
Àbíkú (nascer-morrer)
Sucessivos abortos numa mesma mulher, partos seguidos da morte da criança recém nascida, morte de crianças ou jovens, repentinas e associadas a estágios significativos de vida, tais como mudanças nas fases de crescimento, aniversários, casamento ou nascimento do primeiro filho, são identificados como acontecimentos ligados aos Àbíkú.
O que é “Àbíkú”?
A tradução literal é “nascido para morrer” (a bi ku) ou “o parimos e ele morreu” (a bi o ku), designando crianças ou jovens que morrem antes de seus pais. Há, assim, dois tipos de Àbíkú: o primeiro, Àbíkú – omode, designando crianças e o segundo, Àbíkú – Agba, referindo-se a jovens ou adultos que morrem, via de regra, em momentos significativos de suas vidas e sempre antes dos pais, apresentando nisso uma alteração da ordem natural que socialmente é aceita e entendida como: aqueles que chegaram ao Aiyé (mundo físico) primeiro, voltam primeiro ao Orún (mundo espiritual). Nessa questão, além da lógica natural, está presente a garantia da continuidade no Aiyé e a certeza da lembrança e do culto ao ancestral que deixa descendentes que recontarão sua história ao longo dos tempos, garantindo sua “sobrevivência” na comunidade.
No Orún vive um grupo de crianças chamadas Emere ou Elegbe e este grupo constitui o Egbe Orún Àbíkú, ou seja, sociedade das crianças que nascem para morrer. Contam os mitos que a primeira vez que os Àbíkú vieram para a terra foi em Awaiye e constituíam um grupo de duzentos e oitenta, trazidos por Alawaiye, chefe deles no Orún. Na encruzilhada que une o Orún ao Aiyé, ikorita meta, todos pararam e vários pactos foram feitos, definindo o momento particular do retorno de cada um ao Orún. Alguns voltariam quando vissem pela primeira vez o rosto da mãe, outros quando casassem, um terceiro grupo voltaria quando completassem determinado tempo de vida, um quarto grupo voltaria quando tivessem o primeiro filho, e assim por diante. E o carinho dos pais, o amor que recebessem ou os presentes não seriam capazes de retê-los no Aiyé. Alguns assumiram o compromisso de que nem nasceriam. Esse pacto deveria ser cumprido e os seus companheiros no Orún manterem-se presentes na sua vida, interagindo no seu dia a dia, para que não o esquecessem e retornassem ao Orún tão logo o momento pactuado ocorresse.
Como chega a ocorrer o nascimento ou a manifestação de um Àbíkú em uma gravidez? O Ioruba acredita que a acção do Àbíkú ocorre por determinação do destino da mãe, ou por força de magia/feitiçaria, ou por condições acidentais. O Prof. Sikiru Salami e a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, na sua monografia “Ayedungbe: a terra é doce para nela se viver – rito na luta contra a morte de Àbíkú”, definem essas condições acidentais como “aquisição inadvertida de um Àbíkú por uma mulher grávida que não tenha tomado os necessários cuidados para evitar isso”. Existe a crença de que uma mulher grávida, ao passar por determinados locais em que os Àbíkú se estabelecem, se não estiver devidamente protegida, pode ver-se invadida por este “espírito” e tornar-se sujeita à gravidez de um Àbíkú. Por isso cuidados especiais são tomados pelas mulheres tão logo tenham consciência do estado de gravidez. Não é raro que mulheres grávidas carreguem junto a barriga um “ota”, devidamente preparado, para evitar essa “invasão” por parte de um Elegbe. Sacrifícios, oferendas e rezas são feitas também com o objectivo de evitar que uma mulher tenha filhos Àbíkú ou que, grávida, venha a ser “invadida” por um deles.
Deixando de lado condições acidentais ou efeito de magia/feitiçaria, temos observado que a ocorrência de Àbíkú numa mãe invariavelmente repete uma história familiar que podemos reconhecer procurando os seus antecedentes. Ou seja, podemos procurar nos antecedentes familiares da mãe para constatar, invariavelmente, que este Àbíkú vem se fazendo presente na família, geração após geração, em linha directa ou não.
Outra questão interessante é que podemos afirmar com grande precisão que alguns Odú de nascimento predispõem a ocorrência de Elegbe. Assim, temos que mulheres regidas pelo Odú Ogundabede (Ogunda + Ogbe) são naturalmente predispostas a gerarem filhos Àbíkú e, identificadas, quando ainda não são mães, certas oferendas são realizadas e alimentos são-lhes dados para prevenir a ocorrência. Ebó igualmente é feito nas situações em que já geraram filhos ou planejam gerar – um preá é colocado acima da porta de entrada da casa e um peixe acima da porta de trás, para proteger os moradores da visita dos Elegbe que ali vêm em busca de seus companheiros. Neste caso, deixam de ter acesso ao interior da casa e levarão, no lugar da pessoa que vieram buscar, o preá e o peixe. Um Orin Egbe , cantiga dedicada a Aragbo ou Ere Igbo, Orixá protector das crianças Àbíkú, fala-nos desse Ebó.
Entendemos, assim, que Egbe é cultuado e louvado com a finalidade de defender as crianças da morte prematura e oferendas lhe são feitas para que “desistam” de levar os Àbíkú de volta para o Orún, sendo um de seus objectivos a questão da manutenção dessas crianças no Aiyé. Segundo o Prof. Sikiru Salami e a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, na obra já citada, “… Estabelece-se assim um jogo de forças entre Aragbo e a comunidade de Àbíkú que deseja levar seus membros do Aiyé, mundo físico, para o Orún, mundo dos mortos, mundo espiritual.
