domingo, 31 de julho de 2011


Á OPÁÓKÁ a verdadeira Mãe de Oxoce

*-* Opaoka *-*



Os mitos Yorùbá, nos revela que esta Ìyágba, também conhecida como Ìyá Nbanba, Ìyá Mo, Ìyá Òdé ,entre tantos outros epítetos, vivia juntamente com outras duas irmãs, Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, muito antes da fundação da cidade de Ketu, em uma cova situada abaixo do Òpó méta, três robustos troncos de mogno-da-guiné (1), conhecido em Yorùbá com o nome de Ògànwó.


As três irmãs selaram um pacto de nunca dar o nascimento a uma criança neste mundo, porém, Ìyá Apáòka não cumpre o prometido e juntamente com Òrìsà Oko dá a luz a um menino que mais tarde recebe o nome de Erinlè.

Inlè como também é conhecido, funda a Cidade de Ìlobùú (2), entre outras obras na Terra, retorna ao orun e regressa novamente ao àiyé no mesmo seio familiar, onde desta vez recebe o nome de Òdé .

Este é um dos grandes segredos da ligação entre Inle e Òdé.

Aquele que possui Inlè, deverá ter como complemento Òdé, mas não necessáriamente o inverso.

Aqui no Brasil, por diversas razões, houve a necessidade de uma redifinição e, consequentemente, foi feita a substituição do mogno-da-guiné pela jaqueira (3), denominada em Yorùbá de Tapónurin onde também foi designada o nome de apáòka em razão de ser a morada da divindade do mesmo nome.

De suma importância, devo ressaltar que a jaqueira é uma árvore originária da Índia e introduzida na Bahia por volta do século XVIII.

Suponho que o tamanho e o porte da jaqueira, foram de fundamental importância para a efetiva substituição.

Todas as árvores são sagradas por natureza, embora para que se possa prestar culto a esta divindade a mesma deverá receber os ritos liturgicos onde consiste em plantar o àse ou acomodar os segredos de Ìyá Apáòka; depois de ser sacralizada, o tronco desta é adornado com um laço de tira branca e uma talha de três alças da qual sustenta um arco e flexa em ferro forjado.

Nos Terreiros de Candomblé, esta árvore divide o espaço com espécies variadas, como também “assentamentos” e emblemas de certos Òrìsà, num local denominado Ãbo (4) de Òsóòsì Oru Gboru Òdé (5) do qual representa a “floresta africana”, de fundamental importância, pois a mesma não se encontra dissociada da vivência cotidiana dos africanos em geral.

Anualmente, esta árvore recebe o sacrifício de animais com a finalidade de revitalização de seu àse, ocasião esta que a torna objeto de um culto especial.

Quanto ao culto à Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, não se encontram vestigios, esta perdido na diáspora, assim como inúmeras outras divindades.


Notas:


1. Khaya grandifoliola, Khaya ivorensis, Khaya senegalensis, Família Meliaceae, árvore típica da Costa do Marfim, Camarões e Nova Guiné, também conhecida pelo nome de Mógno Africano)


2. Cidade do estado de Osun, sudoeste da Nigéria, encontra-se ao longo de um tributário do rio Oshun e na estrada de Ogbomosho e Oshogbo. Ilobu é um centro comercial e seus principais produtos são o inhame-da-costa, milho, mandioca, abóboras, feijões, óleo-de-plama e Okra - um tipo de grão típico das savanas.


3. Artocarpus intergrifolia L.f.


4. Refúgio, amparo, resguardo, asilo, proteção, segurança, defesa, salva-guarda, escudo. Muitos na diáspora usam o termo Igbó do qual significa floresta, bosque, grota.


5. Termo que designa e saúda o clã dos caçadores.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

AYRA E SÓNGÔ







MUITAS PESSOAS AINDA NOS TEMPOS DE HOJE, CONFUNDEM ORISA AYRÁ DE ORISA SÒNGÔ, AYRA E UM ORISA PRÓPRIO ASSIM COMO SÓNGÔ, ENTRE ELES EXISTEM SIM SEMELHANÇAS, MAS SIMPLESMENTE SEMELHANÇAS E MERAS COINCIDÊNCIAS.

ORISA AYRA TEM SUAS PRÓPRIAS CANTIGAS ASSIM COMO SÓNGÔ TAMBÉM.

AYRA E SANGO SÃO ORISÁS BEM DISTINTOS ONDE TEMOS QUE SABER DIFERENCIÁ-LO PRINCIPALMENTE EM RITUAIS DE FEITURA, AONDE SEMPRE ENCONTRAMOS ERROS DE PESSOAS SENDO DE SONGÔ, FEITAS EM AYRA, OU PESSOAS DE AYRA FEITAS DE SANGO OU ORISAS FEITO COM O FUNDAMENTO DO OUTRO.

ORISA AYRA, TEM LIGAÇÃO COM AS YAGBAS, PRINCIPALMENTE COM OSUN E YEMANJA, A FEMINILIDADE E A RIQUEZA .

AYRA OBÁ INTILE FOI O ÚNICO ORISA ABÒRÓ, JUNTO COM OLOGUN EDE QUE SE DISFARÇARAM DE YAGBA E ADENTRARAM NA FESTA DAS YAGBAS, NO RIO OSUN.

NÃO SE ESQUECENDO DA FAMÍLIA FÚNFÚN, OSOLUFÓN, OSOGYION, ENTRE OUTROS ORISAS DESTA FAMILIA NECESSÁRIOS PARA OS ATOS DE OSALÁ, NOS DIAS DE FEITURA DE UM AYRÁ.

A FOGUEIRA DE AYRÁ, FEITA NO BARRACÃO APRESENTA A LIGAÇÃO DO ORISÁ COM AWANI E OYÁ, PELO FATO DO PODER DO FOGO QUE ESTES ORISAS PROPORCIONAM A AYRÁ.

SEGUE ABAIXO ALGUNS TÍTULOS DE AYRÁ:

AYRA INTILÉ

AYRA IGBONÃ

AYRA ETINJÀ

AYRÁ YIGBOMIN OU BOMIN.
yrá

AYRÀ era um Òrìsà no fundamento de SÀNGÓ, era um de seus servos de confiança. OSÀLÚFÓN deu-lhe o título de seu primeiro ministro, fazendo dele seu mais fiel amigo, motivo pelo qual AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ; foi-lhe concedido comer em sua gamela o arroz, a canjica e o mingau de acaçá, sendo-lhe proibido o dendê e o sal. Por motivo de rivalidade com SÀNGÓ, não se deve colocá-los juntos na mesma casa nem em cima de pilão. Sua gamela é oval e seus ornamentos prateados. Seu assentamento é na gamela oval e não leva pilão. A fogueira lhe pertence e é acesa pelo lado esquerdo. Dentro da fogueira coloca-se:

- Um tacho de cobre com 12 quiabos;

- Uma pedra, representando o ODUN ARÀ;

- Frutas.