Cultos e oferendas são realizados tanto para que a comunidade de Àbíkú abra mão de levá-los de volta, como para que Ere igbo os proteja de serem reconduzidos à terra espiritual.” Todas as pessoas nascidas dentro do Odú Ogundabede, homens e mulheres, devem cultuar Egbe. Entende-se também que quem o cultua evoca as suas bênçãos em benefício das crianças do núcleo familiar. Aliás, o culto de Egbe e suas festas trazem muita semelhança com as festas e o culto que se fazem para “Cosme e Damião” e que são, muitas vezes, confundidas com o culto do Òrìsà Ibeji. Este Òrìsà e Egbe (ou Aragbo) são de distintas naturezas, justificam abordagens e tratamentos diferenciados, têm formas particulares de serem louvados, são cultuados por diferentes razões e necessidades, e os seus cultos não podem ser confundidos sob pena de incorrermos em erro de fundamento.
Por último, dois aspectos são importantes de serem nomeados: o primeiro, diz respeito ao que podemos chamar de comportamento peculiar da criança Àbíkú. São, certamente, crianças que se distinguem por este aspecto. Segundo, a resistência, na nossa cultura, que os pais têm em aceitar o facto de terem um filho Àbíkú e a dificuldade consequente em lidar com esta criança e todas as necessidades decorrentes da luta pela sua permanência no Aiyé. Cabe aí um importante papel para o sacerdote que pode ajudá-los a compreender a questão, dar-lhes orientação e acompanhamento durante todo o processo.
Texto de José Ribas
Àbíkù 'lenda'
Três AbikuEstavam fazendo suas Promessas um Oníbodè Sobre o tempo em Que Morreriam e deveriam retornar ao Órun.O Primeiro Disse Que o fogo QUANDO Utilizado n preparar o Seu Alimento se apagasse Ele morreria, o segundo Disse Que quando O tecido Que SUA Mãe utilizara para Carrega-lo rasgasse Que Ele morreria, o Terceiro Disse Que QUANDO Seu Casamento Seu pai autoriza-se e ELA Fosse um morar com ELA morreria.Um Seu Marido caçador ouvirá Aquilo Que Tudo Contar logo Foi como mães dos Abiku chegando QUANDO ELAS dará uma luz Os Filhos e lhes dizer O Que Não Poderia Acontecer Para quê Seu Filhos morressem Não, como logo MESMA UM Consultar Foram babalaô Que lhes ALGUNS Fazer recomendou ebós impediriam Que OS Abiku de manter SUAS Promessas um Oníbodé.
Com isto OS três Mais Não puderam manter uma promessa como PORQUE SUAS circunstâcia de morte Aconteceram Não como foi Prometida Oníbodé uma enguia e seguiram Outros caminho em SUAS VIDAS NA terra.
"Abiku: Espíritos Vivem Que de ir e vir ao Mundo, no Brasil Pessoas Abiku São iniciadas de Formas Especiais tendo SEUS Direitos restritos Por sua condição.
ALGUNS EXEMPLOS DE Nomes dar uma HÁ Abiku.
Não Fique indo e voltando.
Fique e goze da Vida.
Mais Não Morra.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Convida para celebração do Ogún Odún Èkétà Do Babalorisá Antonio T’Òsun
Ilê àse alaketú òsun
femi & Babalorisá
Aláibialé t’Osoguiã
Convida para celebração
do Ogún Odún Èkétà TÒSUN FEMI
Do Babalorisá Antonio T’Òsun
Dia 25/09/11 ás 17:00hs
Rua Américo sugay
n°1010
Vila jacuy :São Miguel Paulista
TEL 2037-6998
Orìkí fún Òsun
Orìkí fún Òsun
Ìba Òsun sekese
Ìba Òsun olodi
Latojoki awede we’mo
Ìba Òsun ibu kole
Yeye kari
Latokoko awede we’mo
Yeye opo
O san rere o
Àse
Orìkí para Òsun
Eu elogio a deusa do mistério, espírito que limpa de dentro para fora,
Eu elogio a deusa do rio
Espírito que limpa de dentro para fora
Eu elogio a deusa da sedução
Mãe do espelho
Espírito que limpa de dentro para fora
Mãe da abundância
Nós cantamos seus elogios
ÀSE
OMO ÒRISÁ MAURICIO T'OSUMARÊ DO ILÉ ÀSE ALAKETÚ ÒSUN FEMI & BABALORISÁ ANTONIO T'OSUN
Osumarê é o Arco Íris, sinal de bons tempos, de bonança. É o Orixá da riqueza, do dinheiro, chamando carinhosamente de “ o banqueiro dos Orixás”. É a cobra sagrada Dan. Orixá da prosperidade, da fartura, do lucro.
O homem, que vive atrás do dinheiro, que trabalha para ganhar seu sustento, não pode imaginas, às vezes, que tem esta força da Natureza diariamente ao seu lado. Oxumarê esta presente praticamente em todos os momentos de nossa vida, pois tudo gira em torno do dinheiro.
Oxumarê está presente nas negociações, no pagamento de contas, no recebimento de um prêmio, na compra, nos negócios envolvendo gastos, lucros e despesas. Está presente nos bancos, nas financeiras, enfim, nos lugares onde se manuseia dinheiro.