QUALIDADES

- ANTILE

Veste branco e é ligado a YEMONJA SOBÀ e ÒSUN KARÉ. Foi ele quem carregou OSÀLÚFÓN nos ombros e tentou colocá-lo contra SÀNGÓ , dizendo que ele teria passado os sete anos na prisão por culpa de seu filho, SÀNGÓ. Por isto existe uma KIZILA entre AYRÀ e SÀNGÓ , não podendo AYRÀ ser posto em cima do pilão , pois provoca a ira de OSÀLÚFÓN. Come com ÈSÙ.

- OSUIBURU

Veste o preto e caminha nas trevas com ÈSÙ e ÉGÚN, não se raspa.

- AYRÀ AYRÀ

Come com ÒÒSÀÀLÀ e veste branco. Caminha junto com ÒGÚN JÀ, se não assentá-lo AYRÀ não caminha e a pessoa para no tempo.

- AYRÀ OCÌ

Idêntico ao AYRÀ AYRÀ, só que é calmo.

-AYRÀ IBONA

É o pai do fogo. Veste branco.

- AYRÀ OMONIGI

É um AYRÀ muito quente e filho do fogo. Se provocado solta fogo pela boca. Come com ÒSUN.

- ALAMODÉ

É um AYRÀ menino. Come com YEMONJA e OSOGUIAN. ÒGÚN JÀ fica a seus pés.

- AJOSSIN

É o dono do camelo. Não tem medo da morte como SÀNGÓ de dendê. Veste branco.

- EPOMIN

Foi ele quem brigou e destronou OMOLÚ.

- ADJAOSSI

O verdadeiro esposo de OBÁ. Brigou com ÒGÚN JÀ. Veste branco. ÒGÚN JÀ fica em outro quarto.

- YIGBOMIN ou BOMIN

É bom, conselheiro, dono da verdade, reina nas águas junto com ÒSUN. Não faz nada sem perguntar a ÒÒSÀÀLÀ.

- ETINJÀ

Depende de ÒGÚN JÀ para caminhar, é guerreiro e cruel, não recusa uma batalha. Veste branco.

- YBONA

É o AYRÀ da quentura.

- DUNDUN

Idêntico ao OSUIBURU.

SUAS FOLHAS

- As mesmas de SÀNGÓ.

Ajé ṣaluga



Ajé Ṣaluga é a irmã mais nova de Yèmọnja. Ambas são as filhas prediletas de Olóòkun. Quando a imensidão das águas foi criada, Olóòkun dividiu os mares com suas filhas e cada uma reinou numa diferente região do oceano. Aje Saluga ganhou o poder sobre as marés. Eram nove as filhas de Olóòkun e por isso se diz que são nove as Yèmọnjas. Dizem que IYèmọnja é a mais velha Olóòkun e que Ajê Salugá é a Olóòkun caçula, mas de fato ambas são irmãs apenas. Olóòkun deu às suas filhas os mares e também todo o segredo que há neles. Mas nenhuma delas conhece os segredos todos, que são os segredos de Olóòkun. Ajê Salugá era, porém, menina muito curiosa e sempre ia bisbilhotar em todos os mares. Quando Olóòkun saía para o mundo, Ajê Salugá fazia subir a maré e ia atrás cavalgando sobre as ondas. Ia disfarçada sobre as ondas, na forma de espuma borbulhante. Tão intenso e atrativo era tal brilho que às vezes cegava as pessoas que olhavam. Um dia Olóòkun disse à sua filha caçula: O que dás para os outros tu também terás, serás vista pelos outros como te mostrares. Este será o teu segredo, mas sabe que qualquer segredo é sempre perigoso. Na próxima vez que Ajê Salugá saiu nas ondas, acompanhando, disfarçada, as andanças de Olóòkun, seu brilho era ainda bem maior, porque maior era seu orgulho, agora detentora do segredo. Muitos homens e mulheres olhavam admirados o brilho intenso das ondas do mar e cada um com o brilho ficou cego. Sim, o seu poder cegava os homens e as mulheres. Mas quando Ajê Salugá também perdeu a visão, ela entendeu o sentido do segredo. IYèmọnja está sempre com ela, Quando sai para passear nas ondas. Ela é a irmã mais nova de Yèmọnja.
Este itan descreve a lenda do surgimento do Orixá Aje ṣaluga. Quando se encontrava no céu perto de Mawu, o caramujo Aje se chamava Aina e era do sexo feminino. Naquela época, Fa Ayedogun passava por sérias dificuldades financeiras e, por ser muito pobre, não era convidado a participar de qualquer festa ou reunião social. Aina, recém nascida, era muito feia. Sua aparência terrível fazia com que todos evitassem sua companhia e ninguém aceitava tê-la em casa. Depois de ser rejeitada em todas as casas, Aina bateu na porta de Fa Ayidogun, que apesar do estado de miséria em que se encontrava, acolheu a menina. Uma bela noite, Aina acordou Fa, anunciando que estava prestes a vomitar. O hospedeiro apresentou-lhe uma tigela para que vomitasse, mas ela recusou-se. Uma cabaça foi trazida e também recusada e depois, uma jarra foi objeto de nova recusa. Fá perguntou então, o que poderia fazer para ajudá-la e Aina disse: "Lá no lugar de onde venho, costuma-se vomitar todos os dias, no quarto. Conduzida ao quarto, Aina começou a vomitar todos os tipos de pedras preciosas, brancas, azuis, vermelhas, verdes, etc. Naquele momento, um marabu que passava, penetrou na casa de Fá e perguntou por Aina. "Ela está no quarto, acometida por uma crise de vômitos." Respondeu Fá. O estrangeiro foi ver o que se passava e ao deparar com Aina vomitando pedras preciosas, exclamou: "Ha! Nós não conhecíamos os poderes de Aina, hoje revelados!" Disposto a serví-la, colocou-lhe o nome de Anabi ou Ainayi, que em Yoruba quer dizer: Aina vomita, Aina deu toda riqueza a Fá Ayidogun. Os muçulmanos, depois disto, fizeram de Aina uma divindade, conhecida entre eles, como Anabi.

terça-feira, 12 de julho de 2011

ORY

O Orixá mais Importante

Ko sí Òòsà tí i dá´ni gbè léhìn Orí eni
Nenhum Orixá abençoa uma pessoa antes de seu Orí
Este oriki não deixa dúvida sobre a suprema importância desta divindade pessoal, inclusive, acima dos outros Orixás! Orí porém, continua sendo um enigma no conhecimento popular do culto.

Traduzindo da língüa Yorubana, Orí significa cabeça, entretanto quando se busca aprofundar algo mais os devotos hesitam, titubeiam, emudecem. Se Orí é a mais importante de todas as divindades, pq este desconhecimento? Principalmente de uma divindade q reside justamente dentro de nós? Pq, de todos os Orixás, Orí é o mais misterioso?

Para responder a esta questao temos de voltar às origens do nosso culto em África. No continente africano o culto, assim como no Candomblé, é iniciático e hermético. Portanto os segredos, fundamentos e a sabedoria do culto está para apenas ser desvelado por seus iniciados ao decorrer de sua carreira religiosa e/ou sacerdotal. Desta forma, os segredos mais profundos e sérios do culto ficavam restritos aos mais altos sacerdotes. Permitindo ao público e aos mais novos iniciados apenas pequenas centelhas desta sabedoria. Para se atingir os mais profundos conhecimentos e sabedoria eram necessários muitos anos de profunda dedicaçao e disponibilidade de transcender sempre os próprios limites. Contudo, atualmente, vive-se na cultura das árvores impacientes q se dedicam a crescer tao apressadamente em detrimento do aprofundamento de suas raízes, e assim, estes profundos conhecimentos foram ficando restritos a um número cada vez menor de sacerdotes. Isto explica o desconhecimento geral deste supremo Orixá! Q é o ponto central do culto afro e afro-brasileiro! Dele depende a nossa existência, nosso sucesso, fracasso, saúde, doença, riqueza, pobreza, plenitude, felicidade. Sem a aprovaçao de Orí nenhum Orixá pode fazer nada pelo seu devoto. Por isso, para nós, Orí é o Orixá mais importante! É o único q nos acompanha na viagem dos mares sem retorno, como descrito no Itan de Ògúndá Méjì.

Voltando às Origens

No princípio dos tempos da Criaçao, Odudua havia criado a Terra, Òşàlà havia criado o homem, seus braços, pernas, seu corpo, Olórúm lhe insuflou o èmí(respiraçao divina), a vida. Mas Òşàlà havia se esquecido da cabeça..Òşàlà não fez a cabeça do Homem. Entao Olórúm pediu à Àjàlà, o oleiro divino, para confeccioná-la. Àjàlà quando foi confeccionar Orí pediu a ajuda de Odú, e assim todos os Odús ajudaram à Àjàlà a confeccionar Orí. E assim nasceu Orí.

Orí é composto da matéria divina dos Odús, misturados em quantidade e organizados segundo a sabedoria de Àjàlà a pedido de Olórúm. Do material (òkè ìpònrí) q Àjàlà utiliza para confeccionar Orí se constitui èwò (tabu) para quem possuir esse Orí. E assim se determina as interdiçoes alimentares dos indivíduos, pois, comer do próprio material de q foi constituído, caracteriza ofensa séria à matriz da qual foi criado.

Todo o homem quando vai para o Aiyé, invariavelmente, deve passar na oficina de Àjàlà e escolher o seu Orí. Esta escolha se chama Kàdárà, oportunidade e circunstância, e ao fazê-la, está determinando sua natureza e destino.

Este momento ocorre da seguinte forma: A alma se ajoelha(posiçao fetal) diante dos pés de Olórúm (O Criador) e entao lhe faz um pedido - Àkùnlé yàn - pedido esse q estará relacionando ao seu desejo de crescimento moral e espiritual. Entao Olórúm lhe fixa o destino - Àyàn mó Ipín - q Orí deverá seguir, em q geralmente atende aos desejos do próprio Olórúm e e às necessidades das restituiçoes q Orí deve cumprir. E entao recebe - Àkùn légbà - as circunstâncias q possibilitarao os acontecimentos, geralmente ligado às questoes de tempo/espaço, meio e todo o entorno necessário ao melhor cumprimento do destino.

Neste momento a alma recebe os seus èwós (tabus), interdiçoes alimentares, de vestuário, de açao, etc.

Afirma compromisso com o seu ancestral e tutor espiritual (Orixá). Afirma compromisso com o Bàbá Egún (Pai espírito) responsável pelo ìpònrí ancestral terreno q formou o seu corpo material, e q zela pelo desenvolvimento da família a q Orí fará parte. Todos os contratos são firmados e/ou reafirmados diante de Olórúm e de Orúnmilá, e à medida q o são o destino se lhe vai fixando.

Entao Orí se dirige à Àkàsò (a fronteira entre Orúm-plano espiritual, e Aiyé-plano físico) e pede passagem à Oníbodè (o porteiro), q lhe interrogará o q fará no Aiyé, Orí lhe contará e mais uma vez se fixará nele o seu destino.

ORÍ - A fisiologia divina

Orí entao descerá e ocupará o seu lugar no Orí do corpo criado, através da chamada "moleira", abertura no crânio do bebê q irá se fechando conforme se desenvolve ao longo dos anos, onde se dá a "armadilha para Orí", uma vez encerrado lá Orí somente voltará a se libertar do corpo na última expiraçao, pela boca.

A princípio Orí assentar-se-á no cérebro (opolo) daquele corpo, onde comandará Orí Òde (cabeça externa).

ORÍ ÒDE - a cabeça externa caracteriza-se pela cabeça física (crânio, cérebro,sistema nervoso central, olhos, ouvidos, etc) e também pela personalidade e intelecto q resultará da interaçao daquele corpo com Orí Innú (cabeça interna), a cultura local onde se desenvolverá o indivíduo, e o aprendizado q receberá desde o seu nascimento. Ou seja, Orí òde é, além da cabeça física, a nossa pessoa como nós a conhecemos e como os outros a conhecem. É o mecanismo criado por Orí innú para lidar com o mundo exterior. Orí Òde é o nosso "eu exterior".
ORÍ INNÚ - a cabeça interna, é a nossa personalidade divina, ou nosso "eu verdadeiro", ou nosso "eu supremo ou superior". Em resumo, nossa alma.
Abaixo de Orí innú reside Elénìnìí (o opositor de Orí), no cerebelo (ipakó), responsável pelo esquecimento de Orí de sua missao, aquele q o vem atrapalhar a realizar, cumprir sua missao para com Olórúm e a Criaçao, conforme descrito no Itan do Odú Irosún Méjì. Este, constitui o último nó para a transcendência de Orí innú, e o cumprimento de sua missao original.

Ainda existe Ipín jeun - o estômago, e obo ati oko - os órgaos sexuais, q são os outros nós q Orí innú deve superar: medo, desejo, ambiçao, vaidade, ciúme, ira, egoísmo, etc.