Oxumarê é o perde/ganha do homem. É a felicidade de receber uma quantia e a tristeza de perder outra. É o elemento das grandes negociações, da aposta. Seu encanto está no tilintar das moedas.
É também o Orixá das prosperidades, da fartura, da abundância. É por isso que aqueles regidos por Oxumarê sempre estão bem e vida. Para eles o dinheiro não e problema. Gastam e ganham demais e estão sempre com os bolsos cheios.
Oxumarê é aquele que sabe fazer negócios. Quando se vai fechar um contrato, fazer uma compra, uma proposta, vender algo invocamos Oxumarê para nos orientar, pois ele é o Orixá que sabe negociar. É ele que sabe pechinchar, tratar, comprar e vender.
Oxumarê também é a beleza das cores. É o arco-íris, que vai colorir o céu, anunciando coisas boas. É o fenômeno que vai gerar o colorido do céus. É a beleza da cor, a hipnose da cobra, a felicidade do lucro.
Mitologia
Irmão gêmeo de Ewá e tendo com irmãos mais velhos Ossãe e Obaluaê - todos filhos de Nana – Oxumarê sempre foi frágil, franzino, mas dotado de grande inteligência e capacidade.
Um dia, viu-se frente à frente com Olokun pai de Iemanjá, que perguntou-lhe como poderia achar pedras brilhantes, preciosas.
Oxumarê pensou, pensou e respondeu ao Senhor do oceano:
- Meu rei, se quer as pedras preciosas, é preciso que faça um investimento e me dê seis mil búzios (moeda corrente na África antiga).
Respondeu Olokun
- Eu lhe dou!
E Oxumarê apontou para a própria casa de Olokun, o mar, explicando-lhe que nas partes rasas poderia encontrar o que procura. As pedras, nos pontos mais rasos do mar, brilhavam com a luz do sol.
Olokun ficou tão feliz que, além do pagamento dos seis mil búzios, ainda deu a Oxumarê a capacidade de transformar-se em serpente e poder, com a ponta do rabo, tocar a terra e com a cabeça tocar o céu.
Com tal poder, Oxumarê transformou-se em serpente, esticou-se até a terá de Olorun, no céu e com os seus mil búzios falou ao Criador:
- Pai, cheguei até o Senhor. Tive que esticar-me demais, para pedir-lhe ajuda, para fazer de mim aquele que tem capacidade de dobrar tudo o que tem.
E Olorun dobrou o número de búzios – de seis para doze mil.
Daí para frente, Oxumarê passou a ser consultado sobre os grandes negócios dos Orixás. Principalmente Xangô, que fez dele seu consultor, seus grande conselheiro, aumentando sua riqueza de deus do trovão, ao mesmo tempo em que a do próprio Oxumarê.
E este poder de se transformar em serpente e ir até o céu, originou uma saudação em forma de Orikí, muito bonito, que diz:
- Oxumarê ego bejirin fonná diwó.
“O Arco-íris que se desloca com a chuva e guarda o fogo no punho.”
Dados
Dia: terça-feira;
Data: 24 de Agosto;
Metal: ouro e prata mesclado;
Cor: amarelo mesclado com verde ou amarelo pintado com preto;
Partes do corpo: espinha dorsal, sistema nervoso e sistema neurovegetativo.
Comida: ovos cozidos com azeite de dendê, farinha de milho e camarão seco;
Arquétipo: desconfiados e traídos, observadores, pessoas que desejam ser ricas, pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos. Com sucesso tornam-se facilmente orgulhosos e pomposos, gostam de demonstrar sua grandeza recente, mas estendem a mão em socorro quando alguém precisa.
Símbolos: duas serpentes de ferro
sábado, 3 de setembro de 2011
OLOKUN
O
LOKUN, Orisa de grande importância, ainda pouco conhecido no Brasil, porém muito difundido e cultuado na Nigéria.
As crenças, em geral, são fundamentadas em algo original ou histórico; na África existem inúmeras. Diz-se que OLODUMARÉ vagava pelo espaço, quando somente havia pedras e fogo. Em função do vapor produzido pelas chamas, grande quantidade de nuvens se acumulou no espaço, precipitando sob a forma de chuva. Onde o fogo havia queimado mais, o terreno ficou mais profundo, dando origem aos grandes oceanos que cercam a terra. Neste momento, nascem todas as IYEMONJA"S do mar, desde OKUTÉ até OLOKUN, que é a mais alta representação dos Orisas, depois de ODUDUWA. Quando o mundo se formou, existia maior quantidade de água do que de terra e, por isso, OLOKUN ocupa o segundo lugar no panteão yorubá. Esta divindade, também, é conhecida pelo nome de AGANA-EKUN IJÁ MOAJÉ, que significa "a profundidade dos oceanos, mãe dos peixes e dos caracóis do mundo". Ninguém sabe o que há no fundo do mar, isto é tratado no signo Iroso Meji (4-4 Meji), um dos signos do meridilogun; daí vindo a reza: OMI TUTO, ONA TUTO, TUTO ILÊ, TUTO ARIKU BABAWA (água fresca em minha vida, água fresca em minha casa, água fresca para todos os espíritos bons desta vida). Com OLOKUN vivem dois espíritos: SAMUGAGAWA (A serpente), que simboliza a vida e AKARO (A cabeça), que simboliza a morte. Ambos estão representados nas ferramentas de OLOKUN.