Orín innú ainda se divide em:

Orí aperé: o caminho predestinado, fenômeno narrado acima. O destino do indivíduo vem escrito em sua cabeça. "sua cabeça, sua sentença!"
Aparí innú: o caráter (ìwà), a personalidade divina. Q é a essência de Orí innú, a alma, e sua missao original. É através do desenvolvimento de Ìwà Pèlé (caráter reto, honesto, puro, bom) q Orí chegará à sua transcendência última! Enfim, como descreve o Odú Ogbè-Ègùndá: "Ìwà nikàn l´ó sòro o" " Caráter é tudo o que se precisa". Ìwà Pèlé (caráter reto) é o que conduzirá Orí innú até o Òrun rere (plano espiritual dos Orixás), em caráter definitivo.
Assim sabemos que nossa divindade pessoal é Orí innú ( cabeça interna-alma), responsável pelo nosso destino e felicidade. Q o nosso Orixá (orí- o primeiro) é o tutor espiritual de nosso Orí innú, mas q só poderá ajudar-nos se Orí o permitir. Q em nosso Orí innú reside o nosso Odú (destino) e somente através de Orí e Odú podemos transmutar o nosso destino, e assegurar o cumprimento da missao confiada por Olodumaré. Q devemos nos resguardar de Elénìnìí, o inimigo de nossa missao e alma, aquele q pode nos trazer sofrimentos. E q nossa verdadeira essência, q devemos buscar, reside em Orí innú (cabeça interna-alma) e não em nosso Orí òde (cabeça externa-personalidade) q é tao somente o veículo de Orí innú aqui no Aiyé.

E, o mais importante: a missao maior de Orí innú, à qual cabe ao nosso Orixá ajudar-nos, é o desenvolvimento de Ìwà Pèlé (caráter reto, bom), nosso passaporte para o encontro definitivo com Olórun!!

Orí o!!
Ire o!

JAGUN

Ajágun é uma palavra Yorubá, e possui o significado de Guerreiro, Soldado.

Jagun é um Òrìşà ambicioso, luta para conquistar posição alta sem ver de que maneira… Apesar de ser Òrìşà Funfun (branco), é considerado e cultuado como Santo de Guerra, “santo quente”, carrega uma lança prateada (Ọ̀kọ̀) na mão e um facão ou adaga na outra, e muitas das vezes dependendo do caminho de Jagun ele usa até um ofá nas mãos, pois conta se um itan que Òşàlà o nomeia como o guerreiro de todas as armas veste-se somente de branco.

Jágun é Òrìşà jovem, quase chega ser um menino adolescente de Ọbàtálá. Ligado a Ọbàtálá (Rei do pano branco), tem caminhos com Ògún Já, Oşoguian – Ajagunãn, e Ayrá. Têm caminhos também com Yèmọnja e quase todas as Yabás, pois elas acalmam sua fúria.

Quem traz Jágun ao barracão é Oşoguian. Ele é considerado o “protetor” e “guardião” de Oşàlúfọ́n. Por ser considerado Òrìşà Funfun (branco) não leva azeite de dendê, e sim azeite doce, banha de ori, adin e as vezes mel e de preferência a banha de Ori, suas comidas são todas brancas, aceita pipocas feitas na areia, bolas de inhame cozido, bolas de arroz, acaçá, obí funfun (claro), come também do Ebô (canjica) de Òşàlà, assim como seus bichos também devem ser todos brancos, por ser ligado ao rei do pano branco (Ọbàtálá). Jágun dança com outros Orixás, acompanha na dança; Ògún e principalmente Oşoguian e Oşàlúfọ́n. A dança de Jágun é extremamente guerreira, começa com movimentos lentos, dança empunhando sua lança e adaga, seu momento de “êxtase” é quando salta e se sacode todo empunhando a lança de um lado para outro, tamanha é sua fúria guerreira nessa hora. Segundo as lendas, a lança prateada de Jágun, durante as batalhas e guerras, além de ser usada para proteção contra os males e feitiçarias e abrir os caminhos, deixava seus inimigos cegos após serem feridos por ela. Jagun, assim como Ògún, é um grande caçador, e por sinal foi ele quem ensinou seu irmão Ọ̀ṣọ́ọ̀si a caçar. Ele não deixa também de ser um guerreiro, assim é Jagun, um grande guerreiro, mas também um grande caçador. E algumas de suas cantigas relatam isso.

Conta o itan de Ogi-Ogbé/Okaran que existiam três irmãos: Já, Jágun e Ajagunãn. Eram três Guerreiros que pertenciam aos exércitos de Ọbàtálá, lutavam e venciam todas as guerras e batalhas em nome de Òşàlà e eram os Guardiões deste Òrìşà. Eram chamados de Guerreiros Brancos, por se vestirem somente com trajes brancos em homenagem a Ọbàtálá. Eram considerados invencíveis por sua bravura e coragem, nunca perderam uma batalha sequer. Sempre muito unidos, nunca se separavam. Mas um belo dia, os três irmãos guerreiros, foram guerrear contra a cidade de Ọ̀şun. Ọ̀şun com a grande sabedoria dos poderes de Ya mi, foi avisada que seu reino seria atacado. Ọ̀şun ficou desesperada e foi até Ifá para saber o que faria. Orumila mandou fazer um ebó, sacrificar oito Igbis a Òşàlà e com o casco fizesse um pó e soprasse nas terras de Oṣogbo. Assim Ọ̀şun fez, quando os guerreiros chegaram para invadirem as terras, eles ficaram tontos e se perderam um do outro. Aí que Jagun foi para as terras de Omolú, Já para as terras de Ifé Ògún, e Ajagunã para as terras de Oşoguian. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos, respondem um pelo outro, eles continuam a serem Guerreiros Brancos, ou seja, são considerados Orixás Funfun, e sempre ligados a Ọbàtálá, seus caminhos se cruzam… os três irmãos Guerreiros continuam nas batalhas, sempre guerreando pela Paz. Deram essa característica guerreira aos seus filhos. É por isso que o culto a Jagun foi assimilado ao de Omolú, sendo que depois disso conta o Itan que ele viveu alguns anos nas terras de Omolú e que lá encontrou uma linda mulher que também não era das terras, mas estava lá por outros motivos, e se apaixonou por ela, tiveram filhos e se amam até hoje, e essa linda mulher era Iyewa. Lá, ele se juntou com o Òrìşà Osayn e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Osayn o ensinou. Jagun teve uma trajetória muito grande e bonita nas terras de Omolú, mas depois de anos retornou as terras do Ekiti-Efon, onde Ọ̀şun era rainha e Osagyan grande guerreiro e protetor do palácio e cidade de Ọ̀şun. Conta-se também que Jagun foi às terras de Oṣogbo, para destruir a cidade e buscar Ọ̀şun, pois Ọ̀şun tinha sua cidade onde era rainha Ekiti Efon, então por ordem de Olooke ele foi buscá-la. Depois de isso tudo ter acontecido, Jagun viveu anos nas terras de Omolu, Oşoguian trouxe Ọ̀şun de volta para Ekiti-Efon, por isso muitos acabaram se equivocando ao falar que foi Oşoguian quem deu as terras de Ekiti para Ọ̀şun, mas não foi isso que aconteceu, ele apenas trouxe Ọ̀şun de volta a terra onde ela nasceu e era dona junto com Olooke seu pai. Òrìşà Olooke vendo o prejuízo que Jagun teve e o tempo que ficou em outras terras, por causa de seu pedido de buscar Ọ̀şun, intitulou Jagun Olu (Guerreiro senhor), para retribuir o tempo que Jagun ficou afastado de sua terra que tanto amava (Ekiti). Òrìşà Jagun foi muito confundido com o culto à Omolu e Obaluaye, e foi por esse motivo que muitos de seus fundamentos se perderam, mas graças a Olorum, está sendo resgatado todos os preceitos e orôs. Jagun possui caminhos próprios, como Jagun Odé, Arawe, Agaba e outros….Jagun é um lindo Òrìşà de grande valor e na verdade seu culto é separado de Obaluaye….

Características

Fio de Contas Usa contas brancas rajadas de preto e dependendo da qualidade, intercalada com contas brancas, gosta também de contas feitas de búzios e marfim.
Instrumento Ọ̀kọ̀ - Lança, Gbada - facão
Odu Ejionilê



Qualidades

Jagun Elewé - Ligado a família Unjí, esse caminho é o caminho que Jagun passou nas terras de Sapata e encontrou Orisá Ọ̀sónyìn e aprendeu a magia da cura e das folhas.Caminha com Ọ̀sónyìn.Sua ferramenta é um opere Ọ̀sónyìn prateado mas sem as folhas Faz Oro com Ọ̀sónyìn e ligado a Erinlé e Ògún Já.Nesse caminho ele é muito guerreiro e ligado a cura e os mistérios de magia de Ìyámi Oṣoronga.
Jagun Alagba ou Jagun Abagba - Esse caminho de Jagun é muito melindroso,pois ele tem muita ligação com Ìyámi e Baba Egun.Pessoas desse caminho pelo menos tem que se tomar Bori ou Obi com Ejé dois vezes no ano.È um caminho muito quente,tem ligação com Iyewa pois ele foi sua esposa e é bom arruma todas as Iyabás para acalmá-lo,alias todos os caminho é bom serca com muito Orisá Omi e Òşàlà.Esse caminho é Ligado a Ajagunã e Já.Ele leva uma mão de pilão nas costas e mora no quarto de Orinssala ou em um quarto com Ajagunã/Betiode ou Betioco dependendo do Odu da pessoa e Já.Para mexer com esse Orisa independente de caminho tem que tratar bem de Ìyámi, Egun e Esú. Esse caminho de Jagun usa três ikeles um de Buzios,um de conta e outro de Branco de Osala.
Jagun Odé Ou Jagun Olodé - Ligado aos Odés.Inclusive mora no quarto dos Odés.Ligado a Ògún e Ọ̀ṣọ́ọ̀si.Ele usa um Ofá prateado.Faz Orô com Ọ̀ṣọ́ọ̀si e Ògún Já. Mas se arruma: Ọ̀ṣọ́ọ̀si,Otin e Logun Edé, Erinlé,Iya Otin ,Ajagunan Betiodé e Ògún..Ou seja ele é ligado a todos os Odés e mais ele sai também no abado de Ọ̀ṣọ́ọ̀si e nos mariows de Ògún.
Jagun Igbona - Ligaçao com Ayrá,nessa fase Jagun era lento como um igbí,que por isso Ayrá esquentou o casco do igbí para esquentalo E por isso nessa fase de Jagun é muito quente por se ligado aos Orisás do fogo.Ayrá e Oyá.
Jagun Agbá funfun - Ligado a Oşàlúfọ́n, Yèmọnja e Oşoguian. Esse caminho tem que fazer bastante oro a Ayrá pois ele é guerreiro mais é bem lento ....
Jagun Ajojí ou Jagun Seji Lonan - Ligado a Ògún, muito sanguinário. Ele é muito quente e guerreiro,nessa fazer Jagun usa mario ou abre caminho mara acalmá-lo.Faz orô com Ògún,esse caminho leva um ikele e umbigueira de ferro.Ligado a Esú Ona também..
Jagun Aisan - Esse caminho de Jagun é totalmente Fêmea ou seja Iyabá,esse caminho ele se cobre de palha ou mario.quase não se faz mais.Assim conta -se o itan que ele nesse caminho seria fêmea.E por mais um motivo que muitas pessoas confundirão Jagun c/ Obalúwaìye por esse caminho usar palha.Esse caminho só se arruma não se faz em Ori.