Este Orisa não fala diretamente por sua boca, mas se comunica através de IYEMONJA, já que esta foi o primeiro caminho que veio à terra e que, também, se denominou YEMBÓ. Gostaria de chamar-lhes a atenção quando digo "caminho de Orisa", pois muitos interpretam mal o que isto significa. Por exemplo, IYEMONJA possui oito caminhos: primeiro YEMBÓ, segundo OLOKUN, terceiro MAYE"LEWÓ, quarto ASHABÁ, quinto OKUTÉ, sexto OCOTÓ, sétimo IBU-ARU e oitavo IBU AYE. Estes caminhos estão representados nos sete mares que rodeiam a terra e nas sete reencarnações deste Orisa em sua trajetória. Tudo isto está explicado em um patakin do signo Iroso Ogbe (4-8).
Existe a tradição de assentar OLOKUN para todos aqueles que irão fazer IYEMONJA. OLOKUN só se assenta, ou seja, não se faz na cabeça de ninguém; aos filhos de OLOKUN se faz IYEMONJA. Também, se assenta OLOKUN a qualquer pessoa que seja feita, não importando o santo, porém deve possuir assentamento de ESÚ. Os signos (4-7), (7-4), (4-3), (3-4), (7-7) e (1-4) tratam desta questão. Caso uma pessoa tenha algum impedimento para o feitura do santo, também, assentamos OLOKUN para esta, com o objetivo de garantir sua saúde e, particularmente, para protegê-la de doenças graves, até que seja possível a feitura do santo, porém, antes, ESÚ deve ser assentado.
Õtöötö-tó,
Õröörö-rö,
Õtöötö l`à á jé êpá,
Õtöötö l`à á jé ìmumu,
Ohún torí n`torí,
Ohún t"òòrè n"t"òòrè
Àt"orí àt"òòrè Ôrunmílà ni ó d"ogún yéké
Mo ní ó d`ôgbõn yéké
Ìÿëpë awo ile Olökun
Adífá fun Olökun
Ôjö ti omi ilé Olökun kò tó böjú
Ìtí awo t`ilé Olökun
Adífá fun Olökun
L`ôjö ti omi ilé Olökun kò tó bù w`ésê
Bèbè õtún, Awo Olökun
L`ó dífá fun Olökun
L`ôjö ti omi ilé Olökun kò tó nkankan.
Bèbè òsì, Awo Olökun
L`ó dífá fun Olökun
Ôjö ti omi okun kò tilê níláárí rárá.
08/12/10 excluir
mistic
TRADUÇÃO DA ADÚRA DE OLOKUN
As coisas são feitas em ordem
As coisas são feitas tranquilamente
Separadamente nós comemos amendoim.
Separadamente nós comemos imumu (amendoim especial).
O que pertence a cabeça é a cabeça(a ela mesma)
O que pertence a Oore é Oore
Com a cabeça e Oore, Orunmila contou vinte,
Eu contei trinta.
Isepe era o sacerdote da casa de Olokun
Foi quem consultou Ifa para Olokun
Iti foi o sacerdote da casa de Olokun
Foi quem lançou Ifa para Olokun
Quando as águas de Olokun não eram suficientes para lavar os pés
Lado-direito-da-margem-do rio, sacerdote de Olokun
Lançou Ifá para Olokun
Quando as águas de Olokun não valiam nada
Lado-esquerdo-da-margem do rio, sacerdote de Olokun
Lançou Ifa para Olokun
Quando as água de Olokun não tinha nenhum valor as coisas.
O CULTO A OLOKUN NA NIGÉRIA
Existiram os quatros sacerdotes que consultaram Ifa para Olokun quando Olokun necessitava de ajuda: Isepe, Iti, Bebe otun, e Bebe Osi. Eles disseram que Olokun não iria mais se banhar com suas próprias águas, então Olokun procurou seu sacerdote conhecido como Ota-ribiribi, o sacerdote das águas. Ota-ribiribi disse a Olokun não temer porque ela voltaria a ser como era antes. Foi então dito a Olokun fazer um sacrifício com dez ovos cruz (eyin) e dez bananas (ogede omìní) , e ela ofereceu. Ele havia dito a ela andar em frente a sua casa, em uma direção até o sol que estava diretamente com o zênite(ponto astral) e qualquer lugar que ela fosse deveria quebrar um ovo e uma banana naquele local e então voltaria para casa ( eyin l`orò, bo bá ti bálç fifö ló nfó " Eu digo ao ovo, isso cai e quebre aos cair) . Ela fez então, caminhando em diferentes direções todos os dias até ela exaustada, quebrar todas os ovos e bananas logo, ela olhou a sua direita e sua esquerda, e todos aqueles caminhos estavam se enchendo de águas. Ela escutou as águas baterem umas as outras tão longe que seus olhos até podiam ver, e como ficou tão feliz cantou uma música (Orin), agradecendo seu sacerdote:
Oyígìyígì, õtá omi,
Oyígìyígì, õtá omi.
Oyígìyígì, õtá àikú,
Oyígìyígì, õtá omi.
Oyígìyígì a pedra dentro das águas,
Oyígìyígì a pedra dentro das águas.
Oyígìyígì a eterna pedra,
Oyígìyígì a pedra dentro das águas.