ANCESTRE

http://www.youtube.com/watch?v=nqN3JZz0mIA&feature=player_detailpage

CESTRALIDADE Na Cultura Yorubá, a vida não se finda com a morte. Àtúnwa, É O Nome Dado Ao Processo Divino De Existência Única A Continuidade Da Vida. Olodumarê , O Supremo Deus Yorubá No Momento Do Nascimento Oferece Aos Homens Um Conjunto De Forças Sagradas Que Possibilita A Vida.São elas: Ara: O Corpo Físico Vindo Da Lama. Ese: Elementos Do Organismo Humano. Okan: Coração Físico E Espiritual - Órgão Que Centraliza O Poder De Vida E Sede Da Inteligência, Do Pensamento E Da Ação. Ojiji: Essência Espiritual. Emi: O Sopro Divino De Vida. Ori: A Individualidade E A Identidade. Odu: O Destino E O Caminho A Ser Percorrido. Ase: Força Movimentadora Da Vida. Orisa: Guardião De Cada Existência Humana. Todos Estes Aspectos Não Morrem...Voltam As Suas Origens, Isto É, Ao Orun, Pois Pertencem A Olorun E Só Ele Pode Liberá-Las. Estas Forças Divinas, Animaram Os Antepassados, Os Ancestrais, As Raízes Mães Do Asé Orisá, Ao Partirem Do AiyE E Voltam Ao AiyE Para Animar Seus Descendentes E Discípulos. A Ancestralidade Confirma A Imortalidade, Pois A Vida Continua No Orun Como Ancestrais. Do Orun A Ancestralidade A Tudo Assiste.No Culto De Orisá, Ancestrais Significa:"Aqueles Que Um Dia Tiveram A Energia De Vida No Aiyê E Que Cuja Energia De Vida É Repassada As Novas Gerações, Garantindo A Continuidade Da Vida E Do Culto Aos Deuses Africanos. "Como Conclusão A Vida Presente Depende Da Vida Passada De Nossos Ancestrais” O CULTO AOS ANCESTRAIS Através do culto aos ancestrais, os Egun ou Egungum é possível reconstruir origens, etnias, memória. Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total, um ethos que passando a diversidade de suas expressões manifestas. Permite revelar estruturas, valores, normas, denominadores comuns onde a questão da ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma forte comunalidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa comunalidade se afirma (Mestre Didi) Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência) No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awo) constitui o aspecto mais importante do culto.Vida e Morte para os Yorubás Os yorubá, como os demais grupos africanos, crêem na existência ativa dos antepassados. A morte não representa simplesmente um fim da vida humana, mas a vida terrestre se prolonga em direção à vida além-túmulo, exatamente em algum dos nove espaços do Òrun, o domínio dos seres desprovidos do Èmì. Assim, a morte não representa uma extinção, mas mudança de uma vida para outra. Os antepassados ou ancestrais são denominados Òkú Òrun e Àgbagbà, ou ainda pelo título de Ésà, usado para reverenciar os ancestrais nos ritos de Ìpàdé, dos candomblés do Brasil. Um antepassado é alguém de quem uma pessoa descende, seja através do pai ou da mãe, em qualquer período do tempo, e que o ser vivente conserva relações filiais afetuosas. Somente alcançarão a condição de ancestral com merecimento de culto aqueles que atingiram uma idade avançada, com uma vida de boa qualidade e trabalho expressivo para a sociedade, além de terem deixado bons filhos. Para os yorubá, um casamento sem filho é algo mal sucedido. Na verdade, seu sistema de valores tem por base três coisas: Owó (Dinheiro), Omo (Filhos) e Àíkú (Vida longa). A Vida Longa é considerada a mais importante porque proporciona a oportunidade que pode tornar possível as duas outras. São esses e toda a linhagem de gerações passadas que, depois da morte se transformam, para seus familiares. Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes. Ao seguirem para o Òrun, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra, dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus familiares que ainda estão na terra. Por essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e contentamento. Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que o que existe de fato é uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o familiar que partiu e seus descendentes que aqui ficaram.De acordo com o Órun ao qual foi destinado, continuará a exercer suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre seus descendentes que a ele continuam a se referir como Bàbá mi(Meu pai), ou Ìyá mi(Minha mãe). Esta forma salienta o amor e a afeição que caracterizam as relações de ambos. Trazendo ao exemplo: "Eu vou falar com o espírito de meu pai", mas sim, "Eu vou falar com o meu pai", numa comprovação de que eles continuam a ter o título de relacionamento que tinham enquanto chefes de família. O fim da vida na terra envolve a questão a respeito do que se transforma o homem após a vida atual. Toda religião encara isto: Nascimento, Vida e Morte( Ìbí, Ìyé, Àti Ikú), o Pós- Vida (Iyè Lébìn Kú), o Julgamento Divino (Ìdájó ti Olórun) e o possível retorno em outra vida, sucessivamente (Àtúnwa). Ikú - Morte É visto como um agente criado por Olodumaré para remover as pessoas cujo tempo na Terra tenha terminado. A morte é denominada Ikú, e trata -se de um personagem masculino. Sua lógica é para as pessoas mais velhas e que dadas certas condições, devem viver até uma idade avançada. Por isso , quando uma pessoa jovem morre, o fato é considerado tragédia, por outro lado, a morte de uma pessoa idosa é ocasião para se alegrar. Sobre isto, costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I'o npa ni - "A morte não mata, são os excessos que matam" "Todas as coisas que fazemos na terra Damos conta, de joelhos no céu" Somente quando se é absolvido por Olodumaré é que se tem a oportunidade de reunir-se com seus ancestrais, podendo-se reencarnar e renascer dentro da mesma família. Se alguém porém é condenado vai para o Òrun Àpáàdi, onde irá sofrer com maus. Quando finalmente for libertado, não terá oportunidade de viver uma vida normal e será condenado a errar, por lugares solitários, comendo alimentos intragáveis

BÀBÁ EGUN

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África Egungun pertence à Mitologia Yoruba. [editar] Brasil Egungun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá. No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados. Normalmente chamado de Babá (pai) Egun, Babá-Egun. Também pode ser referido como Êssa nome dos ancestrais fundadores do Aramefá de Oxóssi (conselho de Oxóssi, composto de seis pessoas). Ou Esa espírito dos adoxu e dignatários do egbe (casa). * Informações do Projeto Egungun Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles. Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá Egun ou Egun Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos com uma roupa específica do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia, são enfeitadas com búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina. Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte. Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.

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África O criador de culto dos ancestrais Segundo a tradição do culto de Egungun, que é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Xangô (Sòngó), é o fundador do culto aos Egungun, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itan: "Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyami-Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos. As Iyami ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyami-Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Iyami é que havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikù (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà. Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Iyami".Brasil Culto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados. Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade: * um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas; * uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente; * uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô - a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé; * um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egunguns.

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História O Culto à Egun ou Egungun veio da África junto com os Orixás trazidos pelos escravos. Era um culto muito fechado, secreto mesmo, mais que o dos Orixás por cultuarem os mortos. A primeira referência do Culto de Egun no Brasil segundo Juana Elbein dos Santos foram duas linhas escritas por Nina Rodrigues, refere-se a 1896, mas existem evidências de terreiros de Egun fundados por africanos no começo do século XIX. Os Terreiros de Egun mais famosos foram: * Terreiro de Vera Cruz, fundado +/- 1820 por um africano chamado Tio Serafim, em Vera Cruz, Ilha de Itaparica. Ele trouxe da África o Egun de seu pai, invocado até hoje como Egun Okulelê, faleceu com mais de cem anos. * Terreiro de Mocambo, fundado +/- 1830 por um africano chamado Marcos-o-Velho para distingui-lo do seu filho, na plantação de Mocambo, Ilha de Itaparica. Teria comprado sua carta de alforria, anos mais tarde teria voltado à África junto com seu filho Marcos Teodoro Pimentel conhecido como Tio Marcos, lá permanecendo por muitos anos aperfeiçoando seus conhecimentos litúrgicos, onde também seu filho foi iniciado. Quando voltaram trouxeram com eles o assento do Baba Olukotun, considerado o Olori Egun, o ancestre primordial da nação nagô. * Terreiro de Encarnação, fundado +/- 1840 por um filho do Tio Serafim, chamado João-Dois-Metros por causa de sua altura, no povoado de Encarnação. Foi nesse terreiro que se invocou pela primeira vez no Brasil o Egun Baba Agboula, um dos patriarcas do povo Nagô. * Terreiro de Tuntun, fundado +/- 1850 pelo filho de Marcos-o-Velho, chamado Tio Marcos, num velho povoado de africanos denominado Tuntun, Ilha de Itaparica. Marcos possuiu o título de Alapini, Ipekun Ojé, Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, na tradição histórica Nagô, o Alapini representa os terreiros de Egun ao afin, palácio real. Tio Marcos, Alapini, faleceu por volta de 1935, e com sua morte desapareceu o terreiro do Tuntun, porém a tradição do culto a Baba Olokotun continuou através de seu sobrinho Arsênio Ferreira dos Santos, que possuia o título de Alagba, este migrou para o Rio de Janeiro levando o assento de Baba Olokotun para o município de São Gonçalo. Depois do falecimento de Arsênio, os assentos dos Baba retornaram para Bahia, através do atual Alapini, Deoscoredes M. dos Santos, conhecido como Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá. Mestre Didi foi iniciado na tradição do culto aos Egungun por Marcos e Arsênio. * Terreiro do Corta-Braço, na Estrada das Boiadas, ponto de reunião de praticantes da capoeira, atualmente bairro da Liberdade, cujo chefe era um africano conhecido como Tio Opê. Um dos Ojé, sacerdotes do culto aos Egungun, conhecido como João Boa Fama, iniciou alguns jovens na Ilha de Itaparica, que se juntariam com os descendentes de Tio Serafim e Tio Marcos para fundarem o Ilê Agboulá, no bairro Vermelho, próximo à Ponta de Areia. Outros terreiros de Egungun foram registrados no final do século XIX, um localizado em Quitandinha do Capim, que cultuava os Egun Olu-Apelê e Olojá Orum, o de Tio Agostinho, em Matatu que se tornou ponto de concentração de vários Ojés de outras casas inclusive o Alapini Tio Marcos, o Terreiro da Preguiça, ao lado da Igreja da Conceição da Praia. * Ilê Babá Agboulá, Localizado em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, o Ilê Agboulá é, hoje, no Brasil, um dos poucos lugares dedicados exclusivamente ao culto dos Egun. Sua fundação remonta ao primeiro quarto do século XX por Eduardo Daniel de Paula, Tio Opê, Tio Serafim e Tio Marcos, mas a comunidade que lhe deu origem e que lhe mantém os fundamentos está estabelecida na Ilha, como já vimos há cerca de duzentos anos. * Ilê Babá Olokotun, na Ilha de Itaparica * Ilê Axipá - Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá.