Então Olokun voltou rica e prospera e "todo seu corpo" voltou a ter água novamente por toda sua terra. Entretando Olokun voltou a sua casa e viu aqueles sacerdotes que disseram que ela não teria mais nada, ela então joguei sua areia para cima deles e os jogaram para longe do suas terras. Quando Olokun ficou nervosa chorando suas areais para longe, uma musica foi cantada:
Omi n`wo yànrín gçréré o
Omi n`wo yànrín gçréré
Omi o l`ôwô, omi o l`çsç
Béé l`omi n`wo yànrín gçréré
Veja como a água puxa a areia sem resistência
Olhe a água escavando a areia sem resistência
A água necessita das mãos, necessita das pernas
Ainda que a água puxa a areia sem resistência
E Olokun nunca se esqueceu do seu sacerdote Ota-ribiribi, o sacerdote que vive dentro das águas e conhece todos os segredos das forças que as abrangem. Este verso do odu Ejiogbe é só um detalhe que explica como é importante para os povos denominados yoruba cultua-la de forma precisa para que nos dê riqueza e saúde. Olokun é um Orisa que dança igual uma majestade real, dando-nos seus cawries(ôwô-erô " búzios) para nos abençoar infinitamente com a riqueza. Olokun faz junção não só todos os oceanos mas também todas as águas do Universo, então elas traz todas as bênçãos através das águas para acalmar nossos corações e nos dar saúde e alegria. Olókun sempre traz boas mensagens, a mais significantes delas são duas: a benção advém das responsabilidades, e o respeito (ibôwô) adquire-se com a honra ( owà )e caráter ( ìwà). Existe uma frase de um Oríkì àwon Orí que revela os traços de Olókun com as jóias preciosas, como os okún(buzios), ileké`s em forma de idé(idé olokun) e sua Ade em forma de buzios, com sua roupa toda branca mostrando o poder dos Orisa funfun(brancos) signo da pureza e suavidade ao qual Osún, Yemója, Oluweri, Orisa Aje, Olosa empregaram para aprimorar os poderes misticos no universo.
ENALTECENDO O ESPIRITO DO OCEANO
Oriki OLOKUN
Malókun bu owo wa, jimi tète nuwa o. Oba Omí ju OÖkè BA.
Espírito do Oceano, por favor, me dê a abundância para que eu possa ficar rico rapidamente. O Espírito do Oceano é maior do que o chefe do terreno.
Malókun ni mo da ba jimi tète nuwa o. Oomi ba ju OÖkè BA. Ase.
É o Espírito do Oceano que eu chamo para a abundância. O Espírito do Oceano é maior do que o chefe do país. Que assim seja.
ÌPÒNRÌ
O mundo é um conjunto de forças coordenadas e hierarquizadas segundo a sua classe e o seu direito de prioridade.
Os primeiros pais dos homens, os fundadadores de clã e entidades, ONILE / ÌDÍLÈ - a quem DEUS comunicou a sua força vital, assim como o poder de exercer sobre toda a sua descendencia a sua influencia de energia vital - ÌPÒNRÌ - ligando o homem a ELEDUNMARE.
Esta ancestralidade - ÒKÚ ÒRUN - possui uma força extraordinária como fundadora do genero humano familiar e propagadora da divina herança da força vital - ÌPÒNRÌ. Por esse motivo é sempre invocada e cultuada nos ritos de iniciação, sobretudo nos rituais de BORÍ.
O primeiro antepassado AKODA, prolonga-se nos seus descendentes através de sucessivas utilizações de parte da essencia ancestral. ÌPÒNRÌ.
Na cultura Yoruba a manifestação se processa atraves da forma de culto denominada EGÚNGUN.
kÀDÁRÀ - Circustancia de aquisição do seu destino.
O que quer que lhe seja confiado e inalteravel e se torna parte da pessoa para o resto da vida.
Todo este ritual e assistido por Òrúnmilà, que se torna testemunha do que esta sendo determinado.
Por essa razão, as nuances deste destino podem ser devidamente acompanhadas, atraves de consulta à Òrúnmilà -Ifá e com a possibilidade de reajustar o que esta em dissonancia com o que foi determinado.
Assim sendo temos:
Orí Inu - Odù - Ìpònrì - Òrisà - Ewò.
Nesta ocasião é que Olòdùnmàrè entrega a pessoa:
Ori inú - essencia do ser.
Odù - signo regente da vida.
Ìpònrì - Força vital ancestral
Òrísà - divindade tutelar.
Ewò - tabús, proibições e deveres.
Veja que em momento algum a referencia a Odù Ìpònrì, cuidado com o que se lê e se ouve.
Irè o.
Fonte Oloye Odé araofa - Ifáfunke.
A Alquimia da Iniciação de Orisa
Uma tradição deve expressar algumas facetas particulares para ser corretamente referida como tradição, de outra forma ela é uma presunção, uma pseudo-tradição. Uma tradição necessita expressar uma mundovisão e também necessita uma sucessão de conhecimento que em última instância revela a conexão com espírito, mais comumente através do intercessor humano que serve como um intermediário na corrente de transmissão. Nesta última, a corrente de transmissão, é suficiente apontar à quantidade de discussões e batalhas de egos que ocorrem entre tantas crenças derivadas das Africanas no Novo Mundo para ao menos sugerir que a conexão com a fonte é na melhor das hipóteses, falha, dada a apresentação puramente profana aos mistérios atemporais. Isto também é revelado em como as pessoas, ao assumir o papel de sacerdotes, institucionalizam automaticamente disfunções de todos os tipos. Estas disfunções revelam-se nos jogos de poder, que variam das mentiras, engodos e o uso de mecanismos de controle de várias formas, onde o medo parece ser o fator principal.