BÀBÁ EGUN RITUAL

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Ritual Tanto a tradição Nagô como a Jeje e a Congo-Angola cultuam os ancestrais. Para os Nagôs existem no Brasil três formas de cultuar os ancestrais, os Esa, os Egungun e as Iya-mi Agba. Os terreiros de Candomblé possuem um local apropriado de adoração do espírito de seus mortos ilustres, esse local é denominado de Ilê ibo aku, casa de adoração aos mortos, enfim todos iniciados no culto aos Orixás. Os Esa são considerados os ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. Seu culto se refere à comunidade em geral. O que destaca o Esa é o fato dele ter-se destacado em vida por servir a comunidade e de continuar atuando em outro plano, contribuindo para o bom desenvolvimento do destino dos fiéis e da casa. O Ilê ibo aku onde são assentados e cultuados os Esa é afastado do templo onde são cultuados os Orixás. Os sacerdotes que são iniciados especialmente para cuidar do Ilê ibo aku não são adoxu, isso é, não manifestam Orixá. Os ancestrais cultuados no Ilê ibo aku são diferentes dos cultuados no Culto aos Egungun, no primeiro são os espíritos dos falecidos da casa de Candomblé e o segundo são os ara-orun em geral e aos espíritos dos Ojé africanos ou brasileiros. Os Esa são invocados e cultuados em diversas situações, especialmente no padê, e no axexê quando é constituído o assentamento de um adoxu ou dignitário ilustre falecido. O assento de Esa se caracteriza pela representação da existência genérica, e o Egungun pela representação do espírito individualizado, o Egungun se caracteriza pela aparição no aiyê. Os Esa e os Egun são invocados no padê.

SOCIEDADE

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Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Oxorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro. Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte , denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade ; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana. No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.

Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.

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Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo. Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas. Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local. Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns - Ojé e Amuixan ,atentos ,acompanham Babá Egun na sua caminhada. - Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito. No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé-ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos.


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Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo. Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas. Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local. Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns - Ojé e Amuixan ,atentos ,acompanham Babá Egun na sua caminhada. - Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito. No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé-ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos.


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O SALÃO E A FESTA O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos. Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los . Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito. O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes. Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas. Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo. Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.

EGUNGUN (CULTO AOS ANCESTRAIS)



Oyá não podia ter filhos, e foi consultar o babalaô. Este lhe disse, então,que,se fizesse sacrifícios, ela os teria. Um dos motivos de não os ter ainda era porque ela não respeitava o seu tabu (evó) que proibia comer carne de carneiro. O sacrifício seria de 18.00 mil búzios (o pagamento), muitos panos coloridos e carne de carneiro. Com a carne ela preparou um remédio para que ela o comesse; e nunca mais ela deveria comer desta carne. Quanto aos panos, deveria ser entregue como oferenda. Ela assim fez e,tempos depois, deu á luz nove filhos (número místico de Oyá) . Daí em diante ela também passou a ser conhecida pelo nome de “Iyá omo mésan” , que quer dizer “a mãe de nove filhos” e que se aglutina “Iyansan” . Há outra lenda para explicar o mito de Iyansan: Em certa época, as mulheres eram relegadas a um segundo plano em suas relações com os homens. Então elas resolveram punir seus maridos,mas sem nenhum critério ou limite, abusando desta decisão, humilhando-os em demasia. Oyá era a líder das mulheres, e elas se reuniram na floresta. Oyá havia domado e treinado um macaco marrom chamado Ijimerê (na Nigéria). Utilizara para isso um galho de atorí (ixã) e o vestia com uma roupa feita de vários tiras de pano coloridas, de modo que ninguém visse o macaco sob os panos. Seguindo o ritual, conforme Oyá brandia o ixã no solo o macaco pulava de uma árvore e aparecia de forma alucinante, movimentando-se como fora treinado a fazer.Deste modo, durante á noite, quando os homens por lá passavam, as mulheres (que estavam escondidas) faziam o macaco aparecer e eles fugiam totalmente apavorados.Cansados de tanta humilhação, os homens foram ter com o babalaô para tentar descobrir o que estava acontecendo.Através do jogo de Ifá, e para punir as mulheres, o babalaô lhes conta a verdade. Ele os ensina como vencer as mulheres através de sacrifícos e astúcia. Ogun foi o encarregado da missão. Ele chegou ao local das aparições antes das mulheres. Vestiu-se com vários panos, ficando totalmente encoberto, e se escondeu.Quando as mulheres chegaram, ele apareceu subitamente, correndo,berrando e brandindo sua espada pelos ares.Todas fugiram apavoradas, inclusive Oyá. Desde então, os homens dominaram as mulheres e as expulsaram para sempre do culto de egun; hoje, eles são os únicos a invocá-lo e cultuá-lo.Mas,mesmo assim, eles rendem homenagem a Oyá, na qualidade de Igbalé,como criadora do culto de egun.Convém notar que, no culto, egun nasce no bosque da floresta (igbo igbalé) . No Brasil, no ilê awo, ele nasce no quarto de balé, onde são colocadas oferendas de comidas e realizadas cerimônias aos Eguns. Oyá é também cultuada como mãe e rainha de egun, como Oyá Igbalé.E, como nos explica a lenda,Oyá, a floresta e o macaco estão intimamente ligados ao culto,inclusive em relação á voz do macaco como modo de o egun falar. Existem inúmeros relatos dentro do corpo literário de Ifá falando sobre a origem do culto egúngún, vejamos uma delas agora: De quantro em quatro dias, o que significa uma semana yorubá, ikú vinha á terra de Ilé Ifé empunhando seu cajado da morte (Opá Ikú) e matava as pessoas da cidade indiscriminadamente. Nem mesmo os orixás podiam com a força de Ikú.Um Babalawo chamado Ameiyeguén prometeu salvar as pessoas desse martírio.Para tal feito,preparou uma roupa especial e mágica (aso) com várias tiras de pano, em diversas cores e formas, que tinha o objetivo de ocultar o que debaixo da roupa existisse, e fez sacrifícios propiciatórios para assegurar o intento de salvar os habitantes Ilé ifé do augúrio. No dia em que Ikú apareceu para cumprir com seu objetivo, o sacerdote e seus comandados, que haviam se escondido no mercado por ordem do seu mestre sacerdote, apareceram vestidos, correndo,pulando e gritando com voz gutural e jeito sobrenatural diante da morte.Ela,apavorada,fugiu deixando cair de cajado e,desde então Ikú deixou de atacar sem propósito os habitantes de Ilé Ifé. O cajado da morte ficou sob domínio do mestre sacerdote que com ele passou a controlar a vida sobre a morte, e por mando de Olòdúmarè, o mestre sacerdote Ameiyegún teriam que ensinar as pessoas a cultuarem Egun.Ele e sua família nunca deixariam de prestar culto a Egúngun, afim de não esquecerem o feito de sua vitória, juntamente com a sua corte encantada, com quem venceu Ikú. Mito sobre Alapini e a criação do Culto... Havia na cidade de Oyó, um fazendeiro chamado Alapini, que tinha três filhos chamados Ojéwuni, Ojésamni e Ojérinlo.Um dia Alapini foi viajar e deixou recomendações aos filhos para que colhessem os inhames e os armazenassem,mas que não comessem um tipo especial de inhame chamado “ihobia” , pois ele deixava as pessoas com uma terrível sede.Seus filhos ignoraram o aviso e o comeram em demasia.Depois, beberam muita água e,um a um, acabaram todos morrendo.Quando Alapini retornou, encontrou a desgraça em sua casa.Desesperado, correu ao Babalawo que jogou ifá para ele.O sacerdote disse que ele se acalmasse, e que após o 17º dia fosse ao ribeirão do bosque e executasse o ritual que foi prescrito no jogo.Ele deveria escolher um galho da árvore sagrada atori e fazer um bastão (assim é feito o ixã).Na margem do ribeirão, deveria bater com o bastão na terra e chamar pelos nomes de seus filhos, que na terceira vez, eles apareceriam.Mas ele também não poderiam esquecer de antes fazer certos sacrifícios e oferendas.Assim ele o fez; seus filhos apareceram.Mas eles tinham rostos e corpos estranhos; era então preciso cobri-los para que as pessoas pudessem vê-los sem se assustarem.Pediu que seus filhos ficassem na floresta e voltou á cidade.Contou o fato ao povo,e as pessoas fizeram roupas para ele vestir seus filhos. Desse dia em diante, ele poderia ver e mostrar seus filhos a outras pessoas;as belas roupas que eles ganharam escondiam perfeitamente sua condição de mortos.Alapini e seus filhos fizeram um pacto: em um buraco feito na terra pelo seu pai (ojubô), no mesmo local do primeiro encontro (igbo igbalé), ali seriam feitas as oferendas e os sacrifícios e guardadas as roupas, para que eles as vestissem quando o pai os chamasse através do ritual do bastão.Seguindo o pacto e as instruções do Babalawo, de que sempre que os filhos morressem fosse realizado o ritual após o 17º dia, pais e filhos para sempre se encontraram.E, para os filhos que ainda não tiverem roupas, é só pedir ás pessoas que elas as farão com imenso prazer.Esta lenda é rica em detalhes,nos explica vários ritos e títulos utilizados no culto. Na Nigéria, o culto ao Egúngun está relacionado aos ancestrais.O povo Yorubá acredita nesta energia porque entendem que não existiria o presente e o futuro,sem a existência do passado.O culto é um dos mais difundidos em toda a população Yorubá.Na Nigéria são quase 30 milhões de pessoas que cultuam Egúngun.Para se ter uma idéia da força desta energia,na Nigéria as três energias mais cultuadas são Exu,Ogun e Egúngun. Egúngun é a única energia que dá ao homem condições de ser venerado depois de sua morte,dependendo do histórico da vida da mesma. O culto a Egúngun é altamente mágico e secreto, por isso os Olojés (pessoas que tem o poder de manipular a energia de Egungún) são respeitadíssimos.Todas as pessoas podem se da energia de Egúngun para solucionar problemas no amor,trabalho,saúde,espiritualidade, etc. Egun = Babaegun (uma coisa só) = Energia Positiva Oku orun (cidadão do orun) = Energia positiva Oku (espírito sem procedência) = Energia negativa Na Nigéria,quando uma pessoa morre muito cedo,a sociedade e as pessoas ficam tristes,pois acham que a pessoa não gozou de todos os benefícios terrestres,não aprendeu o que poderia ter sido aprendido, e por isso fazem,durante o enterro, um ritual na floresta chamado Iremoje, onde a família da pessoa morta pede para que nunca mais aconteça aquilo de novo na família da pessoa.Pessoas que morrem muito cedo,não tiveram um destino bem aventurado no contexto deles.Um outro ritual que existe é o chamado Axexe,que também é um ritual fúnebre para pessoas que morrem com mais de noventa anos,para pessoas que são anciãs.No Axexe o povo fica alegre e prepara a pessoa como se fosse para uma festa:colocam a melhor roupa,penteiam os cabelos do morto,se for mulher fazem trancinhas e pintam o rosto da pessoa e dependendo do grau financeiro da pessoa eles dão uma festa para comemorar o falecimento. De votos de Egúngun podem chegar a uma evolução espiritual muito rápida,por se Egungun ligado á ancestralidade,isso que dizer,a pessoa desenvolve uma intuição,percepção e sabedoria muito apurada tornando-se assim um forte (olojé).Olojé são pessoas que manipulam as energias de Egungun.Esse título é concebido a homens.As mulheres não podem manipular essa energia,mas podem se beneficiar através dos olojés. Obs:A palavra Egún significa osso ou simbolicamente espírito.Egún também é o final do nome desse mestre sacerdote “ameiyEGÚN”.Hoje os Egúns são conhecidos por esse nome dentro as sociedade yorubá em honra desse mestre sacerdote.Os Egúns sempre aparecem vestidos com as roupas que o sacerdote mandou fazer para vencer Ikú,o sacerdote desse culto sempre vem segurando o bastão que a morte deixou cair em sua fuga(kujé/ixan) e controla o poder da morte.