Na teologia de Ifá, isto é conhecido como ‘ibi Egun’. Ibi Egun não significa que a morte (Iku) está atrás de você, como é geralmente visto pelos intérpretes modernos, mas que os ancestrais trazem má fortuna simplesmente porque sua última peça na corrente de ancestralidade demonstra padrões disfuncionais de comportamento que são característicos de sua família. Isto significa que estamos caminhando por uma trilha inútil para alcançarmos nossas metas, mas que nos mantemos nela porque nos identificamos com esta trilha em particular. O que ocorre é que os padrões inúteis são individualizados e nós continuamos com a maldição familiar – maldição no sentido de má fortuna – tornando-nos ‘proprietários da maldição’, ou Ol’Ibi simplesmente. Agora que já falamos de corrente de transmissão da luz da fonte, é talvez necessário apontar as más interpretações e más representações dos Orisa e como eles trabalham em nossas vidas. Se entendermos a natureza dos anjos em conformidade com a doutrina Tradicional, ela harmoniza com o conceito de Orisa. A doutrina tradicional concernente à natureza dos anjos de forma aplicável aos Orisas é encontrada em Mysterium Magnum de Böhme, onde lemos:
“a criação dos anjos tem um início, mas as forces de onde eles foram criados nunca conheceram um início, mas estavam presentes no nascimento do eterno início... Eles nasceram da Palavra revelada, à partir da natureza eternal, escura, ardente e luminosa, do desejo pela revelação divina, e têm sido transformados em imagens ‘criaturizadas’”, ou como o sábio e profeta René Guénon disse: “fragmentadas em criaturas isoladas”.
Isto significa que anjos representam idéias da razão divina que se tornaram reveladas. É também interessante ver que Böhme expressa claramente uma visão similar sobre a criação que encontramos em Ifá, onde as “forças” que ele fala são claramente sinônimas com o tecido da criação, ou seja, Odù. Odù são os padrões de energia da Criação que fazem com que a existência spiritual conhecida como Imole (Casas da Luz) sejam trazidas ao estado invisível, que dão nascimento às suas condições visíveis em Irunmole, e que se mostram na luz das estrelas e corpos planetários. Na Terra, estes padrões energéticos da Criação, todos os 256 deles, expressam tipos diferentes de consciência. Os diferentes tipos de consciência se expressam em diferentes personalidades, que demonstram uma relação com um Orisa em particular. Daí temos os comentários que geralmente ouvimos, que somos filhos ou filhas deste ou daquele Orisa.
Em nossa sociedade moderna que sustenta sobre classificações inúteis e idéias erradas sobre valor e quantidade, também ao Orisa é geralmente dado um horizonte partindo de uma perspective muito humana. Mesmo que agora vejamos ou aceitamos a isto, o homem tende a medir o mundo usando seu próprio ego e estado mundano como regra e compasso. Este é um erro sob a luz da doutrina tradicional, que se ancora no não-manifesto e simplesmente vê neste assunto uma contração do divino, que é tão grande que a ilusão da fragmentação é assumida como realidade dentre os humanos.
A meta da teologia de Ifá enquanto refere-se aos Orisa é encontrada na palavra Ìgòkè, a qual Baba Falokun traduz para ‘ascenção’. Ìgòkè refere-se como transgressão da consciência individual rumo à fonte. Isto é alcançado quando orí inú, ou seu self interno – e não a mascara condicionada e egoísta que você acredita que seja o seu self – forma um elo com Ìponri, o self superior. Quando isto ocorre, o elo com Orisa é feito em um nível supremo, e o OlÓrisa se torna uma manifestação do Orisa da pessoa. Em termos metafísicos, isto significa que o Ol’Orisa olha para cima e rumo à fonte e forma um elo com a expressão tangível com as divinas idéias. Ao se voltar para a fonte um renascimento da matéria, por assim dizer, também ocorre, desde que o espírito que anima a matéria partirá da fonte e não do self egoisticamente construído. O Ol’Orisa se torna uma expressão natural de um padrão da criação, uma consciência trazida pelo Orisa e expresso de formas únicas através do alinhamento da pessoa com a fonte. É como se fundir o Amor com o Amado, e é neste ponto que se pode realmente dizer que aquele é Ol’Orisa, dono do Orisa, ou que se é dono de sua própria consciência. Ase O O dabo!
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
CIGANA SULAMITA
Adora trabalhar só com frutas e com folhas dos pés das mesmas frutas. Faz sua magia com folhas de maçã, para o amor, folhas de pêra, para a saúde; folhas de uva, para união; folhas e flores de mamão, para afastamentos;umbigo de banana, para feitiços; folhas de fruta-do-conde, para aproximação; folhas de laranja, para acalmar fúrias; folhas de caqui, para tirar o mal.
Ela gosta de trabalhar com a floresta, jogando nela as folhas secas, conforme o problema de cada um.
Sua pedra preferida é o quartzo-citino, amarelo-ouro.
Ela faz uma amarração para o casamento colocando um pedaço desse cristal em cima de cada uma das folhas de maçã, fruta-de-conde, e uva verde com que trabalha; depois joga por cima flores de laranjeira.
Ela afirma que o casamento sai antes de três Luas cheias.
Sulamita, que Bel-Karrano ilumine muito seu espírito, para que você possa ajudar que precisa de sua ajuda.
Referências
Texto extráido do livro Mistérios do Povo Cigano - Autoras: Ana da Cigana Natasha e Edileuza da Cigana Nazira
CIGANA SARITA
Preconceito esse tão grande e revestido de tamanha ignorância que certamente muitas vezes seria tratada como verdadeiro "demônio" sendo expulsa como tal. Mesmo assim, sabia que teria que atuar dentro da lei e ignorando tudo isso, trabalhar com muito amor, auxiliando os encarnados a se curarem das mazelas, pois só assim curaria as suas que estavam impressas em seu átomo primordial, carecendo de urgente reparo.
Sarita acordava sentindo o cheiro das flores que trazido pelo vento que balançava a alva cortina da janela. O sol estava radiante lá fora e embora ela já estivesse sentindo-se bem melhor, ainda não tinha coragem de sair da cama. O quarto aconchegante na sua simplicidade, era convidativo ao descanso.
Absorta em seus pensamentos, nem percebeu a presença do enfermeiro que entrara com o seu desjejum e que parado a observava. Olhava os pássaros que pulavam de galho em galho num festival de alegria, como a saudar a vida, quando foi desperta pelo " bom dia" de Raul.
Oh...desculpa eu estava distraída.
Encontrá-la acordada é muito bom. Vamos ao desjejum pois hoje nós vamos levantar desta cama e ensaiar os primeiros passos no seu novo mundo.
Não me sinto capaz de caminhar ainda. Na verdade não sinto minhas pernas.
Sarita, já conversamos sobre isso. É apenas impressão trazida no seu corpo mental. Você só precisa tomar uma decisão firme que quer caminhar e assim se processará. Essas pernas que te acompanharam além túmulo são saudáveis. Foram longos anos de dor e sofrimento, mas agora tudo acabou, é preciso que se conscientize disso e reaja.
Com a paciência e disciplina de um instrutor, Raul conseguiu com que Sarita desse seus primeiros e cambaleantes passos. E em poucos dias entusiasmada com a beleza do local, esqueceu da suposta limitação e já caminhava feliz por aquele maravilhoso jardim, que mais parecia um bosque.
Passara-se alguns anos do calendário terreno desde essa época e Sarita lembra-se ainda emocionada de sua história triste com final feliz. Não havia como não recordar, especialmente agora que estava em treinamento naquela colônia espiritual para assumir um trabalho junto aos encarnados. Apreensiva lembrava da manhã em que foi convidada a freqüentar os bancos escolares, por seu " mestre-anfitrião".
Como estivesse já ambientada com o local e sabedora de como eram distribuídas as funções de acordo com a afinidade e principalmente necessidade de cada espírito, sabia perfeitamente que não seria chamada ao trabalho de "anjo-de-guarda" , mas tendo a certeza de que suas funções se dariam no plano terreno, isso a atemorizava um pouco, pela experiência da última encarnação.
No curso, os ensinamentos todos recebidos eram perfeitamente adaptados ao aluno de acordo com as experiências trazidas e no final deste, Sarita não tinha mais dúvidas. Trabalharia nas fileiras da nova religião que se instalava no país onde vivera sua última encarnação, a umbanda.
Pelo seu conhecimento magístico mal aproveitado, teria que direcioná-lo agora para se fazer cumprir a lei. Em breve seria apresentada ao médium com quem trabalharia como Pomba Gira, mas de antemão já sabia que embora ele fosse umbandista, tinha preconceito com essas entidades. O desafio recomeçava.
Olhando a lua que bailava por entre as estrelas, Sarita deitada sobre a relva meditava, fazendo uma retrospectiva de sua última encarnação. Lembra-se de sua infância feliz vivida junto de muitas outras crianças, naquela vida nômade que levava sua trupe.
A adolescência onde seus "dotes" ou poderes mágicos se acentuaram e quando começou a ser a cigana mais requisitada para ler as mãos das pessoas. Sua tenda, onde quer que estivessem, sempre tinha freguês certo e era dela que vinha a maior renda para a sobrevivência do grupo todo.
Após febre muito forte sofrida em função de uma infecção adquirida, Sarita sentiu que seus "poderes" de adivinhação haviam sumido, mas de maneira alguma deixou aparentar isso ao grupo ou a quem fosse e daí em diante passou a fingir e cobrar mais caro por isso. E o dinheiro fácil passou a entusiasmá-la e como sempre fora muito vaidosa, agora podia se cobrir com as jóias mais caras e deslumbrantes e vestir-se com as sedas mais finas.
Tornou-se a cigana mais respeitada e logo assumiu o comando do grupo. A ternura angelical daquela jovem agora desaparecia, dando lugar a um radicalismo quase maldoso quando agia em defesa dos seus. Seu povo era muito perseguido e discriminado naquelas terras e isso fazia com que Sarita procurasse ganhar muito dinheiro e para tal não media conseqüências, para com isso adquirir poder se impor diante das perseguições.
Numa emboscada que se fez passar por um acidente, Sarita desencarnou deixando seu povo sem líder e desesperado. A dependência de seu povo era tamanha que não sabiam mais pensar sozinhos e a morte daquela cigana a quem consideravam quase uma deusa os pegou desprevenidos.
E nesse desespero buscavam a ajuda do espírito de Sarita, pois acreditavam que agora virara santa e que certamente, mesmo do outro lado, ela não desampararia seu povo.
Em função disso criaram cultos e os peditórios foram aos poucos, se espalhado além do povo cigano e o túmulo de Sarita virou santuário, com filas enormes de pessoas que se aglomeravam em busca dos milagres.
Ignorando a realidade do lado espiritual, não sabiam o mal que estavam fazendo aquele espírito que desesperado se via fora do corpo carnal, mas grudado nele, sentindo sua deterioração.
Em desespero total e agarrada as suas jóias com as quais foi sepultada, Sarita pedia socorro. Os amparadores espirituais lá estavam querendo ajudá-la, mas ela sequer os enxergava dentro do seu desespero e revolta pelo acontecido.
Ouvia toda a movimentação que se fazia fora de seu túmulo e por mais que gritasse, ninguém a ouvia. Se existia inferno, o seu era esse. Tudo aquilo durou longos e tenebrosos anos, até o dia em que seu túmulo foi assaltado durante a noite e os ladrões levaram suas preciosas jóias. Em desespero, assistindo a tudo, nada podia fazer, restando-lhe apenas um monte de ossos.
Só então se deu conta de sua verdadeira situação e lembrou do que sua mãe a ensinara quando pequena sobre a vida após a morte. A lembrança de sua mãe a fez chorar, implorando que ela viesse tira-la daquele sofrimento. Depois disso desacordou e só depois de muito tempo hospitalizada no mundo espiritual é que acordou, sabendo do isolamento que se fizera necessário em função das emanações vindas da terra, por causa de sua falsa "santificação"
Seu povo agora usava a imagem da idolatrada Sarita em medalhas que eram vendidas como milagreiras, além de manter seu túmulo como verdadeiro comércio visitado por caravanas vindas de lugares distantes. Lembrava do dia em que, já curada e equilibrada pode visitar aquele lugar junto com seus amparadores, para seu próprio aprendizado, bem como das palavras sábias de seu instrutor:
Filha, o mundo ainda teima em manter os mercadores do templo. Criam-se os milagreiros que após o desencarne passam a ser santificados de maneira egoísta e mesquinha, preenchendo o vazio que a falta de uma fé racional se faz no coração dos homens. Mentiras mantidas por pastores que visando o brilho do ouro, traçam caminhos duvidosos e perigosos para suas ovelhas, dando com isso, imenso trabalho à espiritualidade deste lado da vida. Criam uma farsa que é mantida pelo desespero de pessoas ignorantes e sofredoras, obrigando-nos a formar verdadeiros exércitos de trabalhadores com disponibilidade de atendimento a essas criaturas. Mesmo assim, por mais errado que seja esse tipo de atitude, a Luz o aproveita para auxiliar os necessitados mantendo ali um pronto socorro. E fora o sofrimento do espírito "santificado" que se vê vivo e impotente do outro lado, aliado a distorção comercial, esses lugares servem para que muitos espíritos encontrem ali o portal de retorno.
Sarita tentando manter o equilíbrio e as emoções, via o intenso movimento de espíritos trabalhadores, socorrendo os desencarnados que vinham em bando junto aos romeiros e observava pela primeira vez como aconteciam os chamados milagres.
Uma senhora chorosa, ajoelhada ao pés do túmulo implorava pelo espírito de Sarita a cura de sua filhinha que estava ficando cega devido a uma doença rara que exigia cirurgia caríssima, longe de suas possibilidades financeiras.
A fé dessa mulher e o a amor por sua filha eram tão intensos que de seu cardíaco e de seu coronário exalavam chispas luminosas que se perdiam no ar. Ao seu lado, dois espíritos confabulavam analisando uma ficha com anotações e logo em seguida um deles, colocando a mão sobre a cabeça da mulher transmitiu-lhe vibrações coloridas que a acalmaram, intuindo-a a ter a certeza de que seu pedido seria atendido. Deixando algumas flores sobre o túmulo ela se retirou.
Curiosa, foi ter com os dois jovens, querendo saber o que realmente acontecia nesses casos.
Minha irmã, analisamos cada caso e dentro do merecimento de cada espírito e de acordo com a fé e sinceridade de propósitos, sempre respeitando a lei e o livre-arbítrio das criaturas envolvidas, procuramos auxiliar. Essa senhora será procurada por um grupo de estagiários de medicina que mesmo como cobaia de seus estudos, levarão sua filha a cirurgia de que necessita, retornando a ela a visão.
Ah, e certamente isso será atribuído a mim como mais um milagre.
A você? - indagou contrariado um dos jovens.
Sim...ah, me desculpem, não me apresentei. Sou a própria, a cigana Sarita.
Nossa, que surpresa!!! Muito prazer! Não é todo dia que se conhece uma "santa", brincou o outro.
Com um sorriso amarelo, Sarita tentou em vão desconversar, pois agora a curiosidade deles era maior do que a dela em saber detalhes de como tudo isso havia ocorrido. E longe dali, em lugar mais propício, junto a natureza eles trocaram válidas experiências.
Mas agora tudo isso eram lembranças. Aquele espírito em cuja última encarnação terrena viera como uma cigana que se chamava Sarita, agora no mundo espiritual se comprometia e assumir um trabalho difícil no qual sentiria de perto, novamente o preconceito dos seres humanos.
Preconceito esse tão grande e revestido de tamanha ignorância que certamente muitas vezes seria tratada como verdadeiro "demônio" sendo expulsa como tal. Mesmo assim, sabia que teria que atuar dentro da lei e ignorando tudo isso, trabalhar com muito amor, auxiliando os encarnados a se curarem das mazelas, pois só assim curaria as suas que estavam impressas em seu átomo primordial, carecendo de urgente reparo.
Enquanto seu médium girava no terreiro ecoando uma gargalhada que avisava a chegada de pomba gira cigana, romeiros continuavam buscando no túmulo da Santa Cigana Sarita, o milagre que ignoravam residir apenas dentro deles mesmos.
Referências
História contada por Vovó Benta inserida no livro Causos de Umbanda II - no prelo - Editora
Assinar:
Postagens (Atom